Situação no Hemisfério Sul provavelmente aumentará essa pressão, aponta hEDGEpoint Global Markets
À medida que a colheita das safras de primavera no Hemisfério Norte avança, o foco do mercado se volta ainda mais para o Hemisfério Sul, pois as safras na Argentina e na Austrália entram em seus meses críticos de desenvolvimento.
“Mesmo com o grave declínio na produção da Austrália devido ao El Niño e a ‘não tão boa’ recuperação da safra da Argentina, esses países ainda estão entre os principais exportadores e, juntos, serão responsáveis por cerca de 15% das exportações globais de acordo com as estimativas atuais do USDA. Consequentemente, os impactos em suas safras continuam sendo relevantes para o balanço mundial de oferta e demanda de trigo”, afirma o analista de grãos e macroeconomia da hEDGEpoint Global Markets, Alef Dias.
Argentina
Segundo o analista, na Argentina, pode-se dizer que a situação da safra melhorou ligeiramente nas últimas semanas, mas isso não significa que não haja espaço para cortes na estimativa atual do USDA.
As recentes chuvas registradas no centro e no leste da área agrícola produziram uma melhora nas condições hídricas. As condições adequadas/ótimas aumentaram em 5,3 p.p., deixando para trás os mesmos níveis de 22/23.
“No entanto, a situação geral da safra continua desafiadora. As condições boas e excelentes da safra permanecem no mesmo nível do ano passado (18%) e a maioria das áreas de safra da metade ocidental dos Pampas ainda sofre com a falta geral de umidade, o que merece atenção. As plantações nessas regiões estão precisando de mais suprimento de água, que deve ser fornecido imediatamente para evitar uma redução significativa da produtividade, já que elas estão entrando na estação de desenvolvimento principal no início de setembro”, diz.
De acordo com o gráfico (4), esse não parece ser o caso para os próximos 15 dias, já que se espera que a maior parte do país registre níveis de precipitação abaixo da média.
Diante desse cenário, o rendimento atual estimado pelo USDA parece otimista demais e provavelmente será ajustado nos próximos meses. A estimativa atual da Bolsa de Buenos Aires divulgada esta semana é de 16,5M mt, mas se esse cenário de seca para setembro se confirmar, até mesmo esse número pode estar em risco, segundo o analista.
Austrália
Segundo recente relatório “Trigo: mercados podem estar se esquecendo dos problemas da Austrália”, pela hEDGEpoint Global Markets, no que diz respeito aos maiores exportadores de trigo, a Austrália é provavelmente a mais afetada pelo El Niño, e as condições da safra naquela época não eram nada boas – e a situação não mudou muito desde então.
“Desde o início de julho, condições de seca têm se mantido em toda a Austrália. Embora tenha havido pequenas pancadas de chuva no início e em meados de agosto, as circunstâncias áridas ressurgiram na última quinzena (com exceção de algumas regiões da Austrália Ocidental). As previsões meteorológicas estão antecipando chuvas abaixo da média para os próximos 15 dias nas principais regiões produtoras”, diz Alef Dias.
Consequentemente, segundo ele, o Australian Bureau of Agricultural and Resource Economics and Sciences (Abares) rebaixou suas estimativas para a produção de trigo em 800 mil toneladas, para 25,4 milhões de toneladas. Esse número é 3,6 milhões de toneladas menor do que o estimado atualmente pelo USDA.
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