Sara Valério Machado estava insatisfeita com a própria vida profissional, no início de 2022. Pediu demissão da sorveteria em que trabalhava como gerente de produção, em Ortigueira, nos Campos Gerais, e tirou o ano para adquirir conhecimento. Nessa busca, Sara conheceu a atuação do SENAR-PR. No sindicato rural do município fez a matrícula para o primeiro curso e não parou mais: já são mais de 15 capacitações concluídas. O esforço valeu a pena. Sara conquistou uma nova vaga no mercado de trabalho e planeja continuar evoluindo.
“Eu estava insatisfeita. Tinha que percorrer 15 quilômetros de moto para chegar à sorveteria. Decidi mudar a minha vida. Eu me organizei para ficar um ano sem trabalhar, só estudando, mas não tinha dinheiro para investir. Foi aí que descobri o SENAR-PR”, conta.
- Produtores podem contar com soluções genéticas para reduzir nematoides nas lavouras de soja
- Exportadores avícolas projetam negócios de mais de US$ 650 milhões nos próximos 12 meses
Em menos de um ano, Sara concluiu capacitações em inúmeras áreas, começando pelo curso de aplicação de agrotóxicos e, logo em seguida, títulos relacionados a maquinários, como escavadeira elétrica, motoniveladora, pá-carregadeira e retroescavadeira. Também fez treinamentos mais abrangentes, como o de gestão rural. Enquanto isso, iniciou o processo para mudar sua carteira de habilitação para a categoria D – que permite ao condutor dirigir veículos como caminhões, tratores e máquinas agrícolas, além de ônibus e vans.
“Meu foco passou a ser trabalhar com maquinário, mas fiz curso de tudo que aparecia. Em gestão rural, por exemplo, aprendi conceitos que vou levar para a vida”, aponta Sara.
Logo, Sara começou a fazer movimentos visando sua recolocação profissional. Enviou currículos e, de cara, foi chamada para uma entrevista para trabalhar conduzindo uma escavadeira hidráulica. Porém, na ocasião, ela não tinha tomado a terceira dose da vacina contra a Covid-19 e a contratação bateu na trave.
Sara não desistiu. Se inscreveu no recrutamento de uma empreiteira que ganhou duas licitações para pavimentar rodovias na região. Quando chegou para a entrevista de emprego, ela teve uma surpresa: havia 77 candidatos disputando as vagas voltadas a condutores de máquinas e mais de 170, a servente de obras. Todos eram homens. Ao longo do processo, Sara sentiu o machismo de seus concorrentes.
“Só tinha eu de mulher. Eu via os olhares, ouvia eles dizendo: ‘Você está roubando minha vaga’. Teve muito preconceito, mas fiquei bem tranquila”, diz. “Quando tinha 18 anos, fui a primeira mulher de Ortigueira a trabalhar como frentista de posto. Eu aprendi a me impor pelo respeito”, acrescenta.
Sara foi aprovada e contratada para dirigir um caminhão-pipa. Feliz com a nova oportunidade, ela não quer parar por aí. Pretende continuar se capacitando e evoluindo no mercado de trabalho. O próximo passo é criar condições para fazer faculdade de psicologia e inspirar outras pessoas a se capacitarem.”Conhecimento é a chave de tudo. Meu filho, mesmo, já fez curso de informática no SENAR-PR. Só não fez mais porque ainda tem restrição de idade. Eu digo que ele vai se tornar instrutor. Eu gosto do setor rural, quero continuar trabalhando por um tempo. Mas também tenho o sonho de fazer psicologia, para poder ajudar no desenvolvimento das pessoas”, conta Sara Valério Machado, aluna dos cursos do SENAR-PR
Primeiro lugar no concurso
No Sudeste do Paraná, o SENAR-PR também foi determinante para uma mudança profissional na vida de César de Andrade. Em 2017, ele trabalhava como auxiliar de serviços gerais, no município de Teixeira Soares, quando um colega de trabalho passou conhecimentos sobre manobrar máquinas pesadas. O novato começou, aos poucos, a fazer pequenos serviços na pá-carregadeira e, depois, na retroescavadeira, pegando gosto pela coisa. Logo, no entanto, ele teve que deixar a cabine dos maquinários. Isso porque Andrade tinha sido contratado para auxiliar e o fato dele operar máquinas poderia configurar desvio de função e, futuramente, implicar problemas trabalhistas para a empresa.
“Eu comecei a pegar gosto pelas máquinas. Com a ajuda de um colega, de nome Almir, eu fui pegando o jeito. Eu tive que parar [de operar as máquinas] para evitar o desvio de função, mas fiquei com a certeza de que aquele era um bom caminho profissional”, relembra Andrade.
A partir de então, Andrade passou a estudar para prestar concursos públicos em prefeituras. Fez a primeira prova em 2018, mas, apesar de ter se dedicado bastante aos livros, não conseguiu ser aprovado. Em seguida, prestou outro concurso, no município vizinho de Fernandes Pinheiro. Chegou a passar na prova escrita, mas foi reprovado na prova prática. Isso porque Andrade não tinha experiência em motoniveladora – a máquina usada no exame.
“No dia da prova prática, colocaram uma patrola [motoniveladora] e minha nota foi lá para baixo. Eu tinha experiência em pá-carregadeira e retroescavadeira. Foi frustrante”, define Andrade.
Depois do fim das restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus, em 2022, Andrade se inscreveu no curso “Motoniveladora – patroleiro”, ofertado pelo SENAR-PR, em Guamiranga, também Sudeste do Paraná. Ali, além de aprender a operar profissionalmente o maquinário, o aluno também teve acesso a conteúdo que contemplava legislação de trânsito, Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), inspeção e regulagem dos implementos e noção de primeiros socorros.”Foi um curso completo, com teoria e prática. Eu já tinha começado a trabalhar com a patrola, mas o professor explicou detalhes, deu muitos macetes. Foi excelente” garante, César de Andrade, aluno dos cursos do SENAR-PR.
Logo depois da capacitação, Andrade prestou um concurso da Prefeitura de Irati, na região Sudeste. Mais uma vez, ele passou na prova escrita e a avaliação prática seria feita em uma motoniveladora. Desta vez, o candidato fez 100 pontos – em uma escala até 100 –, sendo aprovado em primeiro lugar.
“O curso do SENAR-PR ajudou com certeza. Fez com que eu aprimorasse minhas técnicas. O professor era muito sangue bom”, diz Andrade. “Eu continuo trabalhando em Guamiranga, mas avaliando qual vaga será a melhor para mim, para ter isso definido quando tiver a convocação da Prefeitura de Irati”, acrescenta.
Mercado de trabalho
Instrutor não só do curso de motoniveladora, mas de outros títulos do SENAR-PR relacionados a máquinas pesadas, Marcos Rodrigues ministra capacitações em todas as regiões do Paraná. Ele conta que tem visto, na prática, inúmeros casos de ex-alunos que conquistaram uma vaga no mercado de trabalho, após terem frequentado um curso do SENAR-PR.”O SENAR-PR preza muito por esse foco no mercado de trabalho. Além de o aluno entender como funciona a máquina e de aprender a operá-la, nós também trabalhamos esse olhar diferente em relação à prestação de serviços. Sempre abordo temas, como o que as empresas buscam, como se comportar em uma entrevista, para que eles tenham uma visão mais abrangente”, afirma Marcos Rodrigues, instrutor do SENAR-PR.
“Também mantenho um relacionamento pós-curso com os alunos, por grupos de WhatsApp. Vejo muitas histórias de sucesso”, conta.
No caso específico da motoniveladora, o instrutor aponta que há uma demanda por operadores, principalmente em prefeituras. Por isso, quem fizer o curso, tem boas chances de conseguir uma colocação profissional. “As prefeituras conseguem operadores para a chamada linha amarela, pás-carregadeiras, tratores de esteira… mas para motoniveladora não conseguem achar. Existe uma demanda. E as prefeituras que quiserem levar o curso, também podem procurar o SENAR-PR”, orienta.
Voltado a produtores e trabalhadores rurais, o curso “Motoniveladora – patroleiro” tem por objetivo ensinar a operação nesta máquina, bastante utilizada na abertura e manutenção de estradas rurais. Além de aprender os comandos e técnicas operacionais, o participante também aborda normas e segurança do trabalho, legislação específica e noções de primeiros socorros, entre outros conteúdos. Para mais informações, acesse o catálogo de cursos do SENAR-PR.
Por (Faep)