Neste momento em que o Rio Grande do Sul enfrenta severas adversidades climáticas, é fundamental reforçar o compromisso com a segurança e o bem-estar da população, especialmente dos que foram diretamente afetados pelas recentes chuvas intensas. A Emater/RS-Ascar, consciente de sua responsabilidade, está totalmente empenhada em apoiar todos os extensionistas e as comunidades impactadas.
O Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar tem sido uma ferramenta importante na coleta e análise de dados que orientam sobre os principais cultivos e criações e sobre as respostas a crises climáticas e produtivas. A partir das informações recolhidas pelos 497 escritórios municipais e consolidadas nas 12 regionais, compreende-se profundamente cada evento climático e sua interferência na produção e na vida das famílias assistidas, o que nos capacita a agir de maneira assertiva e preparada.
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Além das ações imediatas e urgentes de socorro às pessoas, é crucial planejar intervenções estruturais de longo prazo. Propõe-se a adoção de instâncias consultivas e deliberativas técnico-científicas e sociopolíticas, que tenham como papel elaborar e sustentar políticas que não apenas mitigarão os impactos imediatos, mas também fortalecerão a infraestrutura e a resiliência do Estado contra futuras adversidades.
Fatores como o tipo de cultivo adotado e a rápida transferência de água para os rios, que agrava enchentes e secas, exemplificam a necessidade de revisitar e reavaliar práticas produtivas e ambientais. Essa revisão é vital para equilibrar as intervenções humanas e a preservação de ecossistemas naturais, que são essenciais no controle de eventos climáticos extremos.
Incentivam-se todas as famílias rurais assistidas a se comunicarem com os extensionistas, reportando necessidades e explorando oportunidades de auxílio. É em momentos como este que nossa missão de cuidar das pessoas e do território se intensifica.
A resposta da Emater/RS-Ascar à crise atual e aos desafios futuros é baseada na combinação entre ação imediata e planejamento estratégico, visando à segurança, à sustentabilidade e ao bem-estar de todos os gaúchos. Entende-se que é possível superar as intempéries atuais e fortalecer a capacidade do Estado de enfrentar, com resiliência, desafios futuros impostos pelas adversidades climáticas.
SITUAÇÃO DAS CULTURAS
O período, predominantemente úmido, marcado pela instabilidade climática de alternância entre precipitações e poucos momentos de tempo seco e de calor sobre o Rio Grande do Sul, intensificou as atividades de colheita da soja, nas janelas de condições ambientais favoráveis, e a área colhida avançou de 66% para 76% na média estadual, estando ainda 20% em maturação e 4% das lavouras em enchimento de grãos. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado nesta quinta-feira (02/05) pela Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR), a colheita das lavouras localizadas na metade Sul e Centro-Oeste do Estado foi acelerada por aspectos tanto cronológicos quanto climáticos. No primeiro caso, a jornada diária de colheita foi ampliada ao máximo possível, estendendo-se durante os períodos em que as lavouras apresentavam condições razoavelmente adequadas para o corte e a debulha.
Os dados deste Informativo foram levantados pelos extensionistas da Emater/RS-Ascar na semana passada (22 a 28/04), quando algumas regiões já tinham sido atingidas pelas fortes chuvas. Já sobre o clima, com chuvas ainda mais fortes e intensas, os dados foram coletados até esta quarta-feira (01/05).
Em relação aos aspectos climáticos sobre a cultura da soja, os produtores precisaram adotar estratégias para retirar o maior volume possível de grãos a campo em razão da previsão de novas precipitações. Dessa forma, priorizaram áreas de maior produtividade; contrataram serviços extras de terceiros, aumentaram a logística de colheita e transporte; e realizaram a operação mesmo com condições desfavoráveis de deslocamento nas estradas, valendo-se, até mesmo, do auxílio de tratores para tracionar caminhões. O teor de umidade dos grãos colhidos estava elevado, demandando maior consumo de energia nos processos de secagem, nos pontos de recebimento.
Apesar das condições recentemente adversas chuvas excessivas no início do ciclo, curtas estiagens e dificuldade no controle da ferrugem-asiática , considera-se que a safra de soja está dentro da normalidade devido à obtenção de produtividades conforme as projeções iniciais, de 3.329 kg/ha.
Milho – A colheita de milho, no Rio Grande do Sul, desacelerou um pouco, apresentando avanço de apenas 1% em relação à semana anterior e atingindo 83% da área, estando ainda 11% das lavouras em maturação e 6% em enchimento de grãos. Além da priorização da cultura da soja, o período foi caracterizado por precipitações e umidades relativas altas. Essas condições climáticas prejudicaram a obtenção do ponto de maturação de colheita nas lavouras, em diversas regiões do Estado.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, em Aceguá, as lavouras de milho foram atingidas pelo temporal da madrugada de 27/04, que provocou grandes perdas devido ao tombamento das plantas, causado pelos ventos fortes e pela enxurrada em algumas áreas próximas de cursos dágua que transbordaram. Como a produção de milho, no município e na região, é predominantemente voltada para o autoconsumo, a colheita ainda não foi iniciada. Estão em maturação 60% das áreas. Grande parte da colheita será realizada manualmente, conforme a necessidade dos produtores, ou após a liberação das colhedoras utilizadas nas lavouras de soja. Os 40% restantes estão em fase de enchimento de grãos. As condições climáticas não estão favoráveis em função da reduzida incidência de radiação solar no período e do estresse provocado pelo excesso de umidade, que ainda se intensificará nos próximos dias.
Milho silagem – Na maior parte do Estado, tanto a colheita quanto a ensilagem foram novamente prejudicadas pelas chuvas, recorrentes desde meados de abril, o que atrasa as atividades no campo. Apesar dessas condições adversas, a colheita foi concluída em parte da região Norte do Estado e continuou na metade Sul e Vale do Rio Pardo. A produtividade projetada permanece em 35.518 kg/ha.
Feijão 1ª safra – A colheita foi concluída. Estimam-se 25.264 hectares cultivados e 1.930 kg/ha de produtividade.
Feijão 2ª safra – As atividades de manejo foram novamente dificultadas pela alta umidade, oriunda das chuvas e da presença de orvalho, além das temperaturas amenas predominantes ao longo do período. As condições climáticas continuam favoráveis para o desenvolvimento de doenças, especialmente antracnose, que encontra condições ideais de infecção. A área cultivada em 2ª safra, no Estado, está estimada em 19.900 hectares, e a produtividade projetada é de 1.568 kg/ha.
Arroz – A colheita continuou em ritmo menos intenso ao longo do período, sendo interrompida pelas chuvas em diversos momentos. No entanto, quando as chuvas cessavam, e o sol retornava, a operação era retomada imediatamente. Apesar da umidade dos grãos estar elevada, mas ainda dentro da faixa tolerável, os rizicultores continuaram com a operação em razão das previsões de chuvas volumosas para os próximos períodos. A área cultivada no Estado está estimada em 900.203 hectares, conforme o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). A produtividade está estimada em 8.325 kg/ha.
OLERÍCOLAS E FRUTÍCOLAS
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, os olericultores de Alegrete sofrem com significativos impactos decorrentes do grande acumulado de chuvas, registradas a partir do início de março, e que já ultrapassam 500 mm, além da reduzida quantidade de dias com boa disponibilidade de radiação solar. São relatadas perdas na produção de rúcula, alface, repolho, cenoura e beterraba. Há também o custo elevado para controle das doenças fúngicas e insetos-praga, que estão atacando os cultivos de forma mais intensa. A colheita da mandioca está avançando, e surgem relatos de problemas em áreas com solo menos drenados, onde as raízes estão apodrecendo devido ao excesso de umidade. Em algumas localidades, está sendo observada a ocorrência de bacteriose nas áreas de produção de mandioca. Em Quaraí, o temporal do sábado (27/04) causou grandes prejuízos aos produtores, sobretudo em hortaliças que estavam prontas para a colheita e comercialização. Mandioca e batata-doce estão em plena colheita, e o preço médio é de R$ 6,00/kg.
Na região de Pelotas, as precipitações dos dias 26 e 27/04 encharcaram os solos, dificultando a semeadura e o transplante de mudas, assim como o manejo das hortaliças já implantadas. Nos demais dias do período, a radiação solar direta e as temperaturas moderadas proporcionaram o bom desenvolvimento das principais hortaliças cultivadas, inclusive em ambiente protegido. Seguem a realização da semeadura e do transplante das primeiras mudas das culturas de inverno. A produção local de tomate, pimentão, batata-doce e abóbora tem abastecido completamente os mercados da região. Aumentou a oferta de temperos, como salsa e cebolinha.
Na região de Santa Maria, a baixa luminosidade e os altos índices pluviométricos, registrados nos últimos dias, causaram a diminuição na taxa de desenvolvimento vegetativo das folhosas, diminuindo a oferta de produto no mercado. Houve inundação de algumas lavouras de olerícolas em função do transbordamento de córregos, como em São Pedro do Sul e Santa Maria. A produção comercial regional é principalmente dos seguintes produtos: alface, batata-doce, mandioca, repolho, rúcula e tomate.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Santa Rosa, o clima muito úmido, nublado e chuvoso dificulta o desenvolvimento das variedades frutíferas que estão em plena frutificação e maturação, favorecendo o surgimento de doenças, tanto nas folhas como nos frutos. Citros estão em fase de maturação, e há ampla diversidade de variedades em oferta. Estão sendo colhidas e comercializadas bergamota das variedades Okitsu, Ponkan e Satsuma bem como laranja do Céu. Muitos frutos têm sido atacados e danificados por doenças. Há grande número de plantas cítricas com reduzida carga de frutos, que também se apresentam pequenos em função do excesso de chuva e do posterior granizo em novembro, além de intenso ataque de cochonilha e ácaro. À medida que avança a colheita da soja, é possível observar que os percevejos (fede-fede) estão atacando as frutas cítricas.
(Com Emater-RS)