Para garantir a produtividade e o sucesso desse setor, é fundamental compreender e otimizar todos os aspectos relacionados à reprodução dos bovinos leiteiros.
Entre esses fatores, a nutrição desempenha um papel crucial no desempenho reprodutivo dos animais. A qualidade e o equilíbrio da alimentação têm impacto direto na fertilidade, na saúde e na eficiência do rebanho leiteiro.
Nesse texto, exploraremos a influência da nutrição na reprodução de bovinos leiteiros, examinando os principais aspectos nutricionais que afetam a ciclicidade estral, a fertilidade pós-parto e o sucesso reprodutivo geral das vacas leiteiras.
Além disso, compreenderemos a relação entre a nutrição e a reprodução bovina para a adoção de estratégias alimentares adequadas, promovendo a saúde reprodutiva dos animais e maximizando a eficiência e a lucratividade da pecuária leiteira.
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Retorno da ciclicidade estral
A primeira etapa para uma reprodução eficiente em bovinos leiteiros é a ciclicidade estral das fêmeas após o parto.
No início da lactação, ocorre a mobilização intensa de nutrientes para a produção de leite, tornando a demanda de energia para a lactação prioritária e, em muitos casos, ocorre o detrimento das funções reprodutivas.
Entretanto, a curva de consumo de matéria seca não acompanha a curva de produção de leite, o que faz com que o animal mobilize energia dos demais tecidos, principalmente das reservas adiposas, para assegurar a produção de leite.
Por esta razão, mesmo sem conseguir consumir nutrientes suficientes para atender as demandas de produção e mantença, a pode manter a alta produção e teores de sólidos do leite. Em contrapartida, isto representará um problema para a reprodução, uma vez que o retardo da ovulação tem sido repetidamente correlacionado com o status energético.
Esquema de comparação entre consumo de matéria seca, produção de leite e peso corporal. Fonte: José Victor Isola (2019)
Balanço energético e a influência na nutrição
A nutrição desempenha um papel fundamental na regulação hormonal e na manutenção de um ciclo estral regular e a energia é o principal nutriente de que os bovinos adultos necessitam. Vacas que permanecem em balanço energético negativo (BEN) podem apresentar algumas particularidades:
- Demorar mais para a retomada dos ciclos ovulatórios;
- Possuir pior qualidade de ovócito e dos embriões;
- Maior dificuldade para manutenção da prenhez.
Vacas de alta produção são geralmente acometidas por um BEN mais severo, onde ele se inicia nas últimas semanas de gestação, em razão da diminuição de consumo dos animais e posteriormente início e pico de lactação.
Quando vacas estão em BEN, há o aumento das concentrações sanguíneas de ácidos graxos não esterificados (AGNSs), ureia e B-hidroxibutirato, enquanto as concentrações de IGF-I, glicose e insulina estão baixas, uma vez que estes metabólitos são destinados para a síntese de leite.
Os efeitos deletérios do BEN após o parto podem ser ainda mais evidenciados quando houver perda de condição corporal nas vacas por ocorrer maior mobilização de reservas corpóreas e produção desses metabólitos.
A principal via de controle da reprodução de fêmeas bovinas pela nutrição, ocorre pela alteração na secreção de GnRH.
Durante o período pós-parto ocorre o aumento dos metabólitos oxidáveis que são os metabólicos circulantes indicados como responsáveis por estimular a liberação de GnRH. Porém, as substâncias oxidáveis, como glicose, ácidos graxos não esterificados e alguns aminoácidos, parecem ser os principais agentes que ativam as rotas neuro-endócrinas responsáveis pelo controle da reprodução em bovinos.
Estudos demonstram que a escassez de energia reduz a frequência de pulsos do hormônio luteinizante (LH), assim comprometendo a maturação do folículo e a ovulação e reduz o comportamento de cio pela redução da responsividade do sistema nervoso central ao estradiol, em razão da diminuição de alguns tipos de receptores de estrogênio no cérebro.
Variáveis que afetam a reprodução de bovinos. Fonte: Beefpoint
De maneira geral, estudos trazem que a primeira ovulação pós-parto ocorre de 10 a 14 dias pós o ponto mais baixo de BEN.
Perdas acentuadas de peso e ECC causados pela alimentação inadequada ou doenças pós-parto estão diretamente relacionadas a condições de anestro e anovulação, ou seja, o animal estar em um período de completa inatividade sexual, comprometendo o desempenho reprodutivo.
Uma alternativa para a composição da fração energética da dieta é o uso, por exemplo, de gordura protegida. Esses ingredientes são inertes durante a passagem pelo rumem, sendo absorvidas apenas no intestino e fornecem de 2,5 a 3 vezes mais energia que os carboidratos. Este uso permite o aumento da densidade de energia da dieta e melhora a lactação e reprodução.
Balanço proteico e influência na reprodução
Além das necessidades de energias, vacas leiteiras em lactação demandam grandes quantidades de aminoácidos metabolizáveis para produção de proteína do leite. Dietas com proteína bruta limitada podem afetar a microbiota e fermentação ruminal, o que pode refletir a diminuição do consumo e, consequentemente, redução da produção de leite.
Entretanto, níveis de proteínas acima da necessidade está envolvido com aumento das concentrações de amônia e ureia no leite e no sangue, que são relacionadas a baixa de fertilidade.
Estudos demonstram que bovinos alimentadas com excesso de proteína possuem menor fertilidade por alterações na fisiologia uterina, com queda no pH uterino durante o início da fase outra do ciclo estral, menor manutenção da prenhez e desenvolvimento embrionário.
Por serem mais eficientes no aproveitamento de proteínas durante a lactação, as dietas são balanceadas para níveis moderados de proteína bruta e para fornecer proteínas metabolizáveis e aminoácidos limitantes, não se justificando utilizar dietas com concentrações de proteína que irão aumentar o nitrogênio ureico e prejudicar a fertilidade dos animais.
A composição da fração proteica também contribui para o sucesso da reprodução, especialmente os aminoácidos. Estudos demonstram que a suplementação com metionina protegida altera a expressão gênica em embriões em fase pré-implantação e reduz as perdas gestacional subsequentes em vacas leiteiras em lactação.
Percebemos assim que uma dieta balanceada e a correta suplementação nutricional são essenciais para a manutenção da saúde reprodutiva das fêmeas e para o aumento da taxa de concepção.
Investir em práticas de manejo nutricional adequadas e contar com apoio de profissionais capacitados é fundamental para garantir a eficiência reprodutiva e o sucesso da pecuária leiteira.
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