O agrupamento dos animais e formação dos lotes são pontos essenciais para garantir uma nutrição adequada aos animais da propriedade, e por isso, conhecer a exigência nutricional dos animais da fazenda é um ponto extremamente importante.
A formação de grupo de animais é uma tarefa fundamental, principalmente em nossos rebanhos brasileiros, pois existem ainda muita heterogeneidade entre os animais.
Essa característica leva a uma variação da demanda nutricional dentro do rebanho e entre rebanhos, pois existem rebanhos de animais Gir, Mestiços e Holandês, por exemplo, com grande variação interna de grau de sangue.
Nesse texto iremos entender como podemos realizar a divisão de grupos de vacas leiteiras, levando em consideração vacas secas e em lactação, seguindo alguns critérios específicos como ordem de parto, DEL e condição corporal.
Além disso, vamos evidenciar pontos importantes quanto à movimentação dos animais nos lotes, pensando principalmente na mudança social que ocorre e como podemos fazer avaliações após esse manejo.
Mas quais os critérios para realizar uma divisão de lotes?
O melhor critério para agrupamento dos animais é através da exigência nutricional, nesse sentido, queremos agrupar os animais o mais próximo possível dessa característica e com o mínimo possível de variabilidade de exigência entre os animais do lote. Para fazer isso devemos definir critérios de ordenamento.
A divisão de lotes de vacas leiteiras visa otimizar a eficiência produtiva, a alimentação e também o bem-estar do rebanho.
Para termos a formação de grupos de forma bem sucedida é essencial que seja levado em consideração alguns critérios que irão afetar diretamente as necessidades e características dos animais, segregando inicialmente os animais produtivos, ou seja, as vacas que estão em lactação e as vacas secas.
Vacas secas
Existem duas características de vacas secas dentro da propriedade:
- Vacas secas a 45/60 dias do parto = Esses animais devem ser agrupados separadamente dos demais e fazer parte do “lote de vacas secas”.
- Vacas secas com 30 dias até o dia do parto, ou seja, vacas secas de pré-parto = Esses animais com data próxima do parto também devem compor um lote distinto, denominado de “lote pré-parto”.
Estes são grupos de animais diferentes que também possuem exigências nutricionais particulares, as vacas em pré-parto, por exemplo, precisam de uma dieta que as prepare para o período de transição, ou seja, para o período em que sofrerão alterações do seu metabolismo e nível de exigência.
Já as vacas secas, que possuem menor exigência nutricional, necessitam de uma dieta de mantença equilibrada para garantir que mantenham um bom escore de condição corporal.
Vacas em produção
Nas vacas em produção, podemos adotar como critério também a sua exigência nutricional.
Nesta categoria, a característica mais correlacionada com a exigência nutricional é a produção de leite, ou seja, quanto maior a produção das vacas maior a sua exigência, assim como as vacas de baixa produção terão menor exigência.
Visando refinar ainda mais o agrupamento das vacas em produção podemos associar aos seguintes critérios:
- Ordem de parto: independentemente da produção leiteira, podemos definir a separação das vacas primíparas e multíparas. É uma estratégia muito utilizada nas fazendas e com benefícios para os animais.
Separar as primíparas das vacas é uma estratégia interessante na propriedade, pois foram observados muitos benefícios pela adoção dessa prática.
Vários estudos já demonstraram que quando as primíparas são separadas elas passam mais tempo consumindo a dieta, descansam por mais tempo e ao final da lactação tem maior produção de leite quando comparadas àquelas que permanecem junto com vacas multíparas.
- Dias em Lactação (DEL): com a avaliação do DEL podemos criar um lote de vacas pós-parto. Nesse agrupamento as vacas até 30 dias de DEL ficam no lote de pós parto, independente da produção de leite.
- Condição corporal das vacas.
- Situação reprodutiva.
Mudanças de lotes
O manejo de agrupamento dos animais deve ser feito com certa frequência, porém, a mesma não deve ser muito intensa, pois toda vez que mudamos as vacas de lote estaremos alterando a hierarquia do grupo. Para esse manejo, é fundamental a avaliação do controle leiteiro da fazenda, pois ele será o nosso principal direcionador para o agrupamento na fazenda.
Um estudo mediu os parâmetros das vacas um dia antes de fazer a alteração de lote, observando o tempo de permanência consumindo a dieta, o número de idas ao cocho, o tempo que permaneciam deitadas e o número de confrontações observadas.
Após o manejo de mudança de lote de alguns animais, ocorrido no dia seguinte, observaram que o tempo comendo, idas ao cocho e o tempo de permanência deitadas foi reduzido, entretanto, o número de confrontações aumentou.
Fonte: Krohn e Konggaard, 1980
Seis dias após a mudança, os animais do grupo foram novamente avaliados e foi possível observar que as vacas já possuíam uma rotina normal, evidenciando que o retorno dessa rotina só ocorre depois de 6 dias no novo grupo.
Por isso, se realizamos alterações frequentes e com intervalos curtos, estaremos induzindo mais competição dentro do grupo e consequentemente perderemos em produção de leite.
Mas quais são os critérios para mudança social:
- Mudar vacas de grupo quebra a hierarquia social do grupo, por isso, 1 semana é requerida para a hierarquia de dominância ser restabelecida e estabilizada após novas vacas serem introduzidas no grupo.
- Mudar várias vacas de lote ao invés de mudar poucas pode reduzir brigas.
- Estar ciente que a mudança de grupo causa estresse social e nutricional (composição diferente de dieta e mudanças nos horários de alimentação e ordenha).
Avaliações pós divisão dos lotes
Após a divisão dos lotes, é fundamental mantermos uma avaliação contínua dos lotes, para sabermos se as mudanças realizadas estão atendendo a demanda de cada lote.
O monitoramento do consumo alimentar, produção de leite e escore corporal e saúde, são pontos importantes.
- Consumo alimentar: Monitorar o nível de consumo de cada lote, para sabermos se a quantidade de dieta fornecida está de fato sendo consumida a fim de atender às exigências dos animais é essencial. Além disso, realizar a leitura do escore de cocho periodicamente é uma prática fundamental no dia a dia da operação.
- Produção de leite: Fazer a pesagem de leite periodicamente é fundamental para saber se os manejos e dietas daquele lote estão de acordo com o previsto.
- Escore corporal: Juntamente com o consumo alimentar o escore corporal pode ser utilizado para fazer uma avaliação mais minuciosa dos lotes e assim identificar oportunidades tanto na dieta quanto no manejo alimentar.
Considerações finais
A prática de formação de grupos em vacas leiteiras é fundamental para garantir o manejo eficiente, melhorar a saúde animal e aumentar a produtividade.
A separação do rebanho em grupos menores, baseado em características e necessidades específicas, traz uma série de benefícios que impactam diretamente a lucratividade e o bem-estar dos animais.
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Autores: Ricardo Peixoto