A tranquilidade dos pássaros que habitam a Ilha do Mel, em Paranaguá, no Litoral do Paraná, foi levemente interrompida na sexta-feira (12). Desde os primeiras raios de sol, no começo da manhã, um grupo de visitantes observadores do Passarinhar Paraná tentou acompanhar o movimento das aves munido de binóculos e um guia sobre as espécies. Eles conseguiram observar, conhecer e entender melhor sobre 15 das cerca de 40 espécies de pássaros nativas da ilha, incluindo o tiê-sangue (Ramphocelus bresilia), o papagaio da cara roxa (Amazona brasiliensis), a talha-mar (Rynchops niger), o biguá (Nannopterum brasilianum) e o pica-pau-rei (Campephilus robustus), entre outros.
A ação, organizada pelo Instituto Água e Terra (IAT), foi a primeira do projeto Passarinhar Paraná no Litoral durante a temporada do Verão Maior Paraná. Estão previstos ainda mais dois passeios educacionais do mesmo modelo na região: no dia 26/1, no Parque Estadual Rio da Onça, em Matinhos, e no dia 2/2, no Parque Estadual do Palmito, em Paranaguá.
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“Do ponto de vista da educação ambiental, essa atividade desperta um olhar diferente, permite uma observação mais ampla dos elementos da natureza”, destaca a bióloga do projeto Pró-Bio do IAT, Tauane Ingrid Ribeiro, que acompanhou a atividade e ajudou a tirar dúvidas da comitiva.
Moradora da ilha, a jornalista Brisa Teixeira de Oliveira aproveitou a passagem do projeto para obter mais informações sobre as espécies da região. “Eu frequento a ilha desde que nasci. Sempre ouvi o canto dos pássaros, mas nunca soube identificá-los. Então decidi aproveitar esse evento para poder reconhecer essas espécies do lugar onde eu moro há três anos”, diz.
Durante o passeio, para animar a atividade, aconteceu um quiz sobre as aves. Quem identificou os pássaros com mais agilidade foi o estudante Marco Gomes Ribeiro, de apenas 10 anos. Ele veio de Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina, para visitar a Ilha do Mel acompanhado da mãe, da avó e do irmão de oito anos. Saiu encantado com a paisagem e ainda descobriu um novo interesse durante a expedição.
“Nas trilhas que fizemos antes, eu nunca tinha parado para prestar atenção nos pássaros, mas agora eu vejo que é um assunto muito interessante. Além de poder ver as aves, você pode conhecer melhor e assim ajudar a preservar o meio ambiente”, afirma.
Além de educativa, a prática da observação de pássaros acaba por ser também terapêutica, como aponta o guia voluntário da atividade, o biólogo e ornitólogo Tiago Machado de Souza, pós-doutor em Ecologia e Conservação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). “A observação de aves aguça todos os sentidos e proporciona uma harmonia com a natureza. É uma terapia, é algo que acalma muito e ajuda a desacelerar, além de ser um hobby que possibilita a conexão com outras pessoas e com o meio ambiente”, explica.
Passarinhar
O Passarinhar Paraná está vinculado ao projeto Parques Paraná, coordenado pela diretoria de Patrimônio Natural do IAT, e busca o fomento do uso público e do turismo nas Unidades de Conservação (UCs) do Estado, com foco no desenvolvimento socioeconômico e ecoturismo consciente.
A observação de aves ou birdwatching é uma modalidade de turismo recente no Brasil, que estimula e instiga as pessoas que gostam de observá-las. Segundo o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO), já foram registradas 1.971 espécies de aves no Brasil. Dessas, 766 podem ser vistas no Paraná, algumas ameaçadas de extinção.
Em 2023, o IAT lançou o guia Unidades de Conservação Estaduais e Aves para Observar no Paraná. O e-book contém 66 páginas que contam quais as espécies podem ser encontradas em cada Unidade de Conservação, promovendo a conscientização da conservação das áreas naturais e dos animais que nela habitam.
(Por AEN)