O crescimento significativo da produção de bovinos em sistemas de confinamento no Brasil reflete não apenas a busca por eficiência e alto desempenho, mas também a otimização dos custos e a obtenção de melhores resultados na comercialização.
No entanto, esse aumento na intensificação da produção não vem sem desafios, e um dos principais problemas enfrentados é relacionado à saúde dos cascos dos animais confinados.
A negligência nessa área pode acarretar uma série de complicações que não só afetam o bem-estar, mas também comprometem o desempenho produtivo e, consequentemente, a lucratividade do sistema de produção.
Neste contexto, é fundamental compreender os fatores que influenciam a saúde dos cascos e implementar medidas preventivas e corretivas para garantir o bem-estar e a produtividade do rebanho.
O aumento da produção de bovinos em sistema de confinamento tem sido expressivo no Brasil, devido a eficiência em alto desempenho e a redução da idade ao abate.
Uma consequência da intensificação da produção desses animais é o aumento dos problemas relacionados aos cascos quando não devidamente monitorados. Esse problema, pode causar desconforto no animal, e acarretar outros fatores no sistema de produção, como perda de peso, redução na produção, redução no consumo de alimentos, ingestão de água, além do aumento dos significativo dos riscos de doenças metabólicas.
São diversos os fatores que afetam diretamente a saúde dos cascos no confinamento de gado de corte, especialmente em épocas chuvosas e de alta lotação. Entre esses fatores, destacam-se a higienização inadequada das instalações, a utilização de pisos desconfortáveis para os animais e a presença de barro, água estagnada, pedras soltas ou até mesmo buracos nas áreas de confinamento.
Quais as principais doenças de cascos?
Laminite
É uma doença inflamatória que pode ser classificada como aguda, subclínica ou crônica. Suas principais causas incluem a ingestão excessiva de grãos, pastagens ricas em carboidratos, mudanças bruscas na dieta e obesidade (escore de condição corporal acima de 4).
- Laminite aguda: caracteriza-se por dor intensa, calor nos cascos, aumento da pulsação digital e dificuldade para se movimentar.
- Laminite subclínica: apresenta sinais menos evidentes, como leve desconforto ao caminhar e mudanças sutis na postura. Pode passar despercebida até se agravar.
- Laminite crônica: resulta em deformidades permanentes dos cascos, como a rotação ou afundamento do osso da falange distal, além de claudicação constante e dificuldade de locomoção.
A laminite resulta em claudicação e pode levar à deformidade permanente dos cascos se não tratada adequadamente.
Doença da linha branca
Caracteriza-se pela separação da parede da borda da sola e da parede da borda da sola dos animais. O cório é infectado por meio dessa fissura, levando à formação de abscessos na subsola. Em casos mais graves, as articulações também podem ser afetadas.
- Causas: incluem condições de higiene inadequadas, umidade excessiva, lesões ou traumas nos cascos e problemas nutricionais.
- Sinais: no estágio inicial, há uma leve claudicação e desconforto. À medida que a doença progride, ocorre a formação de abscessos visíveis, aumento da dor e claudicação severa. Em casos avançados, pode haver infecção nas articulações, levando a problemas de mobilidade ainda mais graves.
A doença da linha branca pode resultar em infecções dolorosas e comprometimento significativo da locomoção se não tratada de maneira adequada.
Podridão de casco
É uma infecção necrótica que afeta a pele interdigital, podendo ser subaguda ou aguda. Essa doença requer cuidados especiais, pois serve como porta de entrada para outras enfermidades e infecções.
- Causas: incluem condições de higiene inadequadas, ambientes úmidos, traumas nos cascos e a presença de bactérias específicas como Fusobacterium necrophorum e Dichelobacter nodosus.
- Sinais: no estágio subagudo, observa-se inflamação leve, odor desagradável e pequenas lesões. No estágio agudo, os sinais incluem dor intensa, claudicação severa, necrose extensa da pele interdigital e secreção purulenta.
A podridão de casco pode levar a complicações graves e comprometimento da saúde geral do animal se não tratada de forma adequada.
Dermatite digital
É uma condição comum em rebanhos bovinos. É causada pela contaminação por bactérias do gênero Treponema, presentes no intestino dos animais e eliminadas com as fezes.
- Causas: a bactéria Treponema apenas se instala se houver uma porta de entrada, como feridas de origem mecânica no animal.
- Sinais: os sintomas incluem inflamação e ulceração na região afetada, dor intensa, claudicação e possível redução no ganho de peso devido ao desconforto.
Dermatite digital requer atenção e tratamento adequados para prevenir complicações e garantir o bem-estar do animal.
Diagnóstico da doença
Na realidade de um confinamento de gado de corte, algumas medidas específicas devem ser adotadas para prevenir problemas de cascos, especialmente durante a época de chuvas.
Entre essas medidas, destacam-se a limpeza regular das baias de confinamento para evitar o acúmulo de lama e umidade, a redução da lotação de animais durante períodos chuvosos para minimizar o estresse e a contaminação do ambiente, e o uso de pedilúvio com solução desinfetante para ajudar a prevenir infecções nos cascos.
Além disso, é essencial realizar rondas sanitárias frequentes para observar os animais de perto, identificar precocemente quaisquer sinais de problemas nos cascos ou outras doenças, e agir rapidamente em caso de necessidade.
Outras medidas preventivas importantes incluem fornecer uma dieta balanceada que promova a saúde geral do rebanho. Investir em boas práticas de manejo, como o manejo correto da alimentação e o controle adequado da umidade e da higiene das instalações, também é fundamental para prevenir problemas de cascos e garantir a produtividade dos animais no confinamento.
Considerações finais
A saúde dos cascos dos animais confinados é uma questão de extrema importância que demanda atenção e cuidados específicos, especialmente em ambientes onde a intensificação da produção e as condições climáticas desafiadoras podem agravar os problemas relacionados aos cascos.
Medidas preventivas, como a limpeza regular das baias, a redução da lotação durante épocas chuvosas, o uso de pedilúvio, além da observação constante dos animais durante rondas sanitárias, são essenciais para evitar complicações e garantir o bem-estar do rebanho. Além disso, a oferta de uma dieta balanceada são práticas fundamentais para promover a saúde e a produtividade dos animais.
Ao adotar essas medidas, os produtores podem não apenas prevenir problemas de cascos, mas também contribuir para a sustentabilidade e rentabilidade a longo prazo do sistema de produção de gado de corte em confinamento.
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