Se o El Niño foi uma grande preocupação para os produtores rurais de todo o Brasil entre o final de 2023 e o início desse ano, o segundo semestre já reserva um novo ponto de atenção. O fenômeno La Niña, previsto para chegar a partir de julho, pode impactar seriamente a produção agrícola nacional. Enquanto no Norte e no Nordeste, a tendência é de chuvas acima da média, no Sul, o cenário deve ser pautado por uma maior irregularidade.
“Especialmente no Sul, há uma preocupação grande, porque a região passou por um longo período de seca antes do El Niño, que, diga-se de passagem, perdeu força, mas, ainda causa seus efeitos. E, no segundo semestre, essa situação de seca pode voltar a acontecer”, explica o meteorologista e diretor da ignitia Inteligência Climática, João Rodrigo de Castro.
Aumenta produção de amendoim, mandioca, arroz e feijão no MS
Mais de 50 pets de raça são resgatados em estado deplorável
Castro aponta ainda outro problema que a chegada de La Niña poderá trazer. “Outra situação com grande possibilidade de acontecer na primavera é a de episódios de frio mais intenso. Na agricultura, essa condição poderá afetar especialmente as culturas que estiverem na etapa de crescimento. As geadas tardias são uma verdadeira ameaça”, complementa.
Levantamento realizado pela empresa de inteligência climática ignitia, aponta que em 2021 a agricultura nacional foi fortemente impactada por conta de La Niña, com a região Sul sofrendo com a estiagem, o que impactou diretamente as produções de milho e de soja. Enquanto isso, os vizinhos Uruguai e Argentina passaram por crises hídricas e grandes quebras. “A verdade é que ainda não é possível saber a dimensão do fenômeno neste ano, mas, se vier com a mesma intensidade de três anos atrás, será realmente um grande problema, com impactos sérios na produtividade em vários Estados brasileiros”, afirma o meteorologista.
Impactos no Pantanal
No Mato Grosso, a parte Sul do Pantanal é motivo de grandes preocupações, já que a região está encerrando a estação chuvosa em situação de seca. “Infelizmente, já temos uma situação estabelecida bastante complicada. Com a chegada de La Niña, é difícil pensar em uma recuperação. É provável que tenhamos uma situação de degradação da vegetação e alto risco de incêndios para o período final da estação seca”, esclarece Castro.
Ainda segundo Castro, contar com uma ferramenta de inteligência climática é uma das melhores opções para os produtores rurais, já que assim é possível se prevenir e adotar as medidas cabíveis, de acordo com o que o clima vai reservar.
Qual é a diferença entre El Niño e La Niña?
A principal característica do El Niño é o aquecimento das águas do Pacífico em 0,5ºC ou mais. Esse fenômeno costuma levar chuvas intensas ao Sul do Brasil e provocar seca na região Norte.
Já La Niña acontece quando o Pacífico está ao menos 0,5ºC abaixo da média histórica, trazendo o resultado oposto: intensidade de chuvas no Norte e no Nordeste e estiagem na região Sul.
(Com Assessoria Ignitia)