No Rio Grande do Sul, a colheita da safra 23/24 de soja já é considerada tecnicamente concluída, com exceção de áreas da metade sul que ainda possuem algumas plantas na lavoura, mas com qualidade inferior, já que estão bem danificadas pelas fortes chuvas de maio.
O ciclo 2023/24 chegou a atingir picos de produtividades de 5.400 kg por hectare e, ao final, baixou para menos de 1.400 kg/ha em algumas regiões. Grãos avariados e úmidos retratam o final desta safra de verão.
“A metade foi perdida. Realmente para nós foi um baque muito grande porque imagina todo o investimento e tu perder 50% da produção? É terrível”, diz a produtora do município de Santa Antônio da Patrulha, Maria da Graça Castilhos.
Já no arroz, a colheita foi concluída e a safra soma 7,1 milhões de toneladas, queda de 9% em relação à estimativa anterior. No milho, mesmo com a situação crítica de algumas lavouras, os resultados não são considerados tão ruins: a Emater-RS reduziu a produtividade no estado de 6.401 kg/ha para 5.966 kg/ha. As maiores perdas foram registradas nas lavouras de milho silagem, que sofreram com alagamentos.
“Como sempre chovia, acabávamos adiando o corte e acabou que o rio veio e não deu tempo. Então perdemos 26 hectares de milho que estava pronto para o corte, um alto investimento. Esse prejuízo foi enorme”, diz o produtor de Arroio do Meio, Leonardo Franz.
Produtores já começam a pensar nos cultivos de inverno que têm grande importância no Rio Grande do Sul. Em algumas regiões, como norte, noroeste e Serra, os trabalhos de semeadura estão se intensificando.
A Emater ainda não projeta de quanto será o total de área no estado, mas algumas regiões estimam baixa de pelo menos 10% por conta da frustração da safra anterior e do baixo preço pago pela saca de milho, hoje abaixo de R$ 70.
No ano passado, o trigo sofreu com excesso de umidade, o que ocasionou qualidade baixa. Diante dessa situação, muitos produtores optaram por não plantar.
“Este ano, optamos por não fazer o plantio do trigo por vários fatores. Um deles é o preço muito baixo, custo das lavouras alto e pouco incentivo. Isso nos deixa em um cenário duvidoso. Outro fator é que estamos com muitos meses de chuva, o que causou danos nas lavouras, buracos e [estamos] sem estradas”, diz o produtor em Getúlio Vargas, Gilvan Menegaz.
Canola em alta
Já para a canola o cenário é outro. A expectativa é de um aumento significativo de área de produção. No ciclo passado foram cultivados 77 mil hectares e nessa safra a expectativa da Associação Brasileira dos Produtores de Canola é ultrapassar os 170 mil hectares.
“Está se criando opções, como o biocombustível, que vai ser utilizado para esse meio e também o processo de exportação porque neste ano foi feita a primeira exportação de canola, de 20 mil toneladas, e via Porto de Rio Grande. Então começa a ter oportunidades também para a região sul que aí não vem um frete inverso”, detalha o presidente da Abrascanola, Vantuir Scarantti.