Os produtos para desinfecção dos tetos são importantes na prevenção de infecções intramamárias, e com isso são aliados na garantia da saúde das vacas, da qualidade do leite produzido e até mesmo do bem-estar econômico do produtor.
A avaliação correta da eficácia e segurança desses produtos é responsabilidade das empresas responsáveis pela fabricação dos mesmos com os animais, consumidores e produtores.
Nesse texto, vamos discutir as recomendações da NMC (National Mastitis Council) para fabricação, testes de eficiência e qualidade dos produtos para pré-dipping e pós-dipping na fazenda e como o produtor pode atuar para garantir a qualidade da diluição na fazenda.
Entendendo mais sobre os sanitizantes concentrados
Os sanitizantes de teto são vendidos concentrados, isso ocorre, muitas vezes, visando reduzir os custos de transporte e distribuição dos produtos, reduzir o desperdício das embalagens plásticas e os custos para o produtor. No entanto, podem ocorrer falhas no processo de diluição do produto na fazenda que podem ocasionar variações na qualidade do produto, nesse sentido é imprescindível que as empresas realizem a devida avaliação do produto em diferentes diluições.
Os sanitizantes de teto concentrados devem ser testados para se adequar aos mesmos critérios dos produtos prontos para uso quanto a segurança, eficácia e estabilidade.
É muito importante conduzir estudos quanto à irritação, sensibilidade e toxicidade para a pele e olhos, tanto dos produtos concentrados quanto diluídos, uma vez que esses produtos, muitas vezes, terão contato com a pele e olhos dos colaboradores da fazenda. Junto a isso os produtos concentrados devem ser testados visando garantir a segurança dos animais caso sejam aplicados acidentalmente em concentração máxima no teto.
É imprescindível que os fabricantes verifiquem a ação bactericida dos produtos reconstituídos usando testes in-vitro adequados buscando verificar sua ação contra os patógenos causadores da mastite, como Staphyloccocus aureus, Streptococcus uberis e Escherichia coli, por exemplo, assim como outros patógenos relevantes. Também é recomendado que os produtos sejam testados quanto à prevenção de novas infecções intramamárias.
Testes adicionais nos produtos concentrados são necessários, uma vez que uma parte significativa dos produtos reconstituídos é água adicionada na fazenda. Nesse sentido é importante realizar testes de estabilidade para determinar a vida de prateleira dos sanitizantes do teto reconstituídos, da qualidade da água usada na diluição do produto e testes que garantam que a mistura do produto concentrado e água formam uma diluição homogênea.
Imagem de produto de pré-dipping aplicado no teto. Fonte: Acervo Rehagro
Estabilidade e vida de prateleira
A estabilidade química e física dos produtos concentrados e reconstituídos devem ser testados em laboratório para determinar a vida de prateleira de ambos os produtos dentro da faixa de temperatura esperada de uso, armazenamento e transporte.
O NMC, sugere que sejam os sanitizantes sejam testados em envelhecimento de 4º C – 40ºC e/ou 50º C por pelo menos três meses, envelhecimento a 22º C até a falha do produto e um ciclo de congelamento e descongelamento por três ciclos.
É importante também realizar testes adicionais de reconstituição dos sanitizantes de teto feitos com produtos concentrados envelhecidos para determinar a diferença de vida de prateleira dos produtos reconstituídos caso sejam diluídos próximos ao fim do prazo de validade do produto concentrado.
Os testes de estabilidade em diferentes temperaturas podem ser feitos através de ensaios químicos nos ingredientes ativos, viscosidade, pH, avaliação visual da precipitação da solução, formação de gel, separação e mudança de cor.
Devem ser feitos também testes biológicos para avaliar a atividade bactericida contra Staphylococcus aureus, Streptococcus uberis e Eschericia coli.
Adequação da diluição com água na fazenda dos produtos sanitizantes de teto concentrados
A concentração de água utilizada na diluição dos sanitizantes de teto concentrados corresponde a 90% da solução final do produto reconstituído. Por isso, devemos dar ênfase na determinação de vários componentes da água na fazenda e sua interação com os componentes dos produtos sanitizantes de teto concentrados e quais os efeitos da característica da água na sua estabilidade, eficácia e segurança dos produtos reconstituídos.
A presença de minerais, íons, desinfetantes, entre outros na água utilizada para diluição podem ter efeitos significativos na estabilidade e eficácia dos produtos diluídos. Por exemplo, os produtos à base de iodo, quando diluídos em águas com pH alcalino sofrem efeitos em sua estabilidade e atividade bacteriana. Produtos à base de clorexidine tem a tendência à precipitação em água com elevados níveis de carbonatos, sulfatos, fosfatos e cloridratos.
Nesse sentido, os fabricantes devem avaliar a eficiência do produto na presença de diferentes variações de concentração deminerais e íons, além da presença de desinfetantes nos suprimentos de água visando avaliar a compatibilidade com a água disponível em grande maioria das fazendas. Recomenda-se que seja demonstrada a atividade bactericida dos produtos reconstituídos feitos à base de pré-dipping e pós-dipping concentrados em águas próximas do limite de aceitabilidade.
Além disso, é importante que as bulas e rótulos deixem claro que é importante que o produtor verifique que o suprimento de água seja potável e testada para a presença de bactérias, verificar as concentrações de componentes da água (minerais, íons, alcalinidade, por exemplos). Além disso, o produtor deve testar a água periodicamente, tanto no laboratório do fabricante, quando disponível, ou em laboratórios certificados para realização destes testes.
Métodos para diluição e mistura do produto na fazenda
Diferenças de gravidade e densidade entre o produto concentrado e a água, a solubilidade dos diferentes componentes nos sanitizantes de teto concentrados e diluídos, diferentes configurações e tamanhos dos recipientes onde é feita a mistura, a temperatura da água ou concentração do produto podem levar a problemas para obtenção de um produto reconstituído homogêneo.
Imagem ilustrando os recipientes que os produtos após a diluição são dispostos para serem aplicado às vacas. Fonte: Acervo Rehagro
Os fabricantes devem realizar testes em laboratório para desenvolver métodos de diluição e mistura na fazenda correspondentes às instruções de rótulos garantindo um produto homogeneizado para vários tamanhos e tipos de recipientes. É importante também que seguidas algumas especificações no recipiente utilizado para realizar a diluição e que devem ser incluídas no rótulo do produto e na literatura:
- Usar recipientes exclusivos para diluição, limpos e não reativos. Os sanitizantes de teto nunca devem ser diluídos em recipientes que tenham sido utilizados anteriormente para armazenamento de produtos como pesticidas, herbicidas, óleo de motor;
- Os recipientes, antes da diluição devem receber um enxágue triplo com três doses de água com 25% do volume do recipiente antes do processo de reconstituição do produto;
- Nunca misturar uma nova diluição de pré e pós-dipping quando o recipiente possuir restos de soluções anteriores;
- Misturar bem o conteúdo do produto reconstituído no recipiente;
- Rotular o recipiente do sanitizante de teto com o nome do produto, data de diluição e data de expiração;
- Diluir o produto concentrado seguindo as instruções fornecidas pelo fabricante. Sendo importante evitar diluir demais ou de menos com o objetivo de tornar o produto mais forte ou mais fraco, uma vez que, a estabilidade, eficácia e segurança dessas alterações não é demonstrado;
- Nunca adicionar ingredientes estranhos, como glicerina, sorbitol ou aloe vera ao desinfetante de teto, a menos que especificado no rótulo, pois os efeitos na estabilidade, eficácia e segurança não são conhecidos.
Rotulagem dos produtos concentrados e reconstituídos
O NMC, recomenda ainda que os produtos concentrados tenham no recipiente as seguintes informações em seu rótulo ou na bula do produto:
- Instruções específicas para diluição e mistura dos produtos, o método e frequências adequadas para obter e manter a uniformidade da reconstituição em variáveis tamanhos de recipientes;
- Temperatura de armazenamento do produto concentrado e reconstituído;
- A data de validade do produto concentrado, a vida de prateleira do produto reconstituído após a diluição;
- Critérios específicos do recipiente de diluição.
Relação entre a eficiência dos produtos para pré e pós-dipping com o manejo ambiental das vacas
Manter um ambiente limpo e confortável para as vacas é de grande importância para o controle de mastite, produção de leite de qualidade e para a eficiência dos produtos pré e pós-dipping.
A incidência de mastite tem forte relação com o nível de contaminação bacteriana do teto, em especial da ponta do teto. No caso de ambiente mais desafiadores, pode ser necessário alterar o manejo aplicação dos produtos pré e pós-dipping, adotando por exemplo, aplicação de dois pré-dipping e optar por um produto pós-dipping de concentração mais alta.
Como o escore de sujidade pode nos ajudar na interpretação da qualidade do ambiente?
O escore de sujidade do úbere indica o desafio ambiental enfrentado pelas vacas e, consequentemente à ocorrência de mastite. A condição de limpeza do úbere relaciona-se com o manejo de camas, da presença de barro e matéria orgânica no ambiente de permanência das vacas e consequentemente à exposição a agentes causadores de mastite.
A presença de vacas chegando sujas à ordenha são indicativos que outros fatores podem ser melhorados, como o local que as vacas caminham até a chegada na sala de ordenha, a ventilação, dimensão das camas ou lotes, limpeza dos corredores.
Estudos demonstram que vacas com escore 2 e 3 de sujidade do úbere têm 1,5 vezes mais chances de apresentarem crescimento dos principais patógenos causadores de mastite em resultados de culturas microbiológicas. Além disso, o aumento de um ponto no escore de sujidade do rebanho, pode ressultar em um aumento da Contagem de Células Somáticas (CCS) de tanque de leite de ordem de 50.000 CS/ml.
Fonte: Adaptado de Ruegg, 2002
Em resumo, a garantia de qualidade dos produtos de higiene de ordenha a fim de que promovam a ação esperada é essencial para conferir a produção de um leite seguro, com qualidade e dentro das conformidades com os padrões regulatórios, além de proteger a saúde das vacas leiteiras e contribuir para o sucesso da atividade.
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