Nesta quarta-feira (21), milhares de agricultores, acompanhados de centenas de tratores, estão realizando uma manifestação nas ruas do centro de Madri, protestando contra as políticas agrícolas europeias e também criticando o governo espanhol. Este protesto é considerado o maior já registrado na capital espanhola.
De acordo com as autoridades, foi permitida a entrada no centro da cidade de 500 tratores, os quais se dirigiram para Madri desde o início da manhã em cinco comboios originários de diferentes regiões. O ponto de encontro dos tratores foi a Porta de Alcalá, um dos ícones de Madri, onde agricultores, que chegaram em ônibus, também se concentraram desde cedo.
Vestidos com coletes amarelos reflexivos, portando chocalhos, apitos, vuvuzelas, bandeiras da Espanha e cartazes, os agricultores criticam “a asfixia” dos regulamentos europeus e a suposta passividade do governo espanhol diante da burocracia e das regras impostas.
Alguns dos cartazes e faixas exibidos pelos agricultores ou afixados nos tratores trazem mensagens como “Anistia para o campo, não burocracia”, “Não somos a Espanha esvaziada, somos a Espanha abandonada” e “Se o campo não produz, a cidade não come”.
Conforme a convocação para a manifestação, autorizada pelas autoridades, tratores e agricultores a pé seguirão para o Ministério da Agricultura, localizado na rotunda de Atocha, no início da tarde, onde também já se concentram centenas de pessoas.
Desde cedo, os manifestantes ocupam a rotunda da Porta de Alcalá, e a Câmara Municipal de Madri alertou sobre complicações no trânsito e nos transportes públicos no centro da cidade devido ao protesto, com 127 linhas de ônibus afetadas ou suspensas.
A manifestação foi convocada pela associação União de Uniões, que alegou que as autoridades vetaram a entrada em Madri de pelo menos 800 tratores, apesar de haver 1.500 veículos preparados para participar do protesto.
A Delegação do Governo afirmou, em comunicado, que impediu a entrada de 150 tratores que excediam o limite de 500 veículos estipulado na convocação do protesto.
Assim como em outros países da União Europeia, os agricultores espanhóis têm protestado nas ruas todos os dias desde 6 de fevereiro, convocados por associações de agricultores e também de forma informal nas redes sociais. O ministro da Agricultura, Luis Planas, declarou que o governo espanhol respeita o direito à manifestação dos agricultores e espera que a ação ocorra sem problemas.
Na semana anterior, o governo apresentou um pacote de 18 medidas em resposta às reivindicações dos agricultores, mas as confederações do setor decidiram manter os protestos já agendados, apesar de reconhecerem “avanços importantes”.
Estas medidas e propostas, apresentadas pelo ministro Luis Planas, incluem diversas propostas para a flexibilização das regras da Política Agrícola Comum (PAC), simplificação de procedimentos, redução da burocracia e maior rigor para produtos importados, através das chamadas “cláusulas espelho” (que aplicam às importações as mesmas regras de produção dos Estados-membros).
A Espanha é o principal exportador da UE de frutas e legumes. Os agricultores europeus, incluindo os de Portugal, têm protestado nas últimas semanas exigindo a flexibilização da PAC e mais apoios ao setor.
(Com informações da Agência Brasil)