As recentes cheias, consideradas as piores da história do Rio Grande do Sul, têm deixado uma economia robusta em estado crítico, com vastas áreas agrícolas inundadas e fábricas paralisadas.
Enquanto os danos são calculados, os principais envolvidos buscam soluções e clamam por assistência adicional. “Nunca enfrentamos perdas tão devastadoras como as que estamos enfrentando agora”, resumiu o presidente da Federação de Agricultores do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, durante uma coletiva de imprensa nesta semana.
Com um dos maiores PIBs do Brasil, o estado tem sofrido há um mês com os impactos de um desastre climático, que resultou em aproximadamente 170 mortes, dezenas de desaparecidos e mais de 600.000 desabrigados.
A região depende fortemente da agropecuária, com destaque para o cultivo da soja, e tem uma indústria voltada principalmente para os setores de carnes e manufatura.
De acordo com uma pesquisa preliminar da Farsul, nove em cada dez fábricas foram afetadas, e grandes proprietários estimam terem perdido até 25 milhões de reais. “À medida que percorremos o estado, ficamos cada vez mais impressionados com a extensão dos danos”, disse Pereira.
Restabelecimento do transporte
A destruição de pontes e as condições precárias das estradas estão dificultando significativamente o transporte de mercadorias, impedindo as empresas de receber matéria-prima e de escoar seus produtos.
Angelo Fontana, presidente da Câmara da Indústria, Comércio e Serviços do Vale do Taquari, enfatizou a importância de priorizar a mobilidade para permitir a retomada das atividades empresariais.
Assistência financeira
Embora o governo federal tenha anunciado medidas como uma linha de financiamento de 15 bilhões de reais com juros baixos e a renegociação de dívidas agrícolas, Pereira considera que são necessárias medidas mais substanciais, incluindo prazos de reembolso mais longos.
Carlos Joel da Silva, presidente da Federação de Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul, também enfatizou a necessidade de mais crédito para os produtores.
Planos de contingência
Diante dos eventos climáticos extremos recentes, os empresários solicitam o desenvolvimento de planos de contingência. A empresa Fontana elaborou um plano após as cheias de 2023, incluindo medidas para proteger equipamentos e componentes eletrônicos.
Risco de êxodo de trabalhadores
Angelo Fontana destaca a importância de evitar o êxodo de trabalhadores, pois quase 10% dos funcionários da sua empresa pediram demissão após as cheias. Para isso, é necessário oferecer soluções habitacionais e estabilidade.
Há também preocupações com a realocação ou mesmo o abandono das atividades agrícolas, especialmente para os pequenos produtores que mal se recuperaram de anos de seca. Alexandre Becker, um produtor leiteiro, enfrenta a possibilidade de reduzir seu gado e, se o inverno não for favorável, pode considerar interromper suas atividades.
Com Metsul