Cerca de 60 técnicos e produtores participaram, na ExpoLondrina, de uma reunião técnica sobre a produção de abelhas organizada pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná). É o primeiro evento que trata do tema na feira.
“Além de oferecer uma opção de renda para a agricultura familiar, a presença de abelhas é um indicador de sustentabilidade da propriedade. Este é um marco. Este evento, com certeza, passará a integrar o calendário da ExpoLondrina”, destacou Vania Moda Cirino, diretora-presidente em exercício do IDR-Paraná.
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O encontro teve como objetivo discutir questões técnicas, ambientais e mercadológicas envolvidas na cadeia produtiva da meliponicultora – espécies nativas, sem ferrão – e da apicultura (abelhas africanizadas).
“É possível conciliar a atividade com a produção agrícola em geral”, afirma o extensionista Renan Ribeiro Barzan, gerente regional de Londrina e coordenador do evento. Própolis, geleia real e mel são produtos resultantes da atividade.
O pesquisador Décio Gazzoni, da Embrapa Soja, apontou que produtores de soja podem se beneficiar com incremento de até 13% na produtividade da soja utilizando abelhas na polinização das lavouras. “E o mel de soja é claro, leve e não cristaliza mesmo em baixas temperaturas”, explicou.
Ele aponta, porém, que esse não é o maior benefício das abelhas. “Em escala global, o mais importante produto das abelhas não é o mel ou o própolis, mas o serviço ecossistêmico de polinização”, afirmou.
De acordo com o pesquisador, a convivência entre criadores de abelhas e a produtores de grãos é possível com diálogo e comunicação, além da adoção de boas práticas agronômicas pelo apicultor e pelo agricultor, especialmente o manejo integrado de pragas e doenças, evitando fazer aplicações de agrotóxicos durante o período de florescimento das lavouras.
NATIVAS – Marlon Tiago Hladczuk, extensionista do IDR-Paraná que orienta criadores em Prudentópolis, explicou que há mais 300 espécies de abelhas nativas no Brasil. “É uma opção de fonte de renda extra para o produtor rural e também para produtor de área urbana, com a venda de enxames e polinização para culturas protegidas como tomate, morango e olericultura”, explicou.
No Paraná, há mais de 30 espécies sem ferrão, como jataí, mandaçaia e tubuna. “A atividade não tem concorrência no mundo. Temos algo único, de valor agregado e que não tem competidores”, afirmou.
O produtor de Londrina Miguel Gomes Celestino, que tem 150 colmeias de oito espécies de abelhas e vive exclusivamente da apicultura, fazendo parceria com produtores de soja e laranja, levou para a feira sua experiência. “Dá para viver da atividade tranquilamente, você não precisa ter terra na apicultura”, disse.
“É uma atividade interessante porque envolve a família. Meu pai, minha mãe, minha irmã, todos ajudam, toda a família está participando”, diz Alexandre Santos de Souza, de Cambé. Ele maneja 2 mil colmeias e cerca de 18 espécies, e tem parceria com 32 propriedades agrícolas.
PRODUÇÃO – De acordo com o IBGE, o Paraná é o segundo maior produtor de mel no Brasil, contribuindo com 14,2% da produção total do País. Em 2022, a produção nacional foi de 60.966 toneladas, representando um aumento de 9,5% em relação a 2021.
REALIZAÇÃO – Para realização do primeiro Encontro Regional de Meliponicultura e Apicultura, o IDR-Paraná contou com a parceria da Organização Não-Governamental de Desenvolvimento e Ambiente (Onda) e o apoio da Secretaria Estadual de Agricultura (Seab), Sebrae, Embrapa e Sociedade Rural do Paraná.
(Com AEN/PR)