A população ocupada no agronegócio brasileiro atingiu um novo recorde no terceiro trimestre de 2023, somando 28,5 milhões de pessoas, 14% a mais que no ano anterior, segundo dados divulgados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em colaboração com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). De acordo com o levantamento, esse número representa 26,8% do total de ocupações no país.
Neste contexto, é notável que o agronegócio brasileiro vem em uma espiral de crescimento e inovação constante, mas esse movimento não é recente. Há pelo menos cinco décadas que o setor vem se firmando como o principal motor da nossa economia e com um número cada vez maior de pessoas ocupando cargos estratégicos, o que reflete nos números da balança comercial do segmento. As exportações brasileiras bateram recorde em 2023, atingindo US$ 166,55 bilhões, 4,8% a mais que em 2022, o que representa um aumento de US$ 7,68 bilhões. De acordo com a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o desempenho foi influenciado principalmente pela quantidade embarcada.
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Considerando-se os fatores climáticos que impactaram negativamente os resultados, há de se reconhecer que o cenário registrado é animador, pois revela a força do agronegócio brasileiro e reforça a importância do aprimoramento contínuo e dos investimentos que são feitos ao longo dos anos. Com isso, o segmento foi responsável, em 2023, por 49% da pauta exportadora total brasileira. No ano anterior, a participação foi de 47,5%. Isso só mostra o esforço que o setor tem feito para se reinventar e continuar buscando a diminuição dos custos na produção de alimentos e fibras, enquanto se aproxima da produção sustentável por meio de soluções como bioinsumos e biotecnologias, que estão cada vez mais presentes nas lavouras.
A agricultura brasileira se destaca como uma força vital no cenário global de produção e exportação de alimentos e fibras, desempenhando um papel fundamental no fornecimento não apenas para o mercado doméstico, mas também para o mercado internacional. Essa posição, que inclui a liderança em muitas culturas, traz consigo não apenas oportunidades, mas também uma grande responsabilidade na cadeia do agronegócio mundial.
Neste cenário, além de novas práticas que otimizam o aproveitamento do investimento em defensivos, como os adjuvantes e práticas relacionadas à tecnologia de aplicação, tem crescido o uso de novas tecnologias para o controle de pragas e para melhor absorção e translocação de nutrientes e saúde de plantas, o que tem provocado um avanço na utilização de bioinsumos, biosoluções agrícolas e biotecnologias, fruto de investimentos em pesquisa e desenvolvimento de soluções tão eficientes quanto os produtos químicos, mas com menor ou nenhum impacto ambiental.
Com essas ferramentas que vem agregando tanto a nossa cultura, de janeiro a março de 2024, as exportações brasileiras do agronegócio somaram US$ 37,44 bilhões, recorde para o período, representando um crescimento de 4,4% em relação aos US$ 35,85 bilhões exportados entre janeiro e março de 2023. Os dados são da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (SCRI/Mapa).
Esse aumento reflete a expansão na quantidade embarcada, uma vez que o índice de volume exportado aumentou 14,6%, compensando a queda no índice de preços, que foi de 8,8%. O agronegócio representou 47,8% das vendas externas totais do Brasil no período, um pouco acima dos 47,3% observados no primeiro trimestre de 2023. Mesmo devido aos desafios climáticos provocados por El Niño e La Niña, entre outros fatores, a participação na balança comercial brasileira deverá se manter em destaque, o que é bastante positivo. Trata-se de um momento de relativa instabilidade, mas pontual.
Podemos defender a ideia de que o agronegócio, no cenário global e no cenário doméstico, vai sair dessa instabilidade mais uma vez, como atravessou outros cenários incertos no passado. Logo, a expectativa para 2024, mesmo impactada pelas razões recentes explicitadas anteriormente, é que seja mais um ano de transformação, como vem sendo os últimos anos no setor. Nós, da BRANDT Brasil, vemos uma corrida pela transformação em diversos segmentos: bioinsumos, biotecnologia, explosão de startups com soluções inovadoras, aquisições, investimentos etc. E nesse contexto de transformação, vislumbramos diversas oportunidades de investimentos, além do aprofundamento em questões como ESG, agricultura regenerativa, mercado de carbono, entre outras.
Devemos seguir otimistas e entender o nosso papel como responsáveis por contribuir para a superação dos desafios e o avanço do setor. Isso se faz com trabalho e investimento e não com oportunismo. Por isso, precisamos apostar em P&D e na boa relação com os produtores rurais, entendendo suas dores e necessidades, já que eles são os principais responsáveis por fazer essa roda girar.
(Por Flávio Belluomini Cotrin – Diretor de Marketing e Área Técnica da BRANDT Brasil)