O Irrigapote, tecnologia que oferece irrigação de baixo custo para a agricultura familiar, a partir do aproveitamento de águas das chuvas, obteve a certificação de tecnologia social na 12ª Edição do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social e Desafio para Reaplicação de Tecnologia Social.
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O sistema concorreu com mais de 1.012 iniciativas de todo território nacional, inscritas na edição deste ano, e se sagrou na lista das 87 tecnologias sociais certificadas, integrando o acervo da Plataforma Transforma, reconhecida como fomentadora do desenvolvimento do país.
Idealizado pela pesquisadora Lucieta Martorano, agrometeorologista da Embrapa Amazônia Oriental, o Irrigapote usa um artefato milenar e referência na cultura indígena amazônica, o pote de barro, como armazenador de águas pluviais. O pote é enterrado no solo, propiciando irrigação durante períodos de escassez hídrica a diversos tipos de culturas agrícolas, como fruteiras e hortaliças.
De fácil instalação, utiliza materiais de baixo custo e de fácil adoção e pode ser automatizado com soluções simples, sem precisar de energia elétrica, deixando o produtor livre do trabalho da irrigação e com mais tempo para incrementar a produção.
Segundo a pesquisadora, a tecnologia é usada com sucesso no oeste do Pará e ganha expansão por meio de parcerias com universidades e entidades de assistência técnica, como a Emater.
Para a cientista, a certificação da Fundação Banco do Brasil é um reconhecimento e uma honra, pois evidencia como tecnologia social um trabalho de anos o qual tem por objetivo fornecer um dos bens mais preciosos à produção de alimentos, a água. “O foco do projeto é a agricultura de base familiar em pequenas e médias propriedades, possibilitando continuidade de produção de alimentos, mesmo em período de grande restrição hídrica, garantindo renda e segurança alimentar. A certificação reconhece as tecnologias que realmente geram impacto e benefícios sociais”, comemorou Lucieta Martorano.
Ainda de acordo com a pesquisadora, a certificação de uma instituição de referência nacional como a Fundação Banco do Brasil traz um novo ânimo ao projeto, vislumbrando possibilidades de frentes amplas de adoção e novos canais de financiamento. “Nossa expectativa é ver o Irrigapote como política pública, auxiliando no combate à fome e à pobreza, mas também na geração de riqueza e autonomia dos produtores rurais”, enfatizou. E completou: “o sistema pode ser usado em todas as regiões do País”.
A propriedade de dona Cinira e seu João Rocha fica localizada na comunidade de Lavras, em Santarém (PA). Todos os anos, no segundo semestre, a região enfrenta grandes períodos de estiagem. Produtores de fruteiras e hortaliças, a família Rocha viu as perdas com as secas diminuírem drasticamente a partir de 2016, quando foram contemplados com uma Unidade de Referência Tecnológica do Irrigapote.
Na propriedade, os potes são enterrados próximos às fruteiras e ainda servem para fornecer água às hortaliças e oleaginosas, como o gergelim, em forma de mandalas, aumentando a diversidade de produtos e renda.
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