De acordo com o levantamento feito pela Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), o maior índice de descontentamento com a prestação de serviços pela companhia de energia elétrica se concentra no Oeste do Paraná. Os produtores acumulam prejuízos com as constantes quedas de energia. As queixas já foram tema de reportagem no Portal Sou Agro, com relatos vindos de propriedades de Cascavel, Toledo e Palotina.
Além de ficar no escuro, a falta de energia causa sérios danos. Animais que ficam sem alimento, leite que estraga sem o devido armazenamento refrigerado, aviários com perdas de lotes inteiros em razão da morte de animais pelo excesso de calor, e por aí vai.
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Na localidade de Rio do Salto, o produtor Carlos Cavichioni já perdeu as contas do número de protocolos e do tamanho do prejuízo com os equipamentos que perdão em razão das constantes quedas de energia. “Tivemos reunião e nos disseram que era por conta dos galhos de árvores que encostam na rede. A situação se arrasta e o serviço de manutenção na rede simplesmente não acontece”.
Em Palotina Edmilson Zabot já relatou por diversas ocasiões que produtores da região precisaram investir alto na compra de geradores e óleo diesel. E quem não tem a mesma condição coleciona equipamentos queimados.
O Oeste é líder na produção de peixes de cultivo e uma potência na avicultura e na suinocultura. Na região 38,4% dos produtores disseram estar muito insatisfeitos com os serviços e outros 38,4% se declararam insatisfeitos.
Em Toledo, Oeste do Paraná, os piscicultores e avicultores Marcelo Morilha Teles e Leonice Friedrich já não suportam os transtornos causados pelas quedas de energia. Entre 29 de janeiro e 5 de fevereiro deste ano, a propriedade deles – a Granja São Miguel Arcanjo – sofreu apagões diários, colocando em risco a produção de tilápias (120 mil peixes) e de frango (140 mil aves). Só não houve perda de produção porque o casal recorreu a geradores. Ainda assim, houve prejuízos: dois aeradores, duas placas de aviário e uma placa da usina fotovoltaica queimaram. Os produtores ingressaram com uma ação judicial para que a Copel os indenize das perdas.
Em Pérola Independente, distrito de Maripá, também no Oeste, o avicultor Juliano Sapelli vive angustiado em razão de oscilações na rede. Ele relata que diariamente, por volta das 14 horas, a tensão da rede começa a ficar instável e permanecem com baixa amperagem até às 2 horas da madrugada. Para se prevenir, ele precisa recorrer a geradores. Além de ter perdido equipamentos, Sapelli gasta cerca de R$ 200 por dia em óleo diesel para manter os geradores em funcionamento. Com as oscilações, ele e a mãe têm que se revezar na vigilância do sistema, para evitar perda de produção.
O Sudoeste e o Sudeste do Paraná, que têm ênfase em atividades como a avicultura e bovinocultura de leite, também registraram altos patamares de insatisfação com a estabilidade no fornecimento de energia elétrica.
Em agosto de 2023, o governo do Paraná vendeu ações da Copel na Bolsa de Valores, arrecadando R$ 2,6 bilhões. Em setembro, um lote suplementar foi negociado, rendendo outros R$ 464 milhões. Também no ano passado, o Conselho de Administração da Copel aprovou a distribuição de R$ 958 milhões de dividendos a acionistas.
Para mais de 85% dos produtores rurais paranaenses não houve melhora nos serviços da Copel após a privatização. Para 37,7% dos entrevistados, o fornecimento de energia piorou. Para outros 43,6%, os serviços permaneceram da mesma forma que estavam antes da privatização.
(Com Faep)