Comercialização de soja em 45% da sua capacidade, e déficit em 100 milhões de toneladas geram gargalos no agronegócio brasileiro
Atualmente, o Brasil possui uma comercialização de soja em 45% do total de sua produção. Levando em consideração a previsão da Biond Agro na produção de soja em 2024, na ordem de 152 milhões de toneladas, o Brasil já vendeu aproximadamente 68,5 milhões de toneladas da safra 23/24. Fazendo um comparativo com o andamento das vendas desta safra com a média geral, há um significativo atraso. Nos outros anos, no mesmo período, o Brasil já tinha comercializado cerca de 58% do total.
Esses valores demonstram certa instabilidade no ritmo de vendas dos grãos de soja e, consequentemente, nos riscos na cadeia logística para o segundo semestre. Essa é uma preocupação recorrente no cenário agrícola do país. Safras recordes e concentração de cargas resultam em baixas para o setor. Há anos, os investimentos na infraestrutura estão em descompasso com o avanço agrícola, evidenciando gargalos e aumento de custos na cadeia produtiva.
O primeiro descompasso no investimento e risco para uma safra é o déficit de armazenagem. Em 2019, esse déficit era de mais de 60 milhões de toneladas, ou seja, a produção de grãos supera a capacidade de armazenagem, agora em 2024 esse déficit já ultrapassa os 100 milhões de toneladas. Outro ponto é a utilização de modais pouco eficientes para longas distâncias. A participação do modal ferroviário nas exportações de soja e milho do Brasil saiu de 45% em 2018 para 36% em 2024.
“Esse último tópico poderá ter avanços caso a ferrogrão seja liberada. O projeto foi barrado pelo STF e um grupo de trabalho do governo foi criado para analisar melhor o projeto a conclusão do estudo será em 11/06/24 – os 933 quilômetros da Ferrogrão irão acompanhar o traçado da BR-163, ligando o município de Sinop (MT) ao distrito de Miritituba (PA) – a área de influência da ferrogrão é de todo o Médio Norte e Norte de Mato Grosso – regiões que produzem mais de 40 milhões de tons. Só esses dois fatores provocam em toda cadeia uma elevação de custos, que no fim se refletem em um “desconto” na saca de milho ou soja negociada pelo produtor”, comenta o líder de inteligência e assessoria da Biond Agro, Felipe Jordy.
Análise para os riscos do segundo semestre
A comercialização em ritmo lento e a entrada do milho safrinha a partir de meados de maio ditarão uma maior concentração no escoamento da safra, tal movimento não criará cadência entre carga e descarga pressionando ainda mais os armazéns que já se encontram em déficit de capacidade, toda a cadeia logística e o custos para os produtores.
Atualmente, a baixa comercialização vem contribuindo para redução dos fretes, especialmente o rodoviário; porém, no “destravar” das vendas da soja, na iniciação da colheita e transbordo do milho e demais culturas, esse modal será altamente demandando, podendo acarretar na elevação dos custos.
“O modal rodoviário é essencial para curtas distâncias e para transbordo de mercadorias, todavia, pelo baixo investimento em outros modais, o rodoviário torna-se essencial também para o escoamento em longas distâncias”, comenta Jordy.
Nesse sentido, a Biond Agro gera uma leitura de mercado e dos fluxos logísticos que ajudam a mitigar o estrangulamento de transporte para os produtores. O objetivo na análise geral é pela busca de uma sustentabilidade econômica para os produtores brasileiros. A mitigação de risco e o acompanhamento dos custos é vital para obter bons resultados.
“A situação de concentração de grãos e dificuldades logísticas, apesar de ser um problema crônico no país, para produtores que possuem políticas de venda, de risco e capacidade de infraestrutura conseguem não só se sobressair desses gargalos, mas também encontrar oportunidades nesses momentos”, finaliza Jordy.
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