O Brasil tem oficialmente uma espécie de jiboia para chamar de sua. Trata-se da espécie Boa atlantica. A descoberta foi publicada no jornal científico PLOSONE, um trabalho extenso de herpetólogos do Museu de História Natural do Ceará Prof. Dias da Rocha, da Universidade Estadual do Ceará, do Museu Nacional e do Instituto Butantan.
O estudo concluiu que a “jibóia do Brasil” é uma espécie endêmica da Mata Atlântica e ocorre entre os estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte, podendo chegar a dois metros de comprimento. Assim como todas as outras da família Boidae, não possui peçonha e é constritora, ou seja, mata as presas através da asfixia.
Embora a pesquisa tenha tido publicação recente, essa jiboia é conhecida pela comunidade científica e pela população desde o século XVII, mas era descrita erroneamente como outra espécie.
“Mesmo a jiboia (gênero Boa) tendo sido descrita pela primeira vez há mais de 300 anos, a taxonomia dessas serpentes da família Boidae seguia sem consenso entre os cientistas. No geral, falava-se em cerca de 12 subespécies de Boa constrictor espalhadas pelas Américas. No Brasil, as jiboias eram separadas como Boa constrictor constrictor (Bcc) e a Boa constrictor amarali (Bca)”, explica Rodrigo Castellari Gonzalez, principal autor da pesquisa que trabalha como curador das Coleções de Herpetologia do Museu de História Natural do Ceará Prof. Dias da Rocha.
A suspeita da possibilidade de novas espécies foi investigada no doutorado dele, que visitou mais de 50 museus em quatro países e analisou mais de mil espécimes de jiboias, feito inédito nas pesquisas com esse grupo.
“Fazendo as comparações entre as jiboias brasileiras percebi que algumas possuíam um padrão de coloração diferente, com manchas na região próxima a cauda amarronzadas. Ao mesmo tempo, notei que essas também tinham uma distribuição específica diferente das outras, já que ocorriam somente na Mata Atlântica” — Rodrigo Castellari Gonzalez
Paralelo às análises morfológicas dessa jiboia, a pesquisadora do Instituto Butantan Lorena Corina Bezerra também estudava essas serpentes no próprio doutorado, só que avaliando a parte genética desses bichos. Assim como Gonzalez, ela concluiu que havia diferenças entre as jiboias dessa porção da Mata Atlântica com as outras que ocorriam no país.
Essa combinação de evidências comprovou a existência da Boa atlantica, que recebeu o nome por conta do habitat em que vive. “