Pequenos e médios produtores rurais pagam além ou deixam de receber créditos tributários por falta de tecnologia contábil e fiscal
O agronegócio brasileiro está entre os mais desenvolvidos do mundo e responde por cerca de 25% do PIB nacional. Juntas, as 100 maiores empresas tiveram receita de R$2,23 trilhões em 2023, segundo dados da S&P Capital IQ Pro, publicados na revista Forbes Agro 100. São mais de 10 mil empresas de agronegócio no Brasil. Mas, tirando a elite que compõe o topo da pirâmide, a maioria dos produtores rurais médios e pequenos que têm seus sítios e fazendas no interior do país, desconhece a existência de tecnologia para gestão contábil, tributária e fiscal, perdendo receita por pagar tributos indevidos ou por não recorrer aos benefícios da recuperação de crédito.
O advogado Pedro Schuch, sócio da consultoria Tax Group, especializado em agronegócio, entende que o uso de tecnologia de gestão pode representar uma nova revolução no campo.
“O setor tributário é como se fosse uma bola de ferro no calcanhar do produtor. Ele paga os tributos, muitas vezes de forma indevida, muitos nem sabem que existem recursos para recuperar créditos, e ainda assim consegue performar acima da média do mercado mundial. Imagine se conseguissem se livrar dessa bola de ferro?”, diz ele.
A reforma tributária traz oportunidades para o setor, mas também há desafios e é esperado um possível aumento na carga tributária, estimada de 10% a 12%, segundo Schuch. O especialista comenta que, atualmente, as empresas não pagam PIS/ Cofins e ICMS, tributos que serão cobrados com a reforma. Isso, naturalmente, vai incidir nos custos de produção, com impacto em toda a cadeia (indústria, varejo) até o consumidor final.
“Os empresários do setor precisam estar preparados para essas mudanças. Ainda há muito espaço para a melhoria nos sistemas de leitura de nota fiscal, de cálculo e cruzamento de dados tributários, de apuração de custos tributários versus logística, de mapeamento e cruzamento de oportunidades tributárias e de regimes especiais, de compliance fiscal e tributário, identificação de ativos versus passivos. O uso de ferramentas inteligentes de gestão tem o poder de trazer para o campo uma eficiência não só da porteira para dentro, no setor produtivo, mas também da porteira para fora, no setor de gestão tributária do negócio”, finaliza Schuch.
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