Aegro – 20 de junho de 2024
Como os padrões climáticos mais extremos têm influenciado as atividades agrícolas e a produtividade. A agricultura é o culpada ou vítima?
As alterações de padrões climáticos têm sido um dos temas mais recorrentes quando se fala sobre os riscos futuros que podem influenciar a humanidade. Algumas alterações têm sido observadas gradualmente ao longo dos anos, como aumentos de temperatura, e outras têm sido mais extremas e pontuais, como ondas de calor, chuvas acumuladas ou secas duradouras.
A agricultura, por ser uma “fábrica a céu aberto” recebe diretamente os impactos das alterações nos padrões climáticos. Os diferentes tipos de lavouras têm diferentes requerimentos quanto a padrões ambientais para potencializar sua produtividade. Dessa forma, condições não-ideais de parâmetros como temperatura, pluviosidade, insolação, umidade relativa, podem causar grandes perdas agrícolas.
Hoje em dia há uma tendência do uso de técnicas de agricultura regenerativa que possam evitar impactos maiores ao ambiente e também auxiliar na resiliência das culturas agrícolas frente a padrões climáticos cada vez menos previsível.
Nesse artigo trataremos das principais influências do clima na atividade agrícola brasileira, as ações potencialmente danosas ao meio-ambiente, técnicas de recuperação visando maior sustentabilidade e a importância de se aumentar a resiliência agrícola.
Quais os fatores climáticos mais limitantes?
Chamamos a influência negativa de fatores do ambiente em uma lavoura de estresse abiótico. Cada região tem fatores abióticos específicos que limita a produção vegetal. Os fatores que do clima que mais influenciam a agricultura, são:
- Água: a água é fator primordial para o crescimento de plantas por estar envolvido em processos metabólicos e atuar como carreador de nutrientes e fotoassimilados, além de muitas outras funções. Há uma faixa ideal de água no sistema solo-planta atmosfera que propicia melhor desenvolvimento de plantas. O excesso, em caso de inundação do solo, ou falta, no caso de secas, causa danos severos à produção agrícola;
- Temperatura: cada tipo de planta tem uma faixa ideal de temperatura em que se desenvolve melhor. A temperatura é importante para modular relações químicas e também na evapotranspiração, importante para o ciclo da água. Temperaturas muito altas tendem a comprometer o crescimento vegetal, enquanto temperaturas muito baixas podem causar queimas e danos permanentes a lavouras inteiras;
- Radiação: a radiação é a base da fotossíntese e sem ela é impossível o crescimento de plantas. Temos pouco controle sobre a radiação em campos abertos, porém é importante saber que excessos de radiação podem danificar o aparelho fotossintético da planta. Da mesma forma, grandes períodos nublados podem diminuir a capacidade de produção;
- Umidade do ar: a umidade do ar é importante principalmente para o controle da transpiração das plantas. Os estômatos das folhas são as portas para saída de água da planta e entrada de gás carbônico para a fotossíntese. A abertura e fechamento de estômatos depende da umidade do ar, sendo que baixas umidades podem causar fechamento estomático por longos períodos;
- Vento: o vento pode ser danoso de duas formas para plantas, ou pela derrubada ou arranquio de plantas, ou por aumentar grandemente a transpiração, causando uma perda excessiva de água;
- Condições de solo: existem condições de solo que podem também serem dependentes do clima e do manejo da lavoura. A salinidade é uma delas e pode levar a uma limitação no crescimento de plantas e absorção de nutrientes, causando estresses na planta.
Como o clima influencia a agricultura?
Esses fatores citados acima podem influenciar grandemente as várias fases da produção agrícola e processos metabólicos:
- Reações enzimáticas e metabolismo: condições não ideais do clima alteram a eficiência de reações enzimáticas que controlam o metabolismo vegetal. Além disso, aumentam os gastos de manutenção da planta, diminuindo sua capacidade produtiva;
- Trocas gasosas e fotossíntese: o principal processo de ganha de massa das plantas é a fotossíntese. Para que ela acontece a planta precisa ter a troca gasosa com a ambiente através do estômato, em que vapor de água é liberado e ar atmosférico é absorvido. Condições de baixa radiação, seca e altas temperaturas limitam essas trocas e diminuem o acúmulo de biomassa;
- Crescimento e desenvolvimento: a estado hídrico das células permite seu crescimento e divisão, fazendo com a planta tenho potencial de crescimento. Além disso, a mudança entre seus estágios de crescimento pode responder ao ambiente. Condições limitantes podem encurtar ou alongar o ciclo de culturas, alterando seus padrões produtivos;
- Florescimento: o processo de indução floral e de fecundação dependem grandemente da temperatura e da umidade. Eventos climáticos mais extremos podem limitar esses processos e reduzir a produção de frutos ou grãos;
- Enchimento de grãos/frutos: a etapa de transferência de biomassa para os grãos ou frutos depende grandemente da água e da fotossíntese. Condições de seca ou altas temperaturas nesse estágio tende a diminuir a produtividade e qualidade da produção;
- Insetos e pragas: a mudança em características climáticas pode favorecer maiores infestações de pragas ou pressão de doenças, dificultando a produção agrícola.
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Técnicas de agricultura sustentável e resiliente
Algumas técnicas já são usadas a mais tempo, mas outras têm surgido atualmente para contribuir com uma produção agrícola mais sustentável e resiliente. Abaixo citamos algumas delas:
- Plantio direto e outras técnicas de cultivo mínimo;
- Acúmulo de crédito de carbono e uso de técnicas de baixa emissão de carbono;
- Sanidade e estruturação do solo;
- Uso racional de produtos químicos e uso combinado de produtos biológicos;
- Uso de água de maneira eficiente e com possibilidades de reciclagem;
- Agricultura regenerativa e aumento da biodiversidade;
- Uso de recursos genéticos para resiliência a fatores ambientais;
- Rotação de culturas e consórcios como ILPF;
- Emprego de ferramentas para monitoramento do clima e zoneamento agroclimático;
- Uso de técnicas de agricultura de precisão;
- Emprego de tecnologias modernas e métodos digitais para a gestão e manejo da propriedade.
Agro é vilão ou vítima?
Quando se fala em alterações climáticas, há sempre a discussão sobre o papel de vilão do agronegócio nas alterações dos padrões climáticos. Nesse quesito, não há uma resposta definitiva.
É compreensível que a alteração para monocultivos em áreas com maior biodiversidade e cobertura vegetal podem influenciar os ciclos hídricos e de temperatura locais. Porém, há uma série de outros fatores que influenciam o micro e macroclima do planeta como um todo.
A emissão de gases poluentes, o uso indiscriminado de produtos não-recicláveis, a expansão das cidades, a queima de combustível, por exemplo, tem potencial altamente impactante nas questões climáticas.
De outro lado, a atividade agrícola contribui para a assimilação de carbono da atmosfera e pode servir para recuperação de áreas degradadas. Mas, também é bastante claro que o potencial de impacto positivo ao meio ambiente pode ser atingido por meio de técnicas mais sustentáveis como as mencionadas acima.
Considerações finais
Os padrões climáticos extremos como veranicos, ondas de calor, chuvas e ventos fortes, tem sido cada vez mais comuns ao redor do mundo. Isso impacta grandemente a agricultura, diminuindo a produtividade e até mesmo tornando a atividade impraticável em alguns locais.
Há uma necessidade urgente do uso de técnicas de agricultura sustentável e de maior resiliência aos fatores climáticos, propiciando maior segurança ao produtor e, ao mesmo tempo, contribuindo para a atenuação dos padrões extremos.
Ao mesmo tempo, o produtor tem o desafio de produzir alimentos, fibras e biomassa através de métodos cada vez mais sustentáveis, com menor uso de recursos e sem agredir o meio ambiente.
Porém, além de um desafio, essa pode ser uma grande oportunidade para o agronegócio mostrar sua capacidade de superação e como a agricultura brasileira pode ser a base para um uso da terra sustentável e rentável.