Prática do diferimento, que consiste em separar parte do pasto para alimentar o rebanho durante a seca, foi mais eficiente com doses de 50 quilos de nitrogênio por hectare
Estudo realizado na Universidade Federal do Tocantins (UFT), indicou vantagens da Brachiaria híbrida Mavuno em condição de diferimento e em solo arenoso na comparação com um capim convencional. Um dos achados da tese, defendida no Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal Tropical da UFT, foi o baixo índice de tombamento e maior número de folhas vivas na comparação com o Marandu, variedade mais comum na pecuária brasileira.
“Como planejamos um período longo de diferimento, de 120 dias, imaginamos encontrar o pasto 100% seco. E, pelo contrário, encontramos mais folhas verdes na área do Mavuno e também uma maior relação folha/colmo do que no Marandu”, explica a autora da tese, a consultora Caryze Cristine Cardoso Sousa.
A pesquisa “Desempenho agronômico de pastos de Urochloa spp. sob distintas estratégias de manejo em solo de textura arenosa” teve como objetivo analisar como os capins tropicais respondem à diferentes intensidades de desfolhação (pastejo ou corte) e ao diferimento e sob baixo e alto suprimento de adubação com nitrogênio.
A tese, que rendeu o título de doutora para Sousa, estudou as características agronômicas do híbrido Mavuno em resposta à adubação nitrogenada e desfolhação; os efeitos que essas ações causam na planta e em seu sistema radicular e, por fim, compara Mavuno com o capim Marandu quando submetidos a 120 dias de diferimento (de março a junho nos anos de 2020 e 2021) sob doses de 50 e 150 quilos de nitrogênio por hectare.
Com relação ao comportamento do Mavuno à adubação, a pesquisa indicou sua responsividade mesmo em cenários distintos.
“Se adubar ele responde bem e se for feito o manejo correto mesmo com menos investimento responde super bem também considerando aumento de massa acumulada”, resume a pesquisadora.
Diferimento
No que se refere à análise do pasto em diferimento, o estudo mostrou que a dose recomendada de nitrogênio é de 50 Kg/ha para ambas as espécies. O Mavuno, entretanto, apresentou índice mais baixo de tombamento e maior número de folhas vivas tanto nos perfilhos da base da planta quanto na parte superior, em comparação ao Marandu.
“A planta cresce em velocidade maior e acumula mais massa quando recebe nitrogênio. Mas o Mavuno manteve relação folha/colmo muito boa, o que para pasto diferido é excelente pois apesar de termos um capim seco o que se busca é ter folha. Já o tombamento seria ruim porque parte da forragem se perde por pisoteio, por exemplo”, explica a especialista.
“Como a própria pesquisa destaca, é uma característica genética do Mavuno ter um stay green maior. Seu sistema radicular robusto confere uma tolerância bem maior à seca e acelera o rebrote. O tombamento menor também é do próprio Mavuno, que produz colmos que aguentam com mais eficiência proporcionalmente à quantidade de folhas”, explica Edson Castro Junior, coordenador técnico da Wolf Sementes, empresa que desenvolveu o híbrido.
Castro Junior destaca que a tolerância de Mavuno ao estresse hídrico é especialmente relevante em solos de textura arenosa, como é o caso de Araguaína, no Tocantins, onde a pesquisa foi realizada. O especialista da Wolf reforça também a maior quantidade de folhas por perfilho.
“Nas contagens o Marandu apresentou 2,4 folhas por perfilho em média enquanto Mavuno somou 2,8 folhas. É uma diferença estatística de 16% que colabora com o ganho nutricional”, completa o Especialista da Wolf.
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