A colheita da safra de arroz 2023/2024 se encaminha para a reta final. A última estimativa da Conab aponta para uma produção de 10,4 milhões de toneladas. Mesmo considerando uma redução de 100 mil toneladas ou 1% na comparação com o levantamento divulgado em maio, com ajustes após as enchentes no principal Estado produtor, o Rio Grande do Sul, o resultado se mostra superior ao ciclo do ano anterior.
O cenário divulgado pela própria Conab é um forte argumento contra a importação do cereal proposta pelo Governo Federal. A medida contraria o interesse dos produtores e também não se justifica mediante os resultados do pós-colheita. A produção brasileira vai superar em 3,6% a produção da temporada anterior, que de acordo com o histórico, foi a menor desde 1997/1998, quando o Brasil somou 8,4 milhões de toneladas.
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O Rio Grande do Sul responde sozinho por 70% da produção nacional. Se não fossem os problemas climáticos, o resultado seria ainda maior, considerando que a área plantada cresceu 7,6% de um ano para o outro, segundo as informações da própria Conab.
Conforme levantamento da Conab, 151 mil hectares de arroz do Rio Grande do Sul não tinham sido colhidos antes das inundações, de um total de 900 mil hectares plantados. E do total não colhido 42,1 mil hectares estavam em condições em alagamento/inundação, representando 4,7% da área total cultivada com a cultura no Estado.
E mesmo diante das perspectivas de oferta suficiente para atender o mercado interno, o Governo Federal insistiu na realização do leilão. O certame chegou a acontecer, mas o processo foi interrompido depois que várias suspeitas de irregularidades vieram à tona. Além de questionamentos sobre a capacidade financeira das empresas envolvidas, um suposto conflito de interesses envolvendo o então secretário de Política Agrícola, Neri Gueller. A situação gerou a demissão e ainda com toda a polêmica, a Conab mantém a decisão de realizar um novo leilão para a compra de arroz de outros países.
Gedeão Pereira, presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), criticou a decisão do governo de editar uma medida provisória para importar arroz, em meio à tragédia no estado. “Desnecessária”, afirmou.
O risco de desabastecimento foi momentâneo por questões logísticas, e que foram sanadas. Com produção maior que ano anterior, a compra do arroz importado não se justifica.