Dois importantes pontos de comercialização de hortifrutigranjeiros reabriram no Rio Grande do Sul, após terem sido duramente afetados pelas enchentes de maio. A Central de Abastecimento (Ceasa) voltou a operar no ponto tradicional após funcionar em uma sede provisória e o Mercado Público de Porto Alegre também já opera normalmente.
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O vai e vem de caixas voltou a ocupar o bairro Anchieta, em Porto Alegre. A Ceasa ficou alagada por 39 dias e estava operando em uma sede provisória. O local ainda está sem luz e funciona com geradores. Os prejuízos calculados estão em R$ 64 milhões.
Carlos Siegle, diretor-presidente da Ceasa-RS, destacou a importância da central: “74% dos produtos que a gente comercializa aqui dentro são do Rio Grande do Sul. São de 122 cidades que nos abastecem com sua produção. Nós temos também produtos de 24 estados diferentes que são comercializados aqui e de 11 países. Nós temos uma perspectiva muito boa de retomada, quase a totalidade dos atacadistas já voltaram para o complexo, os produtores têm vindo nos seus dias habituais e a gente tem visto movimentação de clientes.”
A Ceasa tem mais de 1.500 atacadistas e produtores cadastrados. Um galpão de 5 mil metros, por enquanto, está interditado e deve passar por revisão da estrutura. Enquanto isso, a comercialização acontece de forma improvisada ao redor dele.
A família Watanabe, produtora de hortaliças há 30 anos, encosta o caminhão e monta a tenda onde há espaço. As folhosas foram as que mais sofreram com o clima.
“Muita falta de mercadoria, alguma coisa a gente acabou tendo que buscar de fora para poder atender os clientes. O horário também ficou complicado. Em termos de espaço também porque lá foi provisório, mas é o que deu. Foi um perrengue, mas a gente conseguiu se virar bem até”, disse Hiroshi Watanabe, produtor rural.
No coração de Porto Alegre está o Mercado Público, fundado em 1869, e é o mais antigo do país. O cartão postal também sofreu os impactos da enchente.
O colorido é uma das marcas do edifício. Importante centro de abastecimento da capital gaúcha. E após a enchente de 1941, quatro incêndios e mais de 20 dias alagado, volta a operar.
São 132 pontos de comercialização, incluindo bancas de frutas, verduras, queijos e produtos locais, além de restaurantes. É um local importante para a venda de itens da agropecuária gaúcha, como erva-mate, azeite de oliva, vinhos, carnes e nozes. O mercado movimenta em média R$ 600 mil reais por dia. Durante os 40 dias em que ficou fechado, a perda foi de R$ 15 milhões. Muitas bancas estão passando por reformas e ajustes, já que tudo ficou submerso.
“Nós temos vários produtos e fornecedores que dependem do mercado, que fornece exclusivamente para o mercado. Então o impacto aqui para a nossa economia é muito grande. E esse processo de reabertura vai ser gradual conforme os ‘mercadeiros’ vão conseguir se estruturar e remontar as suas lojas. Eu creio que até o final de julho 100% do mercado vai estar funcionando a pleno”, disse André Barbosa, secretário de administração e patrimônio de Porto Alegre.
Com as dificuldades de logística, muitos produtos tiveram alta nos preços e agora as cotações estão se equilibrando nos diversos pontos de venda, especialmente para itens mais perecíveis. Aos poucos, as vendas também vão melhorando, e Daniel Souza, funcionário do mercado há 40 anos, espera por dias melhores no ponto turístico que é a sua segunda casa.
Daniel Souza, balconista, expressou sua esperança: “São mais de mil pessoas que trabalham aqui e todos dependem do mercado. Então, o mercado voltando à ativa é uma alegria, um alívio. A gente chega a respirar melhor vendo que os trabalhadores estão aqui e o importante é a população vir para nos ajudar. Isso é muito legal.”