A catástrofe no Rio Grande do Sul paralisou alguns frigoríficos. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) 10 unidades produtoras de carne de aves e suínos suspenderam temporariamente as operações pela impossibilidade de processar insumos e transportar colaboradores. O Estado produz 11% da produção da carne de frango e 19,8% da produção nacional de suínos. Em algumas situações pontuais, a retomada pode levar 30 dias.
O Rio Grande do Sul produz por ano 11 milhões de suínos, o que representa aproximadamente 1 milhão de toneladas de carne/ano. Desse volume, 26% seguem para a exportação. Do restante, metade é consumida pelos gaúchos e a outra metade abastece outros estados.
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As cheias acertaram em cheio o Vale do Taquari, região líder na produção, responsável por uma fatia de 17,7%. Trata-se de um rebanho de quase 2 milhões de animais. Em Roca Sales, granjas foram atingidas pelas enchentes em deslizamentos e à medida que as imagens circulavam, o receio de grandes impactos era cada vez maior.
A semana começou com trégua na chuva e aos poucos os produtores tentam refazer o que foi destruído. O primeiro passo foi desobstruir estradas e estabelecer o acesso às propriedades que ficaram ilhadas. “De terça-feira da semana passada até domingo ficou tudo inacessível. Não tinha como chegar às granjas pela enchente e deslizamentos.
Pontes foram levadas pela enxurrada foi necessário criar um grupo de trabalho do setor da proteína animal envolvendo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado. “Alinhamos ações e definimos a lista de prioridades, o que o setor precisava emergencialmente dos entes. As estradas são fundamentais. Algumas propriedades ficaram realmente ilhadas e sem ração para os animais. Outros, para não deixar a granja sem comida, optaram pelo racionamento”, conta Valdecir Luís Folador, presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS).
A semana começou sem chuva e aos poucos a realidade se mostra mais visível. “Algumas granjas foram afetadas pela água, outras por deslizamentos. Os números ainda não estão fechados, mas preliminarmente estima-se que mais de mil suínos morreram, a maior parte afogado.
As fábricas de rações estão em regiões mais altas. O problema foi que acessos ficaram impedidos. E com logística interrompida, a cadeia produtiva fica prejudicada, uma vez que muitos produtores dependem do transporte dos animais. Com as estradas bloqueadas, essa movimentação torna-se impossível, gerando um transtorno adicional para o setor. “É uma situação delicada. Os frigoríficos também estão sendo afetados pela dificuldade de acesso, o que agrava ainda mais o problema.”
Sobre o abastecimento de carne suína, Folador já vê o cenário com maior clareza e acredita que a oferta não serão tão impactada. “A região mais afetada é responsável por cerca de 25% da produção de suínos do Estado. Os outros 75% estão em áreas que não foram atingidas. Há uma previsão que na região metropolitana de Porto Alegre possa enfrentar desabastecimento, mas não por falta de produção, e sim pela dificuldade de acesso”, finaliza o presidente.
(Da Redação)