Maiara Franzoni – 14 de janeiro de 2018
Atualizado em 8 de novembro de 2023
Pragas agrícolas: saiba quais são, o impacto na sua lavoura, melhores táticas de manejo e mais!
Pragas agrícolas são organismos que se alimentam de cultivos agrícolas, reduzindo sua qualidade e produtividade. No Brasil, a extensa área geográfica facilita o desenvolvimento de muitas espécies desses organismos.
Você sabe identificar as principais pragas agrícolas e controlá-las na lavoura? Ficar por dentro dessas informações te ajuda nas tomadas de decisão no campo.
Neste artigo, veja quais são as principais pragas mais perigosas e todas as formas de manejo possíveis. Boa leitura!
O que são pragas agrícolas?
Existem muitos insetos que danificam as plantas. Porém, para serem consideradas pragas, esses insetos devem causar grandes prejuízos à área plantada.
As pragas agrícolas são capazes de reduzir a produtividade e/ou qualidade dos cultivos agrícolas a partir da sua alimentação. Podem também ser transmissores de doenças.
Os organismos vivos estão presentes em todos os sistemas de cultivo. Quando esses sistemas possuem diversidade biológica, os organismos se mantêm em certo equilíbrio.
Em grandes áreas com uma mesma cultura, a diversidade de organismos presentes nesse ambiente é reduzida. Por isso, alguns seres perdem seus predadores ou inimigos naturais, elevando assim a sua população.
Com a população aumentando, os organismos assumem o papel de praga e causam prejuízos às culturas agrícolas.
Quando um inseto é considerado praga agrícola?
Um inseto pode ser considerado uma praga agrícola quando atinge um nível de dano econômico à cultura.
De forma geral, um organismo se torna uma praga devido à falta da biodiversidade em grandes áreas com uma única cultura.
Na maioria das regiões agrícolas, uma cultura é cultivada no verão e outra no inverno, em um mesmo ano agrícola. Os restos vegetais das culturas principais, como a soja, não têm tempo para serem decompostos pelos organismos do solo.
É assim que as pragas se mantêm na área de cultivo. Quando as culturas hospedeiras são inseridas, na ausência de inimigos naturais, estes organismos aumentam sua população. A partir daí, causam prejuízos à cultura.
Temperatura e umidade também podem fazer um organismo se tornar praga. Esse é o caso de ácaros e pulgões, muito favorecidos por períodos secos.
Períodos muito úmidos e quentes podem favorecer a reprodução dos insetos, acelerando seu ciclo de vida. Além disso, podem ser favoráveis a determinadas doenças de plantas.
Principais pragas agrícolas e como combatê-las
O impacto das pragas agrícolas depende da cultura hospedeira. Apesar disso, muitas delas causam danos em uma gama de espécies cultivadas. Veja a seguir alguns dos principais insetos-praga e como controlá-las:
- Lagarta-do-cartucho
- Percevejo-marrom
- Helicoverpa armigera
- Corós
- Mosca-branca
- Pulgões (afídeos)
- Larva minadora
- Ácaro rajado
A seguir, você poderá ver em detalhes cada uma delas, os danos causados e as formas de controle mais recomendadas.
Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)
Se você trabalha com a cultura do milho, conhece muito bem a lagarta-do-cartucho, considerada uma das mais relevantes nesse cultivo. Essa lagarta tem outras culturas como hospedeiras, incluindo:
Danos causados
A lagarta-do-cartucho pode reduzir muito a produção agrícola. Essa praga pode atacar qualquer parte da planta, mas a mais afetada costuma ser a parte central do milho.
As larvas da lagarta atacam as plantas em qualquer estágio de desenvolvimento. Além disso, as excreções que a lagarta adulta deixa na planta abre portas para a presença de patógenos.
Plantas com entre 8 e 10 folhas podem ter suas bases cortadas pela lagarta-do-cartucho. A consequência disso é o perfilhamento da cultura, e em casos mais severos, a morte das plantas.
S. frugiperda apresenta a marca de um “Y” em sua cabeça
(Fonte: Kansas State University)
Controle da lagarta-do-cartucho
Para o manejo da lagarta-do-cartucho, o MIP (Manejo Integrado de Pragas) é fortemente recomendado. Ele funciona através do uso de vários métodos de controle em conjunto.
Os principais métodos de controle são:
- Rotação de culturas: deve-se analisar minuciosamente quais culturas reduzem a sobrevivência da praga. Afinal, a lagarta é capaz de se alimentar de muitas das culturas normalmente utilizadas na rotação;
- Uso de variedades resistentes ou mais tolerantes ao inseto (sempre adotando área de refúgio);
- Controle biológico e inseticidas: importante ressaltar que inseticidas à base de Bt em cultivares (como o caso do milho, que possui a tecnologia Bt), não devem ser utilizados no controle da lagarta.
Porém, o uso de inseticidas deve ser feito com a rotação dos mecanismos de ação. Isso vai evitar o surgimento de populações resistentes.
Percevejo-marrom (Euschistus heros)
O percevejo-marrom é uma das principais pragas da soja, estando presente em várias regiões do país.
Há fenótipos dessa praga resistentes a produtos que contém como ingredientes ativos organofosforados ou ciclodienos (endossulfan).
Os casos de resistência são localizados em áreas com histórico de aplicações contínuas desses produtos. As culturas hospedeiras do percevejo-marrom incluem algodão, pastagens e soja.
Danos causados
A presença dos percevejos-marrons causa grãos chochos. Isso acontece porque essas pragas atacam as vagens da soja. Os percevejos também podem ser vetores de doenças causadas por fungos.
(Fonte: Embrapa e Irac)
Formas de controle do percevejo-marrom
Nas aplicações para o controle de lagartas, use produtos que tenham modo de ação diferente dos inseticidas utilizados no controle de percevejos. Para o controle de ambos, os mesmos ingredientes ativos podem ser utilizados.
Desta forma, é importante não utilizar os mesmos ingredientes ativos. Assim, você evita problemas com a resistência de pragas aos inseticidas.
Faça aplicações somente nas áreas que apresentam densidade populacional que corresponde ao nível de ação. Para isso, faça o monitoramento da infestação.
O monitoramento com mapas de danos pode ser feito digitalmente e diretamente na área pelos funcionários da fazenda. Além disso, é importante analisar quais plantas podem ser utilizadas na rotação de culturas. Afinal, elas não podem ser hospedeiras do percevejo.
Lagarta Helicoverpa (Helicoverpa armigera)
Helicoverpa armigera é uma praga que se alimenta de várias culturas. Feijão, soja, milho, algodão, café e citros são alguns exemplos.
(Fonte: Foto André Shimohiro em Embrapa)
Danos causados
A presença da lagarta reduz significativamente a produção, e pode acabar com a cultura desde os estádios iniciais.
Ela se alimenta de todas as partes das plantas. Isso pode causar o apodrecimento e a queda das estruturas da sua cultura.
Formas de controle
No Brasil, foram encontrados casos de resistência da praga aos inseticidas piretroides. Por isso, os manejos mais indicados para a lagarta são:
- Uso de plantas resistentes Bt (sempre utilizando área de refúgio);
- Rotação de culturas;
- Vazio sanitário;
- Manejo dos inimigos naturais de pragas;
- Manejo Integrado de Pragas.
O controle químico também deve ser utilizado. Porém, não se esqueça da rotação de mecanismos de ação. Evite o uso de inseticidas fosforados e piretroides no início da cultura, já que são considerados de tóxicos para os inimigos naturais.
Corós
Os corós são larvas consideradas importantes pragas de solo. Tanto na fase larval quanto na adulta, podem causar danos às culturas.
No Brasil, os gêneros Phyllophaga, Dilobodereus e Liogenys são os de maior ocorrência.
- Phyllophaga causa danos principalmente na cultura do milho safrinha e da soja na região Centro-Oeste do país.
- Diloboderus tem maior ocorrência na região Sul do país, causando danos principalmente em cereais de inverno no Rio Grande do Sul.
- A ocorrência de Liogenys se dá principalmente na região Centro-Oeste, nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Góias, causando danos na cultura da soja e milho.
Macho de Dilobodereus abdereus figuras A e B, e fêmea na figura C. Na última imagem, é possível observar a fase larval do coró dos cereais e da soja D. abdereus
(Fonte: Pereira; Salvadori, 2006)
Danos nas culturas
Os corós se alimentam de raízes de plantas, causando danos de redução do rendimento das culturas. Isso pode afetar o estande inicial de plantas, e em alguns casos, é necessário o replantio.
Na fase adulta, os besouros se alimentam principalmente de folhas e de partes das plantas em diferentes estádios de desenvolvimento.
Formas de controle dos corós
O não revolvimento do solo, característico do sistema plantio direto, favorece o desenvolvimento e sobrevivência dos corós.
A rotação de culturas com plantas não hospedeiras também pode auxiliar no controle. Algumas espécies de crotalária, por exemplo, tem ação tóxica aos corós e podem ser utilizadas.
O tratamento de sementes com inseticidas é uma medida complementar. Porém, não é efetivo quando as larvas estão maiores. A população de corós que justifica o controle é diferente a depender da espécie em que ocorre.
Os corós não se distribuem uniformemente na área. Sendo assim, você pode aplicar o controle químico apenas nos locais de ocorrência.
Alguns dos inseticidas recomendados para o controle de diferentes espécies de corós, grupos químicos e ingredientes ativos e culturas em que são recomendadas sua aplicação
(Fonte: adaptado de Agrofit, 2022)
Para amenizar o problema, recomenda-se semear primeiro as áreas com histórico de corós. Assim, as plantas terão contato com os corós em estádios mais brandos e conseguirão desenvolver seu sistema radicular.
Medidas que favoreçam o desenvolvimento rápido das plantas também são aliadas no controle dos corós. Por exemplo, adubação equilibrada, inoculação com bactérias, correção do solo, dentre outras.
Mosca-branca (Aleyrodidae)
A mosca-branca é um inseto que suga a seiva da planta e provoca danos ao seu desenvolvimento. Isso reduz a produtividade e também a qualidade da produção.
É relativamente fácil identificá-la na lavoura. Afinal, o inseto possui corpo amarelo pálido e asas brancas.
Mosca-branca no verso de folhas de (figura A), fase adulta (B e C) e ninfas de coloração amarelada translúcida (levemente transparente) (figura D)
(Fonte: Pratissoli; Carvalho, 2015)
O ciclo de vida dura de 38 a 74 dias, e as fêmeas podem colocar entre 100 a 300 ovos durante toda a sua vida. As principais culturas hospedeiras são:
- Grandes culturas como feijão, soja e algodão;
- Plantas daninhas hospedeiras que sobrevivem na entressafra, dificultando a quebra do ciclo da praga.
Danos na cultura
Os danos observados podem ser diretos, quando apresentam descoloração ou manchas foliares diretas na cultura.
Esses danos também podem ser indiretos, quando atuam como vetoras de doenças nas culturas de interesse agrícola. Nesses casos, é necessário o controle do inseto para controle da doença. Outros danos incluem:
- Alterações no desenvolvimento;
- Prateamento das folhas;
- Branqueamento do caule;
- Clareamento das veias na folhagem
- Queda precoce de folhas e manchas em fibras no algodão;
Formas de controle da mosca-branca
O MIP também é recomendado para o controle. Você pode utilizar o controle cultural, com cultivo de espécies não hospedeiras.
O monitoramento da mosca-branca também é necessário, e pode ser realizado com o uso de armadilhas amarelas que atraem os adultos. Inseticidas do grupo químico dos tetranortripenóides são recomendados para o controle em todas as culturas.
Os fungos entomopatogênicos Beauveria bassiana e Isaria fumosorosea também são recomendados para o controle.
Cultivares resistentes também são uma alternativa de controle eficiente.
Em caso de observação e controle ineficiente com inseticidas, é necessário investigar qual a raça ou biótipo que está ocorrendo na área. Algumas raças ou biótipos da mosca-branca são resistentes a diversos produtos.
Pulgões (afídeos)
Os pulgões podem causar danos em várias espécies de plantas, incluindo grandes culturas como soja e cereais de inverno.
Existem mais de 1.500 espécies relatadas. A coloração dos pulgões em fase adulta, e ninfa (anterior a fase adulta) pode variar de amarelada, branca, preta, vermelha e verde. No entanto, sua aparência é semelhante.
Pulgão da espécie Aphis gossypii
(Fonte: Guimarães e colaboradores, 2013; Constanza e colaboradores, 2018)
Os pulgões são favorecidos e causam maiores problemas em anos de clima seco e quente, principalmente na região sul do Brasil (Rio Grande do Sul). Nessa região, causam sérios problemas na cultura do trigo, como disseminação de viroses.
São encontrados principalmente na face inferior da folha e em tecidos novos.
Danos na cultura
Os pulgões podem causar danos em diversas partes das plantas, incluindo raízes, caules, folhas e até mesmo em espigas.
Devido ao hábito alimentar sugador, os pulgões causam amarelecimento das folhas e encarquilhamento (folhas retorcidas e redobradas que servem de abrigo).
Outro dano é a disseminação de viroses. Além disso, devido a alimentação, soltam substâncias açucaradas que favorecem o desenvolvimento do fungo fumagina.
Formigas podem ser observadas quando há presença de grandes populações de pulgões.
Formas de controle dos pulgões
Diversas medidas de controle podem e devem ser tomadas para o controle eficiente de pulgões, dentre elas:
- Eliminação de restos culturais em que os pulgões encontram-se associados;
- Rotação de culturas não hospedeiras;
- Eliminação de plantas daninhas hospedeiras na área de cultivo;
- Adubação nitrogenada;
- Instalação de armadilhas adesivas amarelas;
- Controle químico com produtos recomendados, como produtos sistêmicos. Uma boa regulagem do pulverizador também é essencial, porque os pulgões ficam na face interior das folhas;
- Controle biológico: a depender da espécie de pulgão, existem diferentes inimigos naturais que podem ser utilizados no controle;
- O controle genético através do uso de cultivares resistentes. Porém, é preciso identificar corretamente qual é a espécie de pulgões que ocorre e provoca danos na área de cultivo.
Vale salientar que a recomendação para o controle químico é o uso de produtos seletivos aos inimigos naturais. Os pulgões não eram considerados pragas de importância, mas passaram a ser devido ao uso errado de produtos não seletivos.
Larva minadora (Liriomyza huidobrensis)
A larva minadora é uma espécie de mosca do gênero Liriomyza spp. Ela é pequena e possui coloração amarela e preta. Tem como característica depositar ovos no interior das folhas, onde eles eclodirão.
Fêmea adulta da larva minadora, apresentando coloração característica amarela e preta.
(Fonte: Guimarães e colaboradores, 2005)
Com a eclosão dos ovos, as larvas formam minas. Após a fase de larva, ocorre a fase de pupa. Essa fase ocorre no solo ou nas folhas, dificultando o seu controle. O ciclo de vida deste inseto tem duração curta, aproximadamente 17 dias.
Danos na cultura
Os danos na cultura incluem a construção de galerias ou minas. Isso afeta a fotossíntese pela redução da área foliar.
No entanto, a necrose de folhas e a própria alimentação das fêmeas por “picada” pode facilitar a entrada de patógenos nas plantas.
Formas de controle
Assim como em inúmeras espécies de pragas, a larva minadora tornou-se um problema pelo uso excessivo de produtos não seletivos.
Para o monitoramento da população de moscas na área de produção, pode-se utilizar armadilhas amarelas adesivas ou painéis plásticos. Segundo o Agrofit, não existem produtos comerciais para o controle biológico.
De forma geral, em ambientes equilibrados, as populações da larva minadora se mantêm equilibradas em função dos inimigos naturais.
A principal forma de controle é o químico. Ele tem ação especialmente sobre as larvas que encontram-se dentro da epiderme das folhas. É essencial que os produtos utilizados sejam capazes de penetrar na folha, alcançando o seu interior.
Dentre os translaminares, segundo o Agrofit, são utilizados principalmente aqueles com abamectina e ciromazina em sua composição.
Outras estratégias podem ser utilizadas para maior eficiência do controle químico, como:
- eliminação de restos culturais;
- eliminação de plantas hospedeiras alternativas (incluindo plantas daninhas);
- rotação de culturas com plantas não hospedeiras.
Ácaro-rajado (Tetranychus urticae)
O ácaro-rajado é considerado uma das espécies mais importantes dentre os ácaros-praga. Ele pode atacar inúmeras espécies agrícolas.
O ácaro-rajado possui manchas escurecidas nas laterais do seu corpo.
(Fonte: Oliveira e colaboradores, 2016)
Danos na cultura
Os danos são observados na face inferior das folhas. Eles são causados pela alimentação da praga a partir da clorofila e da seiva das plantas. Os danos se caracterizam pela presença de manchas esbranquiçadas nas folhas.
É possível observar a presença de teias em formato desordenado e pequenos grânulos, também no verso inferior da folhas.
A alimentação dos ácaros provoca o amarelecimento das folhas. Com o passar do tempo as folhas caem, reduzindo a produção.
Formas de controle
O controle de ácaros é realizado através do uso principalmente de acaricidas. É importante ressaltar que devem ser utilizados somente produtos registrados para a cultura de interesse.
Para a cultura do algodão por exemplo, existem 89 produtos registrados no Agrofit.
Para a cultura da soja, as opções disponíveis são 39. Esses produtos incluem abamectina , flupiradifurona, óleo vegetal, piridabem, propargito, diafentiurom, fluazinam e bifentrina + metomil.
Manejo das principais pragas agrícolas
Em busca da otimização do controle de pragas, utiliza-se o MIP e o MID (Manejo Integrado de Pragas e Doenças). Eles são caracterizados pelos diferentes métodos de controle de forma conjunta.
O controle de pragas e doenças nas lavouras se inicia antes mesmo da semeadura.
A base do sucesso do controle é o monitoramento das áreas, com levantamento das pragas incidentes e de sua população. Assim, o controle será feito no momento correto, antes de danos econômicos ocorrerem.
Controle legislativo
Através de instruções normativas e leis, busca-se evitar a introdução das pragas nas áreas de cultivo.
Além disso, inspeção e monitoramento de materiais vegetais são feitos. Por exemplo, quando os vegetais transitam entre países, são feitas medidas de quarentena.
Isso mantém os materiais vegetais em observação por dado período de tempo, a fim de identificar a presença de alguma praga que poderia ser introduzida no país.
Além disso, pelas condições climáticas favoráveis à praga nos demais estados, evita-se que os materiais contaminados sejam levados. Isso porque a praga facilmente passaria a causar prejuízos às culturas.
Quando detectados os materiais contaminados, eles são destruídos.
Controle genético
Ele consiste no uso de cultivares resistentes ou tolerantes a determinada praga. O controle genético é o método mais barato e eficaz de controle. Ele pode ser aplicado a grandes áreas de cultivo.
No entanto, é necessário que outros métodos sejam empregados em conjunto. Isso evita que o material deixe de ser resistente às pragas (quebra de resistência).
Um caso clássico é a tecnologia Bt, aplicada ao milho para o controle da lagarta-do-cartucho. As áreas de refúgio na lavoura são fundamentais para que populações de lagartas resistentes não sejam selecionadas.
Além disso, é fundamental conhecer quais são as pragas de ocorrência na lavoura e quais são as mais limitantes. Isso garante que as cultivares mais adequadas sejam implementadas na área.
No caso de alguns fungos e nematoides, é necessário conhecer qual a raça que está ocorrendo na área. A resistência genética das cultivares, em muitos casos, é direcionada a uma raça específica do patógeno.
Controle cultural
Consiste no uso de diferentes tratos culturais, para auxiliar na redução da população de patógenos na área de cultivo.
Tratos culturais como uso de material de propagação sadio (sejam eles mudas ou sementes), certificados e de boa procedência são fundamentais.
Além disso, pode-se alterar a época de cultivo (respeitando o zoneamento agrícola), e o local. Por exemplo, realizar semeaduras no início do zoneamento é uma alternativa. Nesse período, a pressão de pragas é menor.
Também é possível pontuar as áreas mais úmidas da lavoura, utilizando cultivares mais adaptadas. Isso, é claro, desde que possuam ciclo próximo à cultivar utilizada no restante da área.
A nutrição equilibrada também é fundamental. Concentrações muito elevadas de alguns nutrientes, como o nitrogênio, tornam as plantas mais suscetíveis ao ataque de pragas. O mesmo acontece com deficiência de potássio.
A rotação de culturas também é um método bastante eficaz, quando é realizada de forma correta. Porém, vale lembrar que a rotação pode reduzir a população da praga, mas não controlar.
A eliminação de plantas hospedeiras faz com que na entressafra, as pragas não sobrevivam.
Controle físico/mecânico
Esse método altera principalmente as condições de temperatura, umidade e radiação da lavoura. Você pode empregar, por exemplo, o tratamento térmico de mudas e sementes.
O mesmo método é utilizado em sementes de olerícolas. O uso da água ou vapor quente, por determinado período de tempo, ajuda a eliminar fungos associados às sementes.
Controle biológico
O controle biológico consiste na inserção em massa de organismos benéficos às plantas e inimigos naturais das pragas. Estes organismos já encontram-se naturalmente nos locais de cultivo, no entanto, em menor densidade.
O controle biológico é muito utilizado em conjunto com o controle químico.
No entanto, é importante ressaltar que os produtos de controle biológico exigem que as recomendações do fabricante sejam seguidas.
Antes da aquisição de um microrganismo, é necessário verificar as recomendações do fabricante. Afinal, um mesmo microrganismo pode ser recomendado para o controle de diferentes doenças.
Outro ponto importante é consultar a compatibilidade dos produtos de controle biológico com outros produtos que serão utilizados na lavoura.
Controle através da modificação do comportamento de insetos
Esse método consiste no uso de armadilhas atraentes e repelentes. Hormônios e esterilização de insetos alteram seu comportamento e reprodução.
Controle químico
É empregado através do uso de produtos fitossanitários, que devem seguir sempre as boas práticas agronômicas.
Além disso, utilize sempre produtos registrados no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) para a cultura em questão.
Faça o controle químico com cuidado em relação aos ingredientes ativos. Não se esqueça de fazer a rotação para evitar que as pragas tornem-se resistentes.
Como a tecnologia pode ajudar no controle das pragas agrícolas
Diversos aplicativos como o Aegro estão disponíveis para realizar o mapeamento das pragas na área de cultivo.
Exemplo do monitoramento de pragas agrícolas no Aegro. Com o software, todos os dados do monitoramento ficam guardados de modo seguro, fácil e rápido para sua tomada de decisão
(Fonte: Aegro)
Quando você conhece o histórico da área, pode planejar de forma mais assertiva quais métodos de controle serão utilizados.
O Aegro também oferece a você dados climáticos. Essas informações ajudam a determinar o risco de ocorrência de doenças de plantas em diversas culturas.
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Conclusão
A classificação de um organismo em praga depende de diversos fatores, incluindo o conjunto de manejos realizados na lavoura.
O MIP é fundamental para uma produção agrícola cada vez mais expressiva, aliada a otimização do uso dos recursos de controle.
Para produzir cada vez mais, o monitoramento das áreas agrícolas e as boas práticas agronômicas são fundamentais.
Não deixe de usar todas as tecnologias disponíveis para mapear a área e obter históricos de ocorrência das pragas. Isso certamente vai te ajudar na tomada de decisão.
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Como você tem manejado a sua lavoura para evitar que os organismos se tornem um problema? Faz alguma coisa diferente para manejar as pragas agrícolas? Adoraria ver seu comentário abaixo!
Atualizado em 29 de abril de 2022 por Bruna Rohrig.
Bruna é agrônoma, mestra em fitossanidade e doutoranda em fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tem experiência em fitopatologia, controle de doenças de plantas e pós-colheita de grãos e sementes.
Sou Engenheira Agrônoma formada na ESALQ-USP, além de Mestre em Fitotecnia-Plantas Daninhas na ESALQ e especialista em Agronegócios (Pecege/ESALQ-USP).