Proibir o cultivo de milho no perímetro urbano. A primeira vista, a notícia parece mirabolante. O Projeto de Lei tem atraído olhares dos produtores rurais de todo o País. A proposta foi apresentada na Câmara de Vereadores de Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná. No legislativo, o texto já passou pela primeira votação e os vereadores foram unânimes pela aprovação.
O motivo que levou o vereador Rafael Heinrich a elaborar a lei foi o receio de uma epidemia de cigarrinha do milho. A cultura ocupa a segunda maior área de produção no município, alcançando 33,2% da área total, com produção aproximada de 140 mil toneladas em 2022. Isso representa uma produção de R$ 119,8 milhões, ou 26,8% da riqueza gerada pela produção agrícola no município.
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O texto prevê proibição do cultivo na área urbana de 15 de julho a 15 de setembro para combater a praga. O projeto prevê advertência e multa para aqueles que descumprirem a regra, caso a lei seja aprovada. O texto ainda diz que a fiscalização poderá ser feita pela administração municipal ou mediante convênio entre a Prefeitura com órgãos de controle dos governos federal e estadual.
E qual seria a efetividade? A estratégia é uma medida sanitária que visa para combater a população de cigarrinhas-do-milho e reduzir a ocorrência de enfezamentos no cultivo comercial de milho.
Desde 2019 os agricultores da região enfrentam perdas de produção devido à doenças causadas pelo inseto. A cigarrinha se alimenta das plantas vivas de milho.
PASSEIO NA CIDADE
E a cigarrinha, que não é boba, nem nada, sabe muito bem como sobreviver aos dias em que a fartura dá trégua. O comportamento foi objeto de estudo do professor da Unioeste, doutorado em Fitopatologia, Odair José Kuhn. A pesquisa apurou que ao final do ciclo da safrinha, com o secamento das plantas e a colheita que se acentua no mês de junho e início de julho, a elevada população de cigarrinha não consegue mais se reproduzir por falta de plantas de milho, passando a se abrigar em outras gramíneas, ou migrando para as áreas urbanas, sendo atraídas pelas luzes no período noturno. Esse fato é notório nas residências à noite pela grande quantidade de insetos ao redor das lâmpadas.
O ambiente urbano, com o cultivo constante de milho o ano todo com o objetivo de produzir milho verde, tem sido um refúgio para renovação da população de cigarrinhas. Embora sejam poucas plantas, funcionam como uma ponte eficiente para a ocorrência dos enfezamentos no cultivo de verão.
Dessa forma, a eliminação de plantas vivas de milho nas áreas urbanas entre 15 de julho e 15 de setembro, pode favorecer a redução da ocorrência de enfezamentos na safrinha do ano seguinte.
Ainda não é lei. A votação final acontece em agosto. Se for sancionada, a iniciativa de Marechal Cândido Rondon pode virar referência.
(Da Redação, com informações Câmara de Vereadores de MCR)