Agricultores encheram Bruxelas de tratores em um protesto que ocorreu nesta segunda-feira (26), onde atearam fogo a pilhas de pneus para exigir ação da União Europeia (UE) em várias questões, desde os preços baixos nos supermercados até os acordos de livre comércio. A manifestação aconteceu enquanto os ministros da Agricultura do bloco se reuniam para discutir a crise no setor.
A polícia de choque teve que intervir disparando canhões de água para apagar as chamas. Mais de 100 tratores foram estacionados próximos à sede das instituições da UE, bloqueando partes de Bruxelas, em uma área próxima onde os ministros estavam reunidos.
Agricultores de toda a Europa têm protestado nas últimas semanas, exigindo ação dos legisladores em relação a uma série de pressões que afetam o setor, desde preços baixos nos supermercados até importações de baixo custo que prejudicam os produtores locais, além das rigorosas regras ambientais da UE.
As reclamações locais são variadas. Morgan Ody, coordenadora-geral da organização agrícola Via Campesina, enfatizou que, para a maioria dos agricultores, a questão central é a renda. “É uma questão de renda. Trata-se do fato de sermos pobres e querermos ter uma vida decente”, disse Ody à Reuters.
Ody, uma agricultora da Bretanha, na França, pediu à UE que estabeleça preços mínimos de apoio e saia dos acordos de livre comércio que permitem a importação de produtos estrangeiros mais baratos. “Não somos contra as políticas climáticas. Mas sabemos que, para fazer a transição, precisamos de preços mais altos para os produtos, porque é mais caro produzir de forma ecológica”, acrescentou.
Os ministros da Agricultura estavam preparados para debater um novo conjunto de propostas da UE para aliviar a pressão sobre os agricultores, incluindo a redução nas inspeções agrícolas e a possibilidade de isentar as pequenas fazendas de alguns padrões ambientais.
Respondendo aos protestos dos agricultores, a UE já enfraqueceu algumas partes de suas principais políticas ambientais do Acordo Verde, eliminando a meta de redução das emissões agrícolas de seu roteiro climático para 2040. Também retirou uma lei que restringia o uso de pesticidas e adiou uma meta para que os agricultores deixem algumas terras em repouso para melhorar a biodiversidade.
As exigências dos agricultores incluem o fim dos acordos de livre comércio, que, segundo eles, levaram a importações mais baratas de países onde os produtores enfrentam padrões ambientais menos rigorosos do que os da UE. Um palco montado no local do protesto nesta segunda-feira foi coberto com um cartaz que dizia “Pare o UE-Mercosul”, em referência às negociações para concluir um acordo comercial com o bloco sul-americano.
(Com informações da Agência Brasil)