A Embrapa Agroenergia , em conjunto com as empresas ADVANTA , BUNGE e ORÍGEO , formalizou parceria inovadora para o desenvolvimento da canola ( Brassica napus L. var oleifera ) em regiões tropicais. Esse esforço colaborativo, conhecido como projeto Redecanola, visa aprimorar a cadeia produtiva da canola, concentrando-se na validação de cultivares, em sistemas de cultivo, no manejo agrícola, no Zoneamento Agrícola de Risco Climático e em métricas de sustentabilidade. Iniciada em dezembro de 2023, esta parceria público-privada (PPP) terá 18 meses de duração, com conclusão prevista para 2025.
Bruno Laviola, líder do projeto e chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agroenergia, destacou a importância das PPPs para contribuição o desenvolvimento tecnológico e apoiar o crescimento da canola, especialmente no Cerrado brasileiro e na região Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
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A parceria entre Embrapa, ADVANTA, ORÍGEO e BUNGE é vista como crucial para promover o avanço da canola no Brasil. Os parceiros privados, além de contribuirem com a implantação de Unidade de Referência Tecnológica (URT) para a realização dos projetos, atuarão também nas ações de transferência de tecnologia com a mobilização de técnicos.
24Laviola apontou a crescente demanda por óleos vegetais, impulsionada pelo aumento da utilização de biodiesel e pela introdução de novos biocombustíveis, como o diesel verde e o SAF (combustível de aviação sustentável), como descobertas para esse projeto.
A soja, principal oleaginosa do Brasil, ocupa cerca de 45 milhões de hectares. Os pesquisadores do projeto confirmam a importância da cultura, mas enfatizam a necessidade de diversificar as oleaginosas para atender à demanda crescente por biocombustíveis e de outros mercados. A canola é apresentada como uma opção viável e promissora para a diversificação da produção de óleo e proteína vegetal no Brasil, especialmente como cultura de safrinha/inverno.
“A canola é mundialmente a terceira oleaginosa mais produzida, sendo opção interessante para cultivos safrinha em sucessão à soja ou ao milho, com plantio entre os meses de fevereiro e abril, dependendo da região. A qualidade dos produtos e subprodutos da cadeia da canola, a crescente demanda por óleo e o preço dos grãos pareado ao da soja fazem o cultivo da canola ser uma excelente oportunidade para os produtores de grãos do Brasil e para a agroindústria, principalmente do Cerrado”, explicou Laviola.
Por causa dos avanços nas pesquisas, a estruturação da cadeia produtiva da canola no Cerrado é vista como uma oportunidade de cultivo para o período da safrinha, após a safra de soja ou milho. Atualmente, quase 50 milhões de hectares são cultivados com soja e milho no Brasil, sendo a canola uma opção de cultivo safrinha para pelo menos 20% dessa área.
Laviola também tem a possibilidade de o Brasil se tornar um dos maiores produtores mundiais de canola, aproximando-se do volume cultivado pelo Canadá, sem a necessidade de incorporar novas áreas na agricultura. A inclusão da canola no sistema soja-milho pode trazer benefícios adicionais, como a redução de doenças nessas culturas, a melhoria da qualidade do solo e a produção de óleos vegetais no período do inverno/entressafra.
Objetivos
O projeto de pesquisa vai avaliar ensaios de competição de híbridos de canola em sistema de cultivo tropicalizado e selecionar cultivares para cultivo de soja na safrinha de soja em sistema de sequeiro e irrigado em diferentes regiões do Brasil. Além disso, pretende avaliar unidades de referência tecnológica em parceria com agricultores, visando verificar o desempenho produtivo, a previsão econômica e a sustentabilidade do cultivo em sistema de produção de sequeiro e irrigado da canola no Cerrado.
Também serão coletados dados para aperfeiçoamento e expansão do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a canola no Brasil e estudos desenvolvidos de sustentabilidade do cultivo da oleaginosa como opção de rotação de culturas na safrinha da soja cultivada no Cerrado brasileiro. Ainda serão feitas avaliações sobre o manejo da cultura como resposta à adubação e população de plantas, e será realizada a difusão de tecnologias sobre o cultivo tropicalizado da canola em diferentes regiões do Brasil, evoluindo o desenvolvimento da cadeia produtiva.
A parceria tem apoio da Fundação Arthur Bernardes (Funarbe). Na equipe executora, além do pesquisador Bruno Laviola, coordenador do projeto, também representam como demais instituições parceiras o pesquisador Gilberto Rocca da Cunha, da Embrapa Trigo; Leonardo Borges Pereira (ADVANTA); Ana Scavone (ADVANTA); Márcio Boralli (ADVANTA); Igor Ferrari Borges (ORÍGEO); e Fernanda Vendramel Ferreira Francisco (BUNGE).
Segundo Marcio Boralli, country manager da ADVANTA no Brasil, uma das empresas líderes na pesquisa e no desenvolvimento de genética no mundo, acredita muito no projeto de tropicalização da canola. “Queremos trazer para o agricultor brasileiro mais uma opção para o sistema de produção que possa maximizar sua rentabilidade com sustentabilidade. A canola é mais uma opção de diversificação de culturas que chega para atender a uma demanda mundial crescente por óleos vegetais. Estamos realizando investimentos e pesquisas para disponibilizar os híbridos mais adaptados e produtivos para o Cerrado brasileiro”.
Para Igor Borges, líder de sustentabilidade da ORÍGEO, “além de ser mais uma alternativa para o produtor, com uma cultura que traz uma série de benefícios ao sistema produtivo, é também uma resposta às tendências desse mercado de biocombustíveis que está se desenvolvendo aceleradamente. A oportunidade veio no momento certo para também comercializamos os produtores a incluírem mais esta oleaginosa no Cerrado, e ainda com o encaixe na safrinha”.
Já Fernanda Franscisco, gerente de sustentabilidade da BUNGE, destaca: “A BUNGE tem uma posição estratégica na cadeia de valor, apoiando o produtor na busca por uma agricultura mais sustentável e também o cliente final que busca cumprir seus compromissos de sustentabilidade. Assim, ao oferecermos uma nova cultivar que contribui para a redução das emissões de carbono em nossa cadeia, reforçamos o nosso compromisso de conectar produtores a consumidores para uma produção de alimentos e biocombustíveis mais sustentável”.
Está disponível também o recém-lançado curso de capacitação on-line sobre produção sustentável de canola, com carga horária de 30 horas. Com inscrições gratuitas, a capacitação está estruturada em 11 módulos que abordam o planejamento ao processamento dos grãos e destacam a relevância econômica, social e ambiental dessa oleaginosa.