A bioeconomia na agricultura viabiliza uma produção agrícola mais sustentável. Entenda como ela funciona!
A bioeconomia reúne diversos setores que utilizam recursos biológicos e novas tecnologias para criar produtos e serviços sustentáveis. Na agricultura, ela tem o potencial de buscar soluções inovadoras para produzir alimentos, fibras e energia, sem afetar negativamente o meio ambiente.
Neste artigo vamos explicar o conceito de bioeconomia e como ela pode ser aplicada na produção agrícola.
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O que é bioeconomia?
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) define a bioeconomia como a produção, utilização e conservação de recursos biológicos, incluindo conhecimento, ciência, tecnologia e inovação, para fornecer informações, produtos, processos e serviços em todos os setores econômicos, visando uma economia sustentável.
O termo bioeconomia tornou-se popular na primeira década do século XXI, quando a União Europeia (UE) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) o utilizaram como marco para promover seu uso no desenvolvimento de novos produtos e mercados.
Em resumo, a bioeconomia é a ciência que estuda os sistemas biológicos e recursos naturais aliados à utilização de novas tecnologias com o intuito de criar produtos e serviços mais sustentáveis.
Bioeconomia no Brasil
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), a bioeconomia está presente no Brasil desde a década de 1970, quando foi criado o Programa Nacional do Álcool (Proálcool). Essa iniciativa ajudou o país a enfrentar a crise mundial do petróleo, tornando-o o segundo maior produtor e exportador mundial de etanol.
Como funciona
A bioeconomia utiliza novas tecnologias para originar uma ampla diversidade de produtos. Assim, ela se concentra em produzir alimentos, fibras, medicamentos, vacinas, enzimas industriais, combustíveis, cosméticos, a partir de fontes biológicas renováveis como plantas, animais e microrganismos.
Em geral, a bioeconomia está diretamente associada ao desenvolvimento e uso de produtos e processos biológicos nas áreas da saúde humana, da produtividade agrícola, da pecuária e da biotecnologia.
Qual é o principal objetivo da bioeconomia?
Em síntese, a bioeconomia tem como principal objetivo desenvolver atividades econômicas de modo sustentável, utilizando os recursos biológicos renováveis de maneira eficiente.
Além disso, ela tem as seguintes finalidades:
- Equilibrar a produção de bens e serviços com a preservação ambiental e bem-estar social.
- Criar oportunidades de negócios e gerar empregos e renda para a população.
- Impulsionar o desenvolvimento de novas tecnologias e processos.
- Reduzir as mudanças climáticas.
- Diminuir a dependência de recursos finitos como os combustíveis fósseis.
Bioeconomia na agricultura: como pode ser aplicada?
Na agricultura, a bioeconomia visa buscar soluções inovadoras e sustentáveis para produzir alimentos, fibras e energia, além de explorar recursos naturais de forma racional.
Assim, por meio de pesquisas científicas, novas tecnologias têm sido desenvolvidas para auxiliar o manejo agrícola e otimizar os processos de produção, garantindo assim mais eficiência nas atividades rurais.
Confira a seguir alguns exemplos de como a bioeconomia está sendo aplicada na agricultura:
Alimentos transgênicos e funcionais
A produção de alimentos transgênicos, ou seja, geneticamente modificados para auxiliar no combate à doença e à fome, é um dos avanços da biotecnologia aliada à bioeconomia.
O Arroz dourado (Golden Rice), por exemplo, contém betacaroteno, carotenoide que no corpo humano é uma importante fonte de vitamina A. Dessa forma, ele pode ser consumido como complemento para a alimentação, pois possui vitaminas e compostos nutritivos que não podem ser obtidos em outros alimentos.
Esse arroz foi nomeado com base na cor do grão transgênico, composto por três genes: dois de uma planta (Narcissus pseudonarcissus) e um de uma bactéria (Erwinia uredovora). Esses genes são clonados para criar o arroz “dourado”.
Arroz dourado produzido por modificação genética
Tecnologia Bt
A tecnologia Bt tem o objetivo de fazer com que as plantas resistam ao ataque de insetos de pragas na lavoura. Sendo assim, ela é uma opção para produtores de soja, milho e algodão, que desejam tornar suas culturas mais resistentes.
O uso dessa tecnologia é possível graças a biotecnologia, que insere genes da bactéria Bacillus Thuringiensis, capazes de fabricar uma proteína tóxica na planta, o que consequentemente gera a resistência dos vegetais às pragas.
Em resumo, a Tecnologia Bt surgiu a partir do estudo da bactéria Bacillus Thuringiensis (Bt), um microrganismo naturalmente encontrado no solo, que possui, em seu DNA, genes que codificam proteínas inseticidas, conhecidas como cristais Bt ou proteínas Bt.
Entre os benefícios proporcionados por essa tecnologia temos:
- Melhora na qualidade da safra.
- Redução da aplicação de inseticidas.
- Menor exposição de trabalhadores ao uso de defensivos, diminuindo o risco de intoxicação.
- Redução de gastos com pulverização, produtos químicos e combustível.
- Preservação dos insetos não-alvo e agentes polinizadores, pois seu uso é destinado para pragas específicas.
- Preservação do meio ambiente, já que diminui a aplicação de produtos químicos.
Contudo, é importante ressaltar que essa proteína tóxica só é prejudicial às pragas, mas é segura para o meio ambiente e humanos.
Bioinsumos
Também conhecidos como insumos biológicos, os bioinsumos são compostos por microrganismos, materiais vegetais, orgânicos ou naturais, utilizados nos sistemas de cultivo agrícola.
Na prática, os bioinsumos são usados para combater pragas e doenças e aumentar a disponibilidade de nutrientes para as plantas, melhorando assim, a fertilidade do solo.
Por ser biodegradável e oferecer baixa toxicidade ao meio ambiente, os bioinsumos ajudam a promover uma agricultura mais sustentável.
Culturas resistentes às condições adversas
A partir do avanço da biotecnologia, foi possível desenvolver culturas resistentes às condições adversas, que suportam o frio, salinidade e seca.
Uma das técnicas utilizadas baseia-se na adaptação e a dessensibilização adotadas para fornecer forte resistência à seca nas plantas. Dessa forma, houve a possibilidade de aumentar a produção de alimentos, pois as plantas são capazes de se adaptar a climas hostis e às terras não cultiváveis.
Vale destacar, a bioeconomia também pode ser aplicada por meio de algumas práticas agrícolas como plantio direto, manejo integrado de pragas, uso de microrganismo para controle biológico, fixação biológica de nitrogênio, entre outros.
Tendências da bioeconomia no setor do agronegócio
A bioeconomia utiliza recursos biológicos renováveis para produzir bens e serviços. Dessa forma, ela pode ser uma importante aliada de produtores rurais que desejam adotar um modelo de produção mais sustentável.
Na Embrapa, Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação em bioeconomia estão alinhadas aos projetos e desafios para inovação biotecnologia avançada aplicada ao agronegócio por meio da utilização de técnicas inovadoras de:
- melhoramento genético;
- bioinsumos;
- nanotecnologia,
- melhor aproveitamento da biomassa.
A instituição aponta que temas como biotecnologia (com destaque para edição genética), intensificação sustentável (sistemas integrados de lavoura, pecuária e floresta -iLPF) e tecnologias digitais (drones, sensores, inteligência artificial, internet das coisas e blockchain) são tendências para o futuro da agricultura brasileira.
Contudo, algumas soluções já foram desenvolvidas a partir da bioeconomia como:
- energia renovável nos biocombustíveis;
- biopolímeros que originam os plásticos biodegradáveis;
- biodefensivos;
- alimentos biofortificados como o arroz dourado;
- biofármacos como as terapias gênicas;
- cosméticos.
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