Minha opinião sobre esses dois momentos, um no Palácio, outro no MPF-AM. E agora?
Opinião/Informação:
Algumas reflexões sobre o evento da concessão da licença do IPAAM e, o de ontem, no MPF, sobre a exploração do potássio na região de Autazes. Pelo visto, a novela terá mais capítulos:
- Nos dois momentos, chama a minha atenção a ausência do secretário de estado do MEIO AMBIENTE. Assunto com total ligação com o titular da pasta ambiental. Qual a razão? Se eu fosse o secretário jamais seria omisso nesse momento, jamais deixaria só o IPAAM atuar, estaria sempre presente pautado no diálogo e busca da legalidade pensando nas pessoas que vivem sem comer no Amazonas. Passou muito discreto na solenidade junto ao governador Wilson Lima no dia da concessão da licença do IPAAM;
- Na matéria do MPF vi a seguinte frase: “…Em 2003, a população indígena por meio do Conselho Indígena Mura solicitou à Funai a demarcação..”. Também na matéria do MPF diz que o “…território do povo Mura ainda pendente de demarcação...”. Estamos em 2024, então, temos 21 anos sem a conclusão da demarcação? Isso mesmo? Duas décadas + um ano sem fazer a demarcação?
- Outro detalhe: na matéria divulgada pela assessoria de imprensa do MPF diz que o processo da concessão de licença do IPAAM apresenta “…inúmeros problemas verificados nos estudos de impacto ambiental e no processo de licenciamento e dos questionamentos judiciais...”. Em duas décadas ainda temos todas essas irregularidades levantadas pelo MPF? É verdade? É descaso? Incompetência?
- O que mais me impressiona, é que um entrave de DUAS DÉCADAS + UM ANO = 21 anos sem encontrar uma solução para que possamos, com total respeito ambiental, melhorar a economia no interior e tirar o povo da fome que já chega a 65.6% da população;
- Não faremos o que Estados Unidos, China, Alemanha, Noruega, toda a Europa fez com o planeta, desmataram, esquentaram e continuam poluindo. Temos que manter o que já está em pé no Amazonas (97% das florestas), mas temos que também manter em pé o povo que preservou. Repito, até sendo chato, é inaceitável ter 65.6% abaixo da linha de pobreza no Estado que o mundo só olha o verde, a copa das árvores, mas esquece do ser humano;
- É fato que nunca teremos unanimidade entre os indígenas, mas 21 anos sem consenso é demais;
- É fato que os órgãos tem suas independências de atuação, mas com um caso sem solução há 21 anos, já passou da hora de cada um sair do seu quadrado e sentar com todos os atores e resolver. Sentar com quem manda, quem tem poder de decisão, sem intermediários;
- É sempre bom lembrar o que nos disse os ex-superintendente da PF no Amazonas, delegado Alexandre Saraiva, autor do livro “SELVA”, o que há de ilegal na Amazônia, no Amazonas, é coisa de “organização criminosa” de grande porte. Então, é preciso ter foco nessas organizações criminosas e colocar os PINGO NOS IS, pois tem milhões de pessoas fora dessas organizações criminosas que estão sofrendo sem saúde, educação, segurança e com a inaceitável fome. Essas organizações criminosas estão até empregando. Precisamos empregar no interior com empreendedorismo legal. O ilícito avança, o legal andando lentamente;
- O próprio delegado já nos disse que existem satélites para acompanhar TUDO por aqui. Vamos usá-los em benefício do povo que sofre;
- Ao final da matéria, o MPF aponta o seguinte caminho: “…O órgão pede na Justiça a imediata paralisação de todas as atividades, até que o processo para demarcação das terras do povo Mura avance e os problemas do processo de licenciamento possam ser corrigidos…”. Bem, já temos 21 anos sem demarcar. O que garante que agora vai?
- O MPF também afirma a necessidade de “...rotas tecnológicas para manter o protagonismo agrícola brasileiro de forma sustentável, sem agredir o meio ambiente nem violar direitos de povos indígenas e tradicionais…”;
- Com relação as duas recomendações do MPF, só irão para frente se cada um ator (que tem poder decisão) sair do seu quadrado e dialogar pensando nas pessoas que vivem no estado mais preservado do mundo, o Amazonas, com 97% das suas florestas intactas. Caso contrário, levaremos mais duas décadas para dar dignidade a quem vive no Amazonas. Eu até posso esperar, mas quem vive de um bolsa floresta de 50 reais pode esperar? Recebe esse miséria menos de 1% dos verdadeiros beneficiários. Mas R$ 3 bilhões foram para as ONGs. Fizeram o que?
- O que diz o titular da SEMA sobre esse assunto? Passou batido na solenidade que estava o governador, e penso que nem estava no MPF. Volto a repetir, o governador precisa mudar toda a sua área ambiental. Cada vez mais vejo o futuro do interior se complicando, a nossa floresta em pé, indígenas recebendo ranchos e tudo travado, sem ZEE, sem água, sem crédito rural, sem energia, sem internet, sem semente, sem muda e sem assistência técnica. E a comunidade São José das Onças tendo que esticar 3 km de cano para puxar água do rio Madeira em razão da emissão de CO2 da China, Estados Unidos e toda a Europa;
- A imprensa divulgou esta semana que a NORUEGA vai fazer mineração em MAR PROFUNDO. A mesma NORUEGA que coloca recursos no Fundo Amazônia que vem carimbado, não pode fazer nosso Zoneamento Econômico Ecológico, nas asfaltar uma estrada que já está aberta e nenhuma árvore será derrubada. Já tem satélite para acompanhar o entorno. Não quero copiar a Noruega se tiver algo errado por lá, mas lá anda, aqui não! Qual a razão?
- Uma sugestão: O MPF-AM poderia perguntar ao MMA o motivo de não fazer o ZEE do Amazonas. É uma política NACIONAL do Meio Ambiente! Os falsos ambientalistas do Amazonas ignoram essa ferramenta, e não vejo ninguém cobrar.
Minha opinião! Tudo tem jeito, é humildade, diálogo e compromisso com o SER HUMANO mais vulnerável.
THOMAZ RURAL
Anexo: gráficos com as emissões cumulativos de CO2 > família da canoa que espera por nossas atitudes > vídeo da Comunidade São José das Onças > link da matéria do MPF-AM
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