A proposta da empresa, além aproveitar a oportunidade comercial de um novo mercado, tem a intenção de tornar acessível a toda a pecuária seu propósito de promover a sustentabilidade dentro do setor, reforçando o equilíbrio entre produtividade e bem-estar animal e humano no manejo.
Como explica a CEO da Beckhauser, Mariana Beckheuser, o produtor de pequeno porte está desassistido em termos de infraestrutura e equipamentos para o manejo, o que o limita no acesso a outras tecnologias, como o uso de inseminação artificial, por exemplo, que requer contenções seguras para se obter resultados efetivos.
Neste cenário, o lançamento representa a revisão da empresa em seu planejamento estratégico, ao avaliar que as soluções do portfolio atual atendem a uma resumida fatia da pecuária, de médio e grande porte, mas chega pouco às pequenas propriedades.
“É comum ouvirmos de produtores do ‘sonho de ter um Beckhauser’, mas que não têm condições financeiras. Isso traz, por um lado, algo muito bom que é o reconhecimento da marca como uma referência de qualidade no mercado. Mas, por outro, a percepção de que para cumprirmos nossa missão é preciso ir além. E, então, decidimos abrir um projeto para entendermos a realidade desse produtor e, a partir de uma pesquisa, viabilizamos o desenvolvimento de uma solução adequada às necessidades desse perfil”.
O resultado de uma colaboração precisa e eficiente
O projeto, inscrito em um edital de fomento da FIEP, foi desenvolvido em parceria entre o time de projetos da empresa e a equipe de engenharia e design do Instituto Senai de Tecnologia em Metalmecânica. O foco da Linha, batizada de Primo – que significa primeiro, básico, e, também, faz referência à agropecuária familiar – é nas propriedades com até 1000 manejos ao ano, algo por volta de até 200 animais.
“Foi muito rico para nosso time esse mergulho para conhecer um universo dentro da pecuária com o qual pouco contato tínhamos. Quebramos alguns paradigmas na nossa visão e isso nos permitiu também criar algo realmente diferente e focado no que atenderá bem ao cliente. Uma visão superficial nos direcionaria para apenas tentar tirar atributos para baixar custo e não necessariamente atenderíamos a real necessidade de manejo dessa forma. Então, a premissa número um do projeto foi o foco no cliente, de forma a encontrarmos o equilíbrio entre ter uma solução prática e enxuta, que viabilize o acesso ao pequeno produtor e que, efetivamente, entregue segurança e produtividade para melhorar o seu negócio pecuário”, destaca o coordenador do projeto, Tiago Beckheuser.
O desenvolvimento da nova linha contou com o uso de ferramentas de alta tecnologia, como a CAE – simulação computacional, em que o projeto mecânico é avaliado com o apoio de um software onde são imputadas cargas que simulam a força e o impacto do animal e do uso no manejo do equipamento. Assim, foi possível à equipe envolvida no projeto identificar os pontos que demandam maior atenção e resistência, e onde haveria oportunidade de diminuir carga, chegando a uma redução de mais de 40% do peso em materiais quando comparado à Linha Total Flex (a principal linha de vendas da empresa para médios e grandes produtores).
A base de contenção escolhido para a linha foi o sistema de Parede Móvel, que oferece uma posição confortável e adequada a trabalhos de reprodução – que, dentro das pesquisas a campo e em interação com diversos profissionais e instituições que atuam nesse cenário, como o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e o Instituto Biossistêmico, foi identificado como um manejo importante, já que esse produtor frequentemente consorcia a atividade de cria com o leite.
O novo equipamento também traz uma exclusiva pescoceia larga, com dois pontos de contato com o pescoço do animal, garantindo maior firmeza na contenção para trabalhos na cabeça, se aproximando dos resultados positivos de equipamentos com duas pescoceias. E, ainda, conta com a mesma essência da linha Beck Total Flex, conceito lançado pela Beckhauser e que permite ao cliente customizar o equipamento de contenção conforme a necessidade. O produtor pode escolher entre um monobloco central com cambão e pescoceia, ou adicionar protetor contra coices.
Há, também, a opção de adicionar uma cabine de entrada (cabine do veterinário). O dispositivo é essencial para reprodução e um dos destaques do projeto, ganhando um nome próprio – “Cabine Garra” – pela sua forma inovadora de funcionamento.
“Inspirada na natureza, utilizando os conceitos de biomimética, pensamos nas garras de animais que atacam outros na natureza, com agilidade e fechamento firme e preciso: como formigas, por exemplo. Com sistema de funcionamento ágil e prático, essa cabine é pendurada ao bloco central, com estrutura mais leve que as usuais de outras linhas e que possuem piso embutido”, complementa Tiago.
A Linha Primo ainda é preparada para a instalação com balanças eletrônicas, algo que foi identificado ao decorrer da análise de mercado: que esse pequeno produtor também quer e precisa levar tecnologia para evoluir sua produção e que isso tem ganhado mais ênfase com a mudança geracional em curso na pecuária.
“A balança é um instrumento fundamental para isso, pois permite controlar resultados do negócio”, complementa o coordenador.