Após a informação de que o Governo Federal recebeu um lote de filé de tilápia importado do Vietnã, ainda no mês de dezembro do ano passado, vir a tona, a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) demonstra preocupação em relação à cadeia da produção de peixes de cultivo como um todo.
Em nota, o presidente da Peixe BR, Francisco Medeiros, alerta para os riscos sanitários que a importação do produto pode trazer para o país. “Não temos informações se o lote passou por todas as análises de riscos sanitários, de maneira a garantir sua segurança para consumo. Da mesma forma, não conhecemos o processo de criação e de processamento da tilápia no Vietnã, o que também consideramos preocupante”, ressalta.
O que motiva a importação?
O presidente executivo da Peixe BR também levanta questionamentos em relação à necessidade da importação, uma vez que a produção nacional tem crescimento significativo a cada ano e a qualidade do produto é inquestionável em nível mundial. “A importação em si causa muita estranheza, já que o Brasil é o quarto maior produtor mundial de tilápia, cultiva a espécie segundo os mais rígidos critérios de boas práticas – incluindo alimentação balanceada e controle sanitário. A tilápia brasileira prima pela qualidade e é, sem dúvida, uma das melhores do mundo. E a oferta interna cresce ano após ano”, aponta Medeiros.
Impacto econômico e social
Além disso, outro ponto que gera apreensão é a representatividade econômica e social da cadeia da produção de tilápia no Brasil. “A piscicultura brasileira é uma atividade em expansão, que reúne mais de 1 milhão de produtores – sendo a expressiva maioria de pequenos – e gera igualmente cerca de 1 milhão de empregos. A representatividade social da atividade é gigantesca. A importação pode comprometer a própria sobrevivência de pequenos piscicultores”, alerta.
O valor pago pelo quilo também é questionado pela Associação. “Temos muitas dúvidas sobre o custo da importação, tendo em vista que os valores pagos são inferiores ao custo de produção no Brasil. Isso é dumping”, assinala o dirigente da Peixe BR.
A Associação afirma está em contato permanente com o Ministério da Pesca e Aquicultura, o Ministério da Agricultura e Pecuária e o Ministério do Trabalho e do Emprego para saber se foram realizadas todas as análises de risco sanitário necessárias e entender os motivos da importação.