As chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul no início de maio, em volumes excepcionais, causaram destruição, perdas humanas e materiais na maioria das cidades e comunidades rurais do Estado. Buscando diminuir os riscos à saúde pública, no campo ou nas cidades, a Emater/RS-Ascar alerta para algumas recomendações e cuidados que devem ser adotados após as cheias para evitar a transmissão de doenças entre humanos e animais.
A médica veterinária Mara Helena Saalfeld, atual presidente da Emater/RS e superintendente geral da Ascar, chama a atenção para uma doença de extrema importância para a saúde pública e para a economia agropecuária, a leptospirose. De acordo com ela, a leptospirose é uma zoonose, doença que é transmitida do homem para o animal e do animal para o homem. “É uma doença que causa grandes prejuízos, que é transmitida por uma bactéria, a leptospira, e essa bactéria tem 250 variedades diferentes. É uma doença que causa prejuízos muito grandes, principalmente na atividade leiteira”, ressalta Mara.
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Mara explica que a leptospirose é transmitida pela urina do rato contaminado. “O rato é um portador que não adoece, ele fica transmitindo através da urina e ele não fica doente, não morre. Por que nós estamos alertando para a leptospirose? Porque a leptospira sobrevive na água por quase cinco meses e nós estamos atravessando um período de grandes enchentes, alagamentos, enxurradas. As pessoas estão tendo contato com essa chuva, com essa água que pode estar contaminada. Além das pessoas, os animais estão tendo contato com essas águas e também podem se contaminar. Ela é uma doença tão importante porque a bactéria atravessa a pele intacta, eu não preciso ter uma ferida para que a leptospira entre na minha pele. Ela passa contágio através do olho, do nariz, da boca, do aparelho genital, através do aparelho reprodutor dos animais. Então é uma doença muito importante e nós temos que evitar ao máximo a presença dela em nossas propriedades”, esclarece Saalfeld.
CRIAÇÕES E ANIMAIS DOMÉSTICOS
Para evitar o contagio dos animais, a médica veterinária recomenda aos criadores que protejam a ração dos animais dentro da propriedade, mantendo em lugar fechado, que impeça o acesso dos ratos. “Em um quilo de ração, 250 gramas ele come, 750 gramas ele estraga urinando. Então a gente precisa ter cuidado quanto a isso”, ressalta. Outro aspecto lembrado é a vacinação contra a leptospirose. “Existe vacina para essa doença, então nós temos que nos prevenir. Contate seu veterinário, os extensionistas da Emater, para ver se na sua região é preciso vacinar a cada quatro ou seis meses”, salienta Mara.
A presidente da Emater/RS reforça a precaução aos produtores de leite, uma vez que eles têm contato diário com as vacas leiteiras. “Ao longo do dia vamos ao estábulo, à sala de ordenha, e a vaca às vezes urina dentro da propriedade, na sala de ordenha, e essa urina, através de suas gotículas, pode contaminar as pessoas que estão ali manejando com os animais. Então tenha cuidado com isso, qualquer sintoma que vocês observarem chamem o veterinário para olhar, façam os testes para saber se é leptospirose, são testes de laboratório”, destaca.
Segundo Saalfeld, é importante estar atento aos sintomas. “Eu não posso falar em leptospira sem falar na saúde humana. Preste atenção em dores musculares, na panturrilha, olhos avermelhados, febre alta, pode ser leptospirose. Fique atento, é uma zoonose de extrema importância, que é letal e demanda cuidados. Em relação aos animais, os sintomas incluem urina avermelhada, febre, perda de apetite, e isso vale para todos os animais. Então preste atenção nesses sintomas. E quem tem cachorro na propriedade, o cão é um dos primeiros animais que fica doente, ele é um guardião aí da sua casa e precisa que fiquemos atentos”, indica a veterinária.
“Se protejam, usem botas, macacão impermeável, luvas, principalmente se vocês tiverem contato com as enchentes. Cuidem essa zoonose para que ela não atinja vocês, a propriedade de vocês, os animais de vocês. Fiquem atentos aos sintomas e procurem os médicos e os veterinários quando tiverem este problema dentro da propriedade. Procurem os escritórios da Emater se vocês tiverem necessidade”, finaliza Mara.
Confira outras dicas:
Arboviroses (Dengue, Zika e Chikungunya)
As enchentes favorecem a reprodução do mosquito Aedes Aegyti. Quando a água baixar e for possível, elimine recipientes com água parada e use repelentes para se proteger contra doenças transmitidas pelo mosquito.
Acidentes com animais peçonhentos
Após enchentes, animais peçonhentos podem procurar abrigo nas áreas habitadas. Ao limpar locais inundados, esteja atento a possíveis animais peçonhentos e busque ajuda médica se houver picadas.
Proteção Pessoal
Ao limpar sua casa após uma enchente, proteja-se usando botas, luvas e calças longas para evitar contato com água suja.
Sua segurança e a saúde de sua família são prioridade. Mantenha-se informado sobre medidas de prevenção e siga as orientações das autoridades locais. Em caso de emergência acione os serviços de socorro.
(Com Assessoria Emater/RS)