O sorgo se destaca como o segundo cereal mais relevante na produção de silagem destinada à alimentação volumosa bovinos durante o período de estiagem.
Além disso, alguns especialistas destacam sua vantagem como uma opção de menor custo, facilidade de cultivo, altos rendimentos, tolerância à seca e capacidade de explorar grande volume de solo. Também apresenta um sistema radicular abundante e profundo e permite cultivar a rebrota, se bem manejado.
Nesse texto iremos discutir sobre as formas de utilização do sorgo na alimentação de vacas leiteiras, bem como dicas de avaliação do ponto de corte ideal para confecção de silagem, evidenciando as desvantagens e impactos do corte em momentos não recomendados.
Vantagens e desvantagens do uso do sorgo
Existem vantagens e desvantagens de se plantar sorgo e dentre elas, podemos destacar:
Vantagens
- Produzido em todas as regiões;
- Possui boa produtividade;
- Possibilidade do uso de rebrota;
- É facilmente fermentável;
- Presença dos grãos enriquece a silagem em energia;
- Corte é fácil e mais uniforme;
- Mais tolerante à seca do que o milho.
Desvantagens
- Sensibilidade ao frio;
- Existem poucos herbicidas seletivos ao sorgo;
- A janela de corte é menor do que o do milho, pois os grãos passam do ponto de colheita mais rápido;
- Ataque de pássaros, principalmente quando plantado na safrinha e em cultivares sem tanino.
Ponto ideal de corte de sorgo para fazer silagem de planta inteira
O critério determinante do momento adequado para a ensilagem de sorgo se baseia no teor de matéria seca (MS).
O índice de MS deve permitir uma compactação eficiente, uma fermentação facilitada e minimizar os riscos de perdas. Sendo assim, o momento ideal é quando o teor de MS na plantação está na faixa de 30% a 35%.
Desvantagens do corte antecipado e tardio
Corte antecipado – Menos de 30% de MS
A realização do corte de forma prematura, quando o teor de MS da planta ainda é significativamente baixo, pode acarretar nas seguintes desvantagens:
- Diminuição do rendimento da lavoura;
- Aumento na produção de chorume, resultando em maiores perdas de nutrientes;
- Qualidade inferior da fermentação, levando a uma redução na qualidade da silagem;
- Consumo reduzido de silagem pelo gado.
No caso de o sorgo ser colhido excessivamente cedo, a silagem resultante terá baixo teor de energia e qualidade inferior.
Corte tardio – Mais de 35% de MS
O corte tardio, caracterizado por teores elevados de MS, apresenta as seguintes desvantagens:
- Aumento significativo nas perdas durante a colheita;
- Dificuldade ampliada no processo de picagem e compactação, resultando na presença excessiva de ar no silo;
- Fermentação comprometida, resultando em uma qualidade inferior da silagem;
- Plantas mais secas contribuem para o desgaste rápido das facas, prejudicando o tamanho e a qualidade do corte, requerendo afiações mais frequentes;
- Aumento na exposição a ataques de pássaros;
- Redução na produção da rebrota;
- Grãos mais duros têm menor digestibilidade, resultando em perdas significativas de grãos nas fezes dos animais, podendo alcançar até 20% a 30%.
Quando a colheita do sorgo é realizada antes ou depois do período ideal, há um acréscimo nos custos da alimentação do rebanho. Silagens com baixo valor energético exigem maiores volumes de concentrado na dieta dos animais.
Corte do sorgo visando à ensilagem
É a umidade da planta que determina se é o momento adequado para a ensilagem. O ponto de colheita é atingido quando o teor de MS está situado entre 30% e 35%.
Uma forma conveniente de realizar essa mensuração dessa MS, é utilizando um forno de micro-ondas diretamente na fazenda.
Passo a passo:
- Selecione a amostra a ser utilizada. Ideal que colha o sorgo em vários pontos da lavoura.
- Faça a pesagem dessa amostra dentro de um recipiente e anote o valor. Lembre-se de tarar o recipiente.
- Coloque um copo com água dentro do micro-ondas e depois coloque o recipiente com a amostra.
- Ajuste o micro-ondas na potência máxima por 3 min.
- Após esse tempo retire o recipiente e pese, lembrando de considerar a tara do produto.
- Misture a amostra, cuidado para não cair nada para fora do recipiente, e volte no micro-ondas por 2 min.
- Retire o recipiente e anote o peso.
- Misture a amostra e volte para o micro-ondas por mais 1 min.
- Retire e anote o peso, repita esse processo por 3 a 4 vezes, até que o peso da amostra pare de oscilar e fique constante.
O cálculo para saber o teor de MS é:
MS (%) = (100 x PF) ÷ PI
Onde PF é o peso final da amostra e o PI peso inicial da amostra.
Outra forma de identificar o ponto de colheita é pela consistência dos grãos:
- Colha várias panículas (cacho) em pontos diferentes da lavoura;
Aperte com os dedos os grãos mais externos da panícula, verificando se ainda têm muita umidade.
O ponto de ensilagem é quando os grãos mais externos (terço superior da panícula) cedem à pressão dos dedos sem umedecê-los, ou seja, é o momento que o grão está farináceo, apresentando certa umidade, porém não está completamente duro e os grão do terço inferior da panícula ainda leitosos.
Imagem de panícula de sorgo. Fonte: Líder Agronomia
Imagem ilustrando o processo de ensilagem do sorgo. Fonte: Revista agropecuária
Colheita do sorgo
Grão úmido e grão reidratado de sorgo
Para confecção de silo de grão úmido de sorgo é necessário o processamento do grão e a umidade ideal para a fermentação.
A umidade é essencial para viabilizar a atividade das bactérias fermentadoras, as quais desdobram as proteínas para facilitar a digestão do amido. Então o grão do sorgo deve ser colhido com uma umidade dentro da faixa de 35% a 40% para assegurar que a fermentação ocorra conforme o planejado.
Já quando se fala de silagem reidratada é aquele cereal que foi colhido como grão seco que vai ser processado e adicionado água. A água é adicionada até que o produto atinja uma umidade de 35% a 40%, neste caso o grão precisa estar completamente quebrado, preferencialmente moído.
Imagem demostrando o grão de sorgo colhido a esquerda e a direita o grão já processado (moído), que será direcionado ao processo de reidratação. Fonte: Multiagro
O armazenamento desse produto pode ser feito em silos de sacos, trincheiras ou até mesmo em tambores de 200 litros.
O mais importante é garantir uma eficiente compactação e uma vedação adequada que elimine todo o ar presente na massa.
Um cuidado essencial após a confecção da silagem é evitar perfurações na lona, pois a entrada de oxigênio pode comprometer e resultar na perda da qualidade da silagem.
Processo de ensilagem de grão reidratado de sorgo. Fonte: Pablo Augusto
Quando executado corretamente, o aumento na digestibilidade da silagem de grãos pode alcançar até 20%. Contudo, é fundamental observar o tempo mínimo de armazenamento, conhecido como período de “cura” ou fechamento da silagem, que deve ser de pelo menos 60 dias.
A utilização de silagem de grão de sorgo úmido ou reidratado representa uma alternativa viável para a alimentação animal, visando a redução dos custos no sistema de produção. Esta silagem é uma fonte de energia e vitaminas, e sua qualidade nutricional não apresenta grandes diferenças quando comparada à do milho.
Tanto o milho como o sorgo têm em média 72% de amido, o que tornava o sorgo menos utilizado é a sua baixa digestibilidade. Porém, com o passar dos anos os cultivares de sorgo foram sendo modificados, o que melhorou a digestibilidade do mesmo. Com isso, nos dias atuais a silagem de sorgo vem sendo uma estratégia importante para reduzir os custos com alimentação.
Por fim, sabemos então que o sorgo pode ser uma opção viável para alimentação de vacas leiteiras, sendo ele utilizado tanto na forma de ensilagem quanto como grão úmido.
Entretanto, é importante atentarmos a alguns pontos, como a variedade do sorgo utilizado, ou seja, se ele é mais adequado para produção de silagem ou grão; o manejo cuidadoso da cultura detendo de planejamento de plantio, semeadura e colheita; o ponto de colheita ideal desse sorgo para ambas as formas de utilização são práticas essenciais e que irão contribuir para o sucesso do processamento e da inclusão desse alimento da dieta dos animais.
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