A forragem verde e suculenta que é preservada por meio de um processo de fermentação anaeróbica recebe o nome de silagem. Essas silagens são armazenadas em estruturas chamadas silos.
A etapa em que a forragem é cortada, colocada no silo, compactada e protegida com a vedação do silo para iniciar a fermentação é conhecida como ensilagem.
Falaremos sobre os tipos de silos existentes, vantagens e desvantagens para armazenagem e conservação de forragens.
O armazenamento em silos pode ser implementado de várias maneiras, resultando em diversos tipos, tendo todos eles o mesmo propósito:
- Bag ou bolsa;
- Trincheira;
- Superfície.
A seleção da opção mais adequada deve considerar a capacidade de armazenamento, a topografia da área, a disponibilidade de máquinas e equipamentos, os custos associados a cada opção e as preferências do produtor.
Cada tipo de silo apresenta uma série de vantagens e desvantagens. Geralmente, é recomendado que os silos fiquem próximos ao local de alimentação dos animais, para facilitar a distribuição da silagem e economizar no transporte.
No entanto, em situações especiais, os silos podem ser construídos nas proximidades do local de produção da forragem a ser ensilada, visando acelerar o processo de enchimento e vedação, práticas fundamentais para garantir a qualidade da silagem.
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Silo Trincheira
Imagem mostrando um exemplo de silo do tipo trincheira. Fonte: Acervo Rehagro
O silo mais comum utilizado no Brasil para conservação de silagens. Este tipo de silo oferece várias vantagens, como:
- Boa taxa de compactação;
- Menor gasto de lona por tonelada de silagem armazenada;
- Baixo custo de construção quando feito apena com terra;
- Construção simples;
- Capacidade de compactação com máquinas e facilidade no carregamento e descarregamento.
Como desvantagem podemos citar a necessidade de cercas de proteção, de terra para cobertura e em período de chuva a entrada com máquinas pode causar um acúmulo de lama. No entanto, visando minimizar esse problema com acúmulo de lama é sugerido que o produtor considere a construção de pelo menos parte do silo com concreto, especialmente na parte inferior, evitando assim esse acúmulo de lama.
Além de reduzir a quantidade de lama, os silos de concreto também melhoram a qualidade higiênica da silagem e reduzem as perdas após a abertura do silo.
Ao construir a trincheira, é importante considerar a necessidade diária de silagem da fazenda, retirando pelo menos uma fatia de corte de 30 cm de profundidade.
Painel de um silo tipo trincheira com um excelente manejo. Fonte: Acervo Rehagro
O tipo trincheira consiste em uma vala no chão, preferencialmente em um local elevado e junto a um barranco, onde a silagem é depositada, compactada com um trator e, posteriormente, fechada com lona plástica, coberta por terra nas laterais, areia ou pneus. As paredes laterais devem ter uma inclinação de 25%, e o fundo deve inclinar-se em direção à boca do silo, o que facilita o escoamento de possíveis efluentes.
O silo trincheira possui uma forma trapezoidal, com a base menor (b) localizada no fundo do silo. Para cada metro de altura do silo, a base maior (B), que corresponde à largura do topo, deve ter, no mínimo, 0,5 metros a mais do que a largura do fundo, garantindo assim uma inclinação da parede lateral de pelo menos 25%. A altura (h) e comprimento (C) do silo pode variar de acordo com as condições do terreno.
Exemplo demonstrando as dimensões que são levadas em conta no cálculo da trincheira. Fonte: Ana Cláudio Ruggieri (2016)
Silo superfície
Imagem de silo do tipo superfície. Fonte: Unesp Jaboticabal
Os silos de superfície são feitos em cima do solo, dispensam escavações e construções robustas, tornando-os em alguns casos de baixo custo. Eles são planos e não possuem laterais de apoio, o que pode afetar a capacidade de compactação da silagem.
Como vantagem os silos de superfície podem armazenar grandes quantidades de produtos e são de fácil instalação. Além disso, esses silos podem ser instalados próximos aos cochos que os animais irão consumir a silagem, o que pode eliminar a necessidade de investir em estruturas e locais separados.
Nas situações em que não é possível construir trincheiras para armazenar a silagem, os silos de superfície se apresentam como uma opção viável. Essas estruturas não envolvem praticamente nenhum custo adicional em termos de construção.
No entanto, é importante manter a proporção adequada entre largura e altura do silo, com uma relação de 3 para 1, ou seja, a cada 3 metros de largura, o silo deve ter 1 metro de altura. Evitar a construção de silos muito largos e altos, devido às limitações das lonas disponíveis no mercado, visto que não é aconselhável emendas das lonas.
Os silos de superfície geralmente consomem mais lona por tonelada de silagem armazenada em comparação com os silos trincheira, devido à menor densidade da silagem e à maior área a ser coberta. Os cuidados no manejo da retirada da silagem são semelhantes aos dos outros tipos de estruturas.
Em resumo, os silos de superfície são uma opção econômica para armazenar silagem, mas sua falta de paredes laterais pode reduzir a eficiência de compactação e aumentar o risco de perdas. No entanto, eles são convenientes para o armazenamento de grandes quantidades de forragem e são de fácil instalação, desde que sejam tomadas precauções adequadas para garantir a vedação adequada e o manejo de retirada do silo seja bem feito.
Silo bag ou bolsa
Imagens demonstrando a confecção do silo tipo bag/bolsa e também a sua retirada para utilização. Fonte: Willian Santos
Os silos de bag, também conhecidos como silos bolsa ou silos tubulares horizontais, são estruturas que recebem esse nome devido à sua semelhança com grandes bolsas.
Eles têm tamanhos variáveis, geralmente entre 30 e 60 metros, e têm a capacidade de armazenar de duas a seis toneladas de silagem por metro linear.
Esses silos são conhecidos por proporcionar uma vedação eficiente, o que resulta na produção de silagens de alta qualidade, especialmente a de capim.
No entanto, a implementação desse tipo de silo envolve custos mais elevados, tanto em termos de materiais quanto da necessidade de uma embutidora, a qual pode ser adquirida ou locada por prestadores de serviço. Isso pode ser limitante para grandes confinamentos que processam grandes volumes de silagem, tornando o processo inviável em algumas situações.
A escolha do tamanho da embutidora e da bolsa deve ser baseada na demanda diária de silagem necessária para a alimentação dos animais. Manter uma taxa de retirada adequada é fundamental para evitar o superaquecimento da silagem, o que pode resultar em perdas.
Os silos bolsa oferecem diversas vantagens, como:
- Flexibilidade na escolha do local de instalação;
- Capacidade de armazenar diferentes glebas de produtos;
- Minimização das perdas.
Além disso, a vedação total da massa ensilada pela lona plástica impede o contato com o solo, melhorando o processo de fermentação e reduzindo o risco de contaminação por microrganismos indesejáveis.
Outra vantagem prática dos silos bolsa é sua resistência às chuvas durante o processo de ensilagem, pois o material já está protegido, eliminando a necessidade de vedação imediata.
No entanto, é importante ter cuidado durante a retirada da silagem para evitar a contaminação da dieta com pedaços de plástico. Além disso, é necessário considerar o maior gasto com lona em comparação com outros tipos de silos.
Em resumo, os silos bolsa são uma opção versátil e eficaz para o armazenamento de silagem, proporcionando alta qualidade e flexibilidade na localização. Sendo importante estar ciente dos custos iniciais envolvidos e da necessidade de uma embutidora para o manuseio adequado desse tipo de estrutura.
Cálculo da capacidade do silo
Para calcular as dimensões adequadas do silo, é crucial levar em consideração três fatores essenciais:
- O número de animais que receberão a silagem;
- A quantidade que será fornecida por cabeça;
- O período de tempo em que os animais serão alimentados.
A quantidade de silagem consumida pelos animais depende de diversos fatores, incluindo o manejo e a categoria dos animais, com uma variação média de consumo diário situada entre 4 e 35 kg MN por animal.
Para fins de segurança e considerando possíveis perdas (cálculo com base na diferença entre a matéria seca inserida no silo e a matéria seca retirada para alimentar os animais), é recomendável adicionar uma margem de 10 a 15% à quantidade estimada de silagem necessária, independentemente do tipo de silo escolhido.
Quando se trata de grandes volumes de silagem, pode ser mais conveniente construir uma bateria de silos, tornando as práticas de enchimento e retirada diária mais eficientes.
É importante observar que silos com seções muito amplas apresentam uma maior exposição à ação das intempéries, como chuvas, radiação solar e vento, durante os processos de enchimento e retirada, o que pode comprometer a qualidade final da silagem.
Portanto, o dimensionamento adequado do silo e a consideração das condições ambientais são fundamentais para garantir a preservação da silagem com qualidade.
Manejo da forragem
A ensilagem é uma técnica essencial para armazenar forragem de maneira eficiente, minimizando a perda nutricional e permitindo seu uso ao longo de um período prolongado por meio de uma fermentação controlada.
Para realizar com sucesso esse processo, é necessário seguir alguns passos importantes:
- Planejamento de consumo e produção da forragem;
- Colheita feita no momento ideal;
- Tamanho de corte da forragem ideal;
- Compactação adequada com uso de máquinas;
- Vedação e armazenamento adequados, geralmente com lonas ou sacos, dependendo do tipo de silo;
- Após a fermentação (mínimo 30 dias após a vedação), a silagem está pronta para ser distribuída aos animais.
- Atenção ao manejo de retirada e ao painel de silo: importante que a retirada seja feita de maneira adequada e com implementos ou maquinários apropriados para cada tipo de silo, além de estar definido a quantidade mínima de avanço no painel do silo.
O tamanho ideal de corte da forragem varia de acordo com sua umidade, sendo menor para forragens que apresentam matéria seca elevada. O ponto de corte da planta é crucial para a qualidade da silagem, podendo afetar a compactação. A compactação deve reduzir a presença de ar na silagem, o que é essencial para evitar a respiração da forragem e as perdas de energia.
As dimensões dos silos devem ser projetadas com base na quantidade de forragem a ser ensilada e no consumo diário projetado.
Silos menores são preferíveis, pois facilitam o abastecimento e a retirada da silagem.
É recomendável que os silos estejam próximos à área de preparo da ração a ser ofertada aos animais, minimizando assim o tempo de retirada e mistura da silagem com outros ingredientes da dieta.
Problemas como a deterioração aeróbia podem ocorrer se o ar entrar no silo, permitindo o desenvolvimento de microrganismos, como fungos e bactérias.
Isso pode resultar em perdas de matéria seca e qualidade nutritiva, afetando negativamente o desempenho dos animais. Portanto, um manejo adequado e o dimensionamento correto dos silos são cruciais para evitar esses problemas.
Imagens demonstrando perdas ocasionadas devido a principalmente erros de manejo na confecção da silagem ou na retirada. Fonte: Acervo Rehagro
Dicas que podem auxiliar para que se tenha um bom manejo de retirada
- Garantir que a equipe responsável pela confecção dos tratos dos animais seja treinada e esteja sempre empenhada na execução correta de retirada da silagem;
- Contar com máquinas adequadas para o manejo de retirada, as quais permitam que a retirada e o avanço diário no painel do silo esteja correto. Como exemplo disso temos a confecção de “garras” na pá carregadeira, o que pode facilitar o manejo e contribuir para o sucesso de todo manejo alimentar dos animais.
Imagens de um equipamento utilizado para retirada da silagem, o qual foi adaptado com a inclusão de uma espécie de garfos que contribuem para o manejo de retirada da silagem. Fonte: Acervo Rehagro
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