Quando falamos de preços de suplementos minerais, insumo essencial para a nutrição de bovinos a pasto, as discussões são sempre acaloradas. Mas será que estamos realmente fazendo comparações justas? Será que estamos olhando para diferentes prismas sobre esse assunto ou estamos comprando “gato por lebre”?
A expressão significa receber algo com qualidade inferior ao esperado. O cliente, quase sempre por fruto da sua inexperiência em identificar o que está adquirindo ou má assessoria, pode ser levado a cometer equívocos.
Dessa forma, a escolha dos suplementos exige conhecimento global, levando em consideração a composição do produto, a formulação equilibrada, os níveis de garantia, os custos da ingestão diária e aspectos fundamentais, como biodisponibilidade da matéria-prima utilizada para a fabricação da mistura mineral, garantindo assim o desempenho desejado: saúde do rebanho e melhor rentabilidade das operações pecuárias. Discorreremos neste texto sobre os principais tópicos a serem considerados para comparar “maçãs com maçãs”.
A base da nutrição bovina e a suplementação mineral
O rebanho brasileiro, estimado em 197,2 milhões de animais, é o maior rebanho comercial do mundo. Mais de 90% da atividade pecuária baseia-se no sistema de produção a pasto, que é amplamente favorecida pelo clima tropical predominante no país. Contudo, na sua imensa maioria, nossos solos são pobres em minerais como fósforo, zinco e cobre.
Os desequilíbrios minerais ou a submineralização dos rebanhos são responsáveis pela baixa produtividade pecuária, seja no âmbito produtivo e reprodutivo, como ganho médio diário, baixa produção de leite, baixa fertilidade; seja no âmbito da saúde propriamente dita, com impacto no crescimento e na formação óssea, fraturas, abortos e queda da resistência imunológica.
Dessa forma, a suplementação mineral de boa qualidade é primordial, mesmo em pastagens bem manejadas ou na época das águas, pois, normalmente, a alimentação fornecida não é suficiente para atender a todas as exigências dos animais, e as deficiências dessa categoria causam anormalidades fisiológicas e/ou estruturais.
Dentre os minerais que devem ser suplementados, o fósforo é essencial pela importância das funções que desempenha no organismo animal. É o mineral com maior número de funções descritas. Imprescindível para a formação dos ossos e dentes, ele atua no controle da ingestão da matéria seca, na multiplicação das bactérias do rúmen, além de ser fundamental para a reprodução dos bovinos.
A suplementação via fosfatos de boa procedência na mistura mineral é indispensável por ser importantíssimo na nutrição animal, além de ter relevância na composição do preço dos suplementos mais utilizados no Brasil, como os da linha branca. Quando consideramos um sal com 8% de fósforo em sua composição (sal 80), essa matéria-prima pode representar acima de 70% do custo do produto. Por esse aspecto citado, é possível perceber que não há milagres. Quando na comparação entre dois suplementos com mesmo percentual de fósforo, um deles apresenta-se 20%, 30% mais barato, deve-se investigar a procedência e atentar para a qualidade do produto.
Como separar o joio do trigo?
As empresas idôneas do mercado, responsáveis pela fabricação de suplementos minerais para bovinos, seguem rigorosos padrões de legislações específicas, adotam boas práticas, são criteriosas na qualificação de fornecedores e na seleção das matérias-primas, considerando padrões mínimos que assegurem a qualidade, conformidade, inocuidade dos ingredientes e a segurança dos alimentos ao longo da cadeia.
Essa boa prática envolve a escolha de fontes minerais de alta pureza e biodisponibilidade, levando em consideração a origem da rocha fosfática, o processo de fabricação, a forma química em que o elemento está presente, a solubilidade em ácido cítrico 2% e o teor de elementos indesejáveis.
O fosfato bicálcico é obtido através da reação de uma fonte de cálcio (cal ou calcário) com o ácido ortofosfórico. Dos três tipos de rochas possíveis de se extrair o concentrado fosfático – ígneas, metamórficas e sedimentares -, as primeiras são as que apresentam maior pureza em sua formação: são rochas provenientes da solidificação do magma, massa incandescente que existe no interior dos vulcões e que são lançadas para fora. As rochas magmáticas são muito duras, formam grandes blocos e não contêm fósseis (restos de animais e vegetais). Por essas características, elas possuem os menores teores de flúor e outros metais indesejáveis (cádmio, arsênio, chumbo, mercúrio).
Os produtos da Linha Foscálcio são formulados a partir de ácido fosfórico feed grade e carbonato de cálcio, oriundos de rochas ígneas, que contêm os menores teores de elementos indesejáveis.
Fontes de fósforo de origem duvidosa, que possam conter altos teores de flúor, elementos indesejáveis e contaminantes, dioxinas e furanos têm seu uso proibido na nutrição animal.
A portaria 359, de 9 de julho de 2021 (Mapa), estabelece a relação fósforo/flúor mínima de 100/1, ou seja, as fontes de fósforo devem ter no máximo 1% de flúor em sua composição. O excesso pode ocasionar fluorose, que pode causar problemas, como a má mineralização óssea, fraturas, anomalias dentárias, manqueiras e a diminuição do apetite. Já os suplementos de pronto uso devem atender o limite máximo de dois mil miligramas de flúor por quilograma de produto (IN 12 /2004, Mapa).
Os produtos da Linha Foscálcio, melhor e mais pura fonte de fósforo (P) e cálcio (Ca) para a nutrição animal, contribuem para os melhores índices produtivos e reprodutivos do rebanho. A produção é verticalizada, ou seja, todas as matérias-primas necessárias para a produção são oriundas da mina, o que assegura a qualidade em todas as fases do processo, atendendo aos mais rigorosos requisitos de controle de qualidade, nacionais e internacionais. Os produtos são diariamente analisados para determinar seus níveis de garantia e assegurar um ingrediente seguro para o mercado consumidor.
Teores de cádmio, arsênio, chumbo e mercúrio são constantemente monitorados, considerando parâmetros de normativas internacionais da União Europeia, que estabeleceu os níveis máximos para as substâncias indesejáveis por meio dos regulamentos 1275/2013 de 6/12/2013 e 2019/1869 de 7/11/2019 sobre os ingredientes e produtos acabados para animais, visando manter uma fisiologia animal saudável e sem risco de contaminação de seus produtos para consumo humano.
Biodisponibilidade
Mais importante que o percentual do nutriente presente no alimento ou o preço por kg da fonte de fósforo, é considerar sua biodisponibilidade, pois de nada adianta termos o elemento presente se o mesmo não refletirá em melhores índices produtivos, correndo-se o risco de “o barato custar caro”.
As fontes minerais de fósforo podem apresentar de 30% a 90% de biodisponibilidade, dependendo da sua origem (ígneas, metamórficas e sedimentares), do processamento industrial (controle de temperatura, uso de diferentes fontes de cálcio) e da forma molecular (monocálcico, bicálcico ou tricálcico).
Quando falamos em contaminação das fontes de P pelos elementos indesejáveis, temos que o alumínio e o ferro podem complexar o fósforo, reduzindo sua disponibilidade. O excesso de chumbo e cádmio nos fosfatos podem levar a uma menor absorção do fósforo por serem antagônicos ao mesmo, diminuindo sua absorção e podendo causar alterações no sistema reprodutivo dos bovinos, como o abortamento e baixa absorção de cálcio. Além de menor desempenho, os contaminantes também representam um risco à saúde animal e humana, uma vez que essas substâncias podem se propagar na cadeia alimentar via contaminação de carne, miúdos e leite dos animais que, consequentemente, serão consumidos por todos nós.
No processo de fabricação de fosfatos, temperaturas acima das recomendadas podem levar à formação de pirofosfato (resultado de aquecimento brando) e metafosfato (resultado de aquecimento forte). Essas duas formas apresentam biodisponibilidade inferior ao fosfato bicálcico e, por isso, a avaliação dos fosfatos pelo método da solubilidade em ácido cítrico 2% é tão importante e essencial para avaliarmos a qualidade da matéria-prima utilizada. Nesses dois casos, a solubilidade fica abaixo de 80%.
Os produtos da Linha Foscálcio são produzidos com calcário, ou seja, são estáveis e seguros. O uso dessa fonte de cálcio inibe a formação de fósforo insolúvel, o que aumenta a absorção dos minerais e, consequentemente, a performance dos animais.
Outro ponto a ser considerado na avaliação da biodisponibilidade das fontes inorgânicas de fósforo é a solubilidade em água. Essa análise realizada em laboratório fornece informações sobre as proporções da composição molecular dos fosfatos, seja ela monocálcica, bicálcica ou tricálcica. Quanto maior o valor de solubilidade em água encontrado, maior a proporção monocálcica, o que se traduz em maior digestibilidade do nutriente.
Contudo, é preciso lembrar que a forma monocálcica contém em sua composição a maior quantidade de fontes de hidrogênio e, apesar de ser altamente biodisponível, é muito pouco estável, não sendo recomendada para uso em linha branca. A forma bicálcica é a mais utilizada no Brasil, por possuir estabilidade nas misturas minerais com teor de biodisponibilidade de 75% a 90%, dependendo das matérias-primas utilizadas e do processamento. Na forma tricálcica, não há nenhuma fonte de hidrogênio e, dessa forma, é muito estável e não causa empedramento, porém tem baixa biodisponibilidade (30% a 60%). Um exemplo dessa fonte de fósforo são as farinhas de ossos calcinadas.
Isso posto, a Linha Foscálcio possui o perfeito equilíbrio entre fosfatos mono e bicálcico, proporcionando maior estabilidade e biodisponibilidade para a linha de nutrição animal. Em um estudo conduzido pelo professor Fernando Leonel em São João Del Rey (MG), comparou-se diferentes fosfatos disponíveis no mercado para a suplementação de bovinos de corte e sua correlação com o consumo da matéria seca (CMS) e digestibilidade da matéria seca ingerida (DMS).
Dentre os quatro produtos testados, os animais que receberam Foscálcio 19® Microgranulado apresentaram um CMS quase 10% superior aos demais tratamentos. O valor encontrado para a DMS, quando do uso de Foscálcio 19® Microgranulado foi de 53%, valor superior aos 48% ou menos dos demais produtos testados.
Esses resultados podem ser explicados pela proporção de fosfato monocálcico presente no Foscálcio 19® Microgranulado, que é mais disponível no rúmen. Dessa forma, a multiplicação de microrganismos celulolíticos é maximizada.
Por serem responsáveis pela fermentação e absorção da fibra do pasto, microrganismos em maior número tendem a aumentar o consumo de pastagem pelo aumento da taxa de passagem do alimento.
Com um maior ataque à fibra ingerida, otimiza-se o uso e a absorção dos nutrientes, impactando diretamente a digestibilidade da matéria seca da dieta e favorecendo o maior desempenho animal.
Escolha consciente
Em um setor cada vez mais competitivo e tecnológico, a informação é uma ferramenta poderosa.
Apesar de não haver “receita de bolo” para a nutrição animal, ao entender a importância da qualidade da matéria-prima nos suplementos minerais para bovinos, os produtores estão não apenas investindo na saúde de seu rebanho, como também na sustentabilidade e na rentabilidade de suas operações pecuárias a longo prazo.
Optar por fornecedores que valorizam a transparência, a rastreabilidade e a excelência desde a origem dos minerais até o produto final é essencial ao considerar adquirir um suplemento mineral. Lembre-se: nem sempre o menor preço é o melhor preço!
A Mosaic é considerada a maior produtora de fosfato bicálcico da América Latina e opera em uma linha de produção verticalizada. Possui unidades em Cajati (SP) e Uberaba (MG), ambas com certificação ISO 9001 e selo IBD para produção orgânica. Os produtos para nutrição animal da Mosaic são elaborados seguindo os mais rigorosos padrões de uma empresa reconhecida mundialmente pela sua excelência, que contribui para o crescimento da pecuária brasileira, fortalecendo o seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e com a missão de ajudar o mundo a produzir os alimentos de que precisa.
*especialista em desenvolvimento de mercado da Mosaic