Para garantir que a forrageira expresse sua característica de perenidade, é essencial escolher uma espécie adaptada ao sistema de produção, ao nível de intensificação, ao solo, e principalmente ao clima.
A escolha correta da forrageira impacta diretamente a sustentabilidade e a produtividade da pastagem, influenciando a saúde do rebanho e a rentabilidade do sistema agropecuário.
Além disso, uma forrageira bem adaptada pode contribuir para a conservação do solo e a resiliência frente às mudanças climáticas. Dessa forma, a seleção criteriosa de espécies forrageiras é um passo fundamental para a eficiência e a longevidade dos sistemas de produção animal.
Critérios para escolha de espécies forrageiras
A maior parte das espécies forrageiras utilizadas no Brasil pertence à família das gramíneas (Poaceae). Em menor proporção, algumas espécies da família das leguminosas (Fabaceae) também são empregadas. Este texto foca nas espécies forrageiras da família das gramíneas tropicais com hábito de crescimento perene.
O principal fator para o sucesso do estabelecimento e perpetuação de uma espécie forrageira ao longo dos anos é sua adaptação à temperatura, precipitação e solo do meio onde será cultivada. Este deve sempre ser o primeiro critério na escolha da espécie forrageira.
Se a planta for adaptada à região onde a propriedade está localizada, é necessário verificar se ela se encaixa no sistema de produção. Isso inclui aspectos como:
- Manejo do pastejo;
- Manejo do solo;
- Categoria e espécie animal;
- Produção de matéria seca anual e por estação do ano;
- Aceitabilidade pelos animais;
- Valor nutricional;
- Tolerância a pragas e doenças.
Todos esses aspectos devem ser considerados na escolha da espécie forrageira, sendo que cada um deles é um critério excludente. Ou seja, se algum desses critérios não for atendido, a espécie não será indicada.
Passo a passo para a escolha
1º passo – Verificar índices climáticos
Pesquise os índices de precipitação e temperatura média da região em que a fazenda se encontra.
Fonte: Climatempo
De acordo com o Catálogo de Plantas Forrageiras da Embrapa, uma espécie que se adapta bem às condições de precipitação e temperatura mencionadas no gráfico acima é a Brachiaria brizantha cv. Xaraés (agora reclassificada sob o gênero Urochloa). Esta forrageira é conhecida por sua alta produtividade, excelente valor nutricional e boa resistência ao pisoteio.
Além da Urochloa brizantha cv. Xaraés, outras forrageiras que podem ser consideradas para diferentes condições e sistemas de produção incluem:
- Urochloa decumbens (Brachiaria decumbens): Conhecida como braquiária-capim, é uma forrageira adaptada a solos de baixa fertilidade e apresenta boa resistência à seca. No entanto, também é suscetível a ataques de cigarrinhas-das-pastagens.
- Panicum maximum cv. Mombaça: Esta forrageira é conhecida por seu alto rendimento de biomassa e excelente valor nutricional. É bem adaptada a solos férteis e bem drenados, mas requer bom manejo de fertilidade e pastejo.
- Urochloa ruziziensis (Brachiaria ruziziensis): É uma opção interessante para integração lavoura-pecuária, devido ao seu rápido estabelecimento e bom valor nutricional. Contudo, também é suscetível a cigarrinhas.
- Cynodon spp. (Capim-estrela e Tifton): Forrageiras de alta qualidade nutricional, muito utilizadas em sistemas de pastejo rotacionado e bem adaptadas a solos bem drenados e de alta fertilidade.
É essencial considerar estratégias de manejo integrado de pragas e monitoramento constante para prevenir possíveis infestações. Além disso, a escolha de espécies forrageiras deve sempre levar em conta a resistência a pragas e doenças locais, garantindo assim a sustentabilidade e a longevidade das pastagens.
2º Passo – Análise de Solo
A análise de solo deve ser realizada antes do plantio, sendo essencial para identificar possíveis deficiências de nutrientes no solo.
3º Passo – Identificação de Outros Fatores Limitantes
Como mencionado anteriormente, diversos fatores devem ser observados antes da escolha da espécie forrageira.
Avalie cada um deles e verifique se não haverá nenhum fator limitante, como a aceitabilidade pelos animais, a tolerância a encharcamento do solo, entre outros.
Conclusão
A escolha da espécie forrageira deve ser feita de maneira extremamente criteriosa, levando em consideração todas as variáveis que impactam a produção. Uma vez plantada, a área de pastagem deve se perpetuar por tempo indefinido.
A longevidade das áreas de pastagem está diretamente ligada à espécie forrageira plantada, mas também depende de outros fatores, como o manejo do pastejo, a fertilidade do solo e outros aspectos. Escolher uma forrageira adaptada à região onde a fazenda está localizada é o primeiro passo essencial para garantir o sucesso a longo prazo.
Eleve a produtividade em nutrição e pastagens!
O Curso Gestão da Nutrição e Pastagens na Pecuária de Corte foi desenvolvido para oferecer soluções práticas e eficazes para melhorar a qualidade da alimentação dos animais e a gestão das pastagens, contribuindo assim para um maior desempenho do rebanho.
Com conteúdos atualizados e técnicas inovadoras, este curso fornece as ferramentas necessárias para otimizar a nutrição dos bovinos, promover o uso sustentável das pastagens e alcançar melhores resultados na pecuária de corte.
Referências bibliográficas:
- Pereira, Antonio Vander. Catálogo de forrageiras recomendadas pela Embrapa / Antonio Vander Pereira … [et al.]. – Brasília, DF : Embrapa, 2016.