Uma das principais hipóteses para a queda do avião da Voepass em São Paulo no início da tarde de sexta-feira é a formação de gelo, mas especialistas em aviação ponderam que apenas gelo não teria causado o desastre que deixou 62 mortos no município paulista de Vinhedo.
O expert em aviação Lito Sousa, do popular canal Aviões e Música do Youtube, destaca que as condições meteorológicas serão uma das principais linhas da investigação do acidente, mas que somente gelo não explica a queda do avião. “Somente um fator não faz avião se acidentar. Tem de haver outros fatores envolvidos”, afirma.
Avião não vai cair somente por condições atmosféricas adversas, senão não teríamos voos no Alasca ou na Sibéria. Todo acidente é uma cadeia de eventos e não uma causa única”, explica Lito. Lito Souza afirma que o que se viu é extremamente raro e diz que não se recorda de um acidente aéreo igual com a aeronave se precipitando em parafuso chato. Souza explica que a aeronave possui sistemas infláveis e de aquecimento para impedir o acúmulo de gelo.
De acordo com Lito Souza, os modelos de ATR, os mais usados no mercado de aviação regional, são projetados para operações de curta duração, voando baixo e não tão rápido por conta das hélices.
Na altitude em que voa o ATR é que normalmente ocorre a formação de gelo, o que exige cuidados especiais do piloto, como descer o avião em alta velocidade para que a temperatura maior nas camadas mais baixas retire o gelo da asa. O gelo afeta a aerodinâmica com consequência para o fluxo de ar sobre a asa, o que pode levar à perda de controle e ao chamado estol.
Esse fator poderia ter contribuído para a queda da aeronave da Voepass, mas Sousa ressalta ainda ser cedo para dizer. A aeronave ATR-72 da empresa aérea Voepass (antiga Passaredo) caiu no começo da tarde desta sexta-feira no município de Vinhedo, no estado de São Paulo.
Não houve sobreviventes na queda do avião que transportava 62 pessoas, sendo 58 passageiros e 4 tripulantes. O voo 2283 deixou Cascavel (Paraná) às 11h58 com destino a Guarulhos (São Paulo).
A aeronave de matrícula PS-VPB, fabricada em 2010, caiu em Vinhedo por volta das 13h25, quando já tinha iniciado a descida para o pouso no aeroporto paulista. Uma frente fria atuava com nuvens e chuva no estado de São Paulo. A frente fria era impulsionada por uma forte massa de ar frio de trajetória continental, que avança pelo interior do continente, que trazia temperatura muito baixa na Região Sul e no Mato Grosso do Sul na hora do acidente aéreo.
Uma baixa segregada, uma bolha de ar frio em níveis médios da atmosfera, atuava sobre o Sul do Brasil. Embora não se possa afirmar que foi a causa, o que somente as investigações vão poder comprovar, existia uma mensagem SIGMET da Meteorologia da Força Aérea (FAB) válido para o estado de São Paulo de gelo severo, condição que pode afetar a segurança aérea e já foi responsável por acidentes catastróficos no passado com perda de sustentação.
Reitera-se que as causas do acidente são desconhecidas e somente as investigações oficiais do órgão especializados poderão indicar.
A Meteorologia, que sempre é avaliada em desastres aéreos, terá ainda maior atenção na investigação do voo 2282 devido às condições atmosféricas presentes no momento do desastre.
Com Metsul